Publicada em 29/11/2025 às 10h23
PORTO VELHO (RO) - Conforme as Eleições Gerais de 2026 vão se aproximando (pouco mais de onze meses), quando serão reeleitos e eleitos presidente da República, governadores e respectivos vices; duas das três vagas de cada Estado e Distrito Federal ao Senado, além da Câmara Federal e Assembleias Legislativas. Não teremos eleições para prefeito, vice e vereador, realizadas em 2024, cujos vencedores foram empossados em janeiro deste ano.
As articulações para escolha do futuro governador e do vice predominam entre dirigentes partidários e lideranças regionais em Rondônia. Dentre os pretendentes a governar Rondônia a partir de 2027 está o prefeito reeleito de Cacoal, Adailton Fúria (PSD), que conseguiu um novo mandato em 2024, somando mais de 83% dos votos válidos. Foi uma reeleição tranquila, que fomentou uma candidatura à sucessão estadual, pois Fúria administra, pela segunda vez seguida, um dos municípios econômica, política e socialmente mais importantes do Estado, o quinto maior colégio eleitoral de Rondônia, com mais de 69 mil eleitores (5,45%) em condições de votar em 2024, segundo dados do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), atualizados em fevereiro deste ano.
Desde a reeleição a prefeito, em outubro de 2024, Fúria e seu grupo vêm trabalhando uma pré-candidatura a governador para 2026, com enormes chances de sucesso, desde que consiga um bom vice na capital, maior colégio eleitoral de Rondônia, com mais de 362 mil eleitores. Fúria desponta como um dos nomes expressivos na disputa pela sucessão estadual.
A recente denúncia de supostas irregularidades praticadas junto à Caixa Econômica Federal (CEF), que se tornaram públicas, sobre a liberação de empréstimos a servidores públicos do município de Cacoal, na primeira gestão de Fúria, no ano de 2022, utilizando o Serviço Autárquico de Água e Esgoto (SAAE), pode ser a “pedra” no caminho do prefeito e de seu grupo político na disputa pela sucessão estadual. É um entrave, dos mais pesados, no caminho do seu projeto político futuro.
Em 2022, como foi divulgado pela mídia regional recentemente, foram realizados empréstimos em nomes de servidores comissionados, não efetivos, do SAAE. O vereador de Porto Velho, Thiago Tezzari (PSDB), afastado do cargo temporariamente em razão de investigações de denúncias relacionadas à prática de irregularidades conhecidas como “rachadinhas”, envolvendo salários de servidores do gabinete, era o titular, na época, do SAAE em Cacoal.
Devido às denúncias de empréstimos consignados irregulares na autarquia, o advogado e então vereador de Cacoal, Paulo Henrique da Silva (PTB), comandou uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para apurar as acusações, que eram públicas. No encerramento dos trabalhos, ele ocupou a tribuna da Casa para anunciar a comprovação dos empréstimos pela Caixa a servidores comissionados, e não aos efetivos; que os pagamentos não foram cumpridos; que ocorreram operações inclusive em outras agências da CEF em outros municípios; que não recebeu respostas da Corregedoria do município, apesar de inúmeros ofícios; que, em muitos casos, foram apresentados documentos falsos; e que o relatório seria entregue à Polícia Federal (PF), como de fato foi, pois a Caixa é um estabelecimento público federal.
Nesta semana, a PF realizou a operação “Espelho de Papel” relativa a crimes de estelionato, falsificação de documentos públicos, associação criminosa e lavagem de capitais envolvendo o SAAE de Cacoal e a Caixa. A PF investiga irregularidades praticadas em contratos assinados entre setembro e novembro de 2022, envolvendo servidores “fantasmas”, devido à apresentação de documentos falsos. A estimativa da prática criminosa é de cerca de R$ 1,2 milhão.
A PF cumpriu, na “Espelho de Papel”, 20 mandados de busca e apreensão em Porto Velho, Cacoal, Vilhena e Sorocaba (SP), e determinou o sequestro de bens no valor de R$ 1.291.644,71, atendendo ordem judicial.
Não há dúvidas de que as irregularidades no SAAE de Cacoal terão reflexos negativos na administração municipal e nos planos políticos futuros do prefeito Fúria e de seu grupo para as eleições de 2026. Certamente o assunto será abordado efusivamente pelos adversários na campanha eleitoral, sendo Fúria candidato ou não, resultando em inúmeros prejuízos políticos para o grupo, composto por ele e outras lideranças, não somente em Cacoal, mas em todo o Estado. E também à conclusão do trabalho da PF.



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