Publicada em 19/11/2025 às 10h10
Porto Velho, RO — A sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS desta terça-feira (18), em Brasília, registrou um episódio que desviou o foco das investigações e provocou risadas discretas entre os parlamentares. Durante a oitiva do empresário João Carlos Camargo Júnior e da advogada Cecília Rodrigues Mota, investigados por suposto envolvimento em desvios de aposentadorias da Previdência Social, o deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO) pediu a palavra e solicitou autorização para tocar uma música que, segundo ele, havia recebido como homenagem.
“Eu gostaria de pedir autorização de V. Exa. para colocar um minuto aqui do que enviaram e me emocionou. Esqueçam o nome Coronel Chrisóstomo. Não é carnaval, não é nada. É uma música que os senhores vão prestar atenção”, afirmou antes de acionar o áudio. O ambiente ficou visivelmente constrangido. Em seguida, o relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar (Bloco/UNIÃO - AL), reagiu ao episódio e declarou: “Eu só vou pedir, ao pessoal da CPMI, para ninguém copiar”. O comentário foi acompanhado de risos, mas feito em tom de desconforto e total constrangimento diante da quebra de protocolo.
VEJA:
O momento ocorreu enquanto a CPMI interrogava João Carlos Camargo Júnior. Em sua fala, Chrisóstomo retomou acusações já presentes nos autos, mencionando que documentos do Coaf, apresentados ao colegiado em 28 de outubro, apontaram o empresário como suspeito de ter recebido cerca de R$ 24 milhões em recursos desviados. O parlamentar insistiu em perguntas diretas sobre supostos roubos a aposentados e pensionistas, mas o depoente permaneceu em silêncio, amparado por habeas corpus. Em determinado momento, o deputado afirmou: “Brasil, ele não vai falar, ele vai ficar calado, mas é suspeito de roubar o povo, os nossos doentes, os aposentados, os pensionistas”.
ACESSE:
Petista chama Chrisóstomo de “sargento Pincel” ao acusar deputado de espalhar mentiras na internet
Durante a intervenção, Chrisóstomo também relatou conversas com moradores de diferentes municípios de Rondônia e citou o caso de uma aposentada de São Francisco do Guaporé, identificada como Sílvia, que teria sido descontada em R$ 183 e R$ 134 em consignados. Ele comentou ainda sobre viagens recentes pelo estado e relatou manifestações de moradores a respeito da CPI. Quando instado pelo presidente a concluir, retomou o motivo do áudio: “O autor fez, por si só, uma música para falar da CPI e do trabalho de todos nós aqui. Eu me emocionei, e isso serve para cada um de vocês”.
O episódio desta terça-feira soma-se a outros momentos de grande exposição protagonizados pelo deputado em comissões que investigam fraudes previdenciárias. Em 16 de outubro, Chrisóstomo tentou interromper os trabalhos da CPI do INSS para cantar parabéns ao senador Magno Malta (PL-ES), que fazia aniversário, mas foi imediatamente barrado pela direção da mesa.
CONFIRA:
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O vídeo viralizou e acumulou milhares de interações após ser publicado pela Folha de S.Paulo. No final de setembro, em outra sessão da CPMI, Paulo Pimenta (PT-RS) acusou Chrisóstomo de espalhar mentiras contra colegas e o chamou de “Sargento Pincel”, referência ao personagem do programa Os Trapalhões. No mesmo ato, Chrisóstomo respondeu que não havia atacado nenhum parlamentar nominalmente e afirmou: “Meu respeito a todos os parlamentares continua, mas eu não poderia deixar de mostrar quem se recusou a enfrentar os que roubam nossos velhinhos e velhinhas”.
RELEMBRE:
Metrópoles: família de Coronel Chrisóstomo recebeu mais de R$ 2 milhões em salários em seu mandato
O parlamentar também tem enfrentado um período de desgaste político fora do plenário. Nas últimas semanas, foi alvo de reportagem do portal Metrópoles que revelou a nomeação de sua companheira e de parentes próximos para cargos em seu gabinete. Segundo o levantamento citado pelo veículo, os salários pagos ao núcleo familiar superaram R$ 2 milhões durante o mandato. Após a repercussão da matéria, ele informou que os servidores haviam sido exonerados.
A reunião da última terça-feira foi a 26ª sessão da CPMI em 2025. A comissão segue analisando documentos enviados pelo Coaf e ouvindo investigados no âmbito das apurações sobre desvios de aposentadorias e pensionistas do INSS.



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