Publicada em 20/11/2025 às 10h05
Porto Velho, RO — O vídeo da deputada estadual Dra. Taíssa Sousa, do Podemos, publicado nas redes sociais na terça-feira, 18, inaugurou oficialmente a temporada pré-eleitoral do “cosplay de humildade” em Rondônia. No registro, ela descreve que, diante da chuva intensa no primeiro dia do Duelo da Fronteira, em Guajará-Mirim, “acabou que eu e o senador Marcos Rogério fomos ajudar a secar a arena. A gente faz o que precisa pra festa acontecer, sem duelo a gente não ia ficar”. Em suma, Marcos Rogério, senador do PL, empunhando um rodo imponente para conter a água no chão, enquanto a parlamentar registra tudo para o público.
A aparente naturalidade do gesto contrasta com a trajetória recente do congressista, conhecida pela altivez que marcou sua campanha ao governo de Rondônia em 2022. À época, chegando fortalecido pela projeção nacional obtida na CPI da COVID-19 e acostumado ao tratamento de “pão de ló” conferido pela imprensa bolsonarista, o senador estreou no pleito com uma autoconfiança que, depois, ele próprio admitiu ter saído do controle. Chegou “ancho”, e perdeu no primeiro e no segundo turno para o governador reeleito Coronel Marcos Rocha, do União Brasil.
A confissão pública veio dois anos depois. Em 25 de março de 2025, no podcast Resenha Política, Marcos Rogério revisitou a disputa e foi direto ao ponto: “Faltou maturidade, traquejo político, habilidade. Eu errei”. A declaração, registrada no programa apresentado por Robson Oliveira, marcou uma inflexão no discurso do senador. Ele detalhou que não buscou alianças fundamentais, deixou de fazer gestos simples de articulação e confiou excessivamente na projeção proporcionada pelo apoio de Jair Bolsonaro — apoio que, segundo ele, nunca veio de forma oficial no primeiro turno e, no segundo, acabou pendendo para o adversário.
No mesmo podcast, o parlamentar revisitou temas como STF, aborto, BR-364, segurança pública e saúde. Admitiu erros estratégicos, criticou o modelo de concessão da rodovia federal, afirmou que o PL terá candidatura própria ao governo em 2026 e reconheceu deficiências na gestão da saúde e da força policial. Em todos esses pontos, o senador buscou apresentar-se como alguém disposto a reformular o próprio percurso político.
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É nesse sentido que o episódio em Guajará-Mirim ganha contornos simbólicos. Assim como o senador Confúcio Moura — que recentemente virou protagonista do que foi chamado pelo Rondônia Dinâmica de “humilde de Taubaté” —, Marcos Rogério parece experimentar uma guinada estética e comportamental. O gesto de secar a arena não é apenas de adorno popular; é performático, direcionado a um eleitorado que ainda não incorporou plenamente a imagem de vaidade que o marcou no ciclo eleitoral anterior.
No “teatro da humildade”, cada gesto se converte em capital simbólico. A presença de Dra. Taíssa na gravação reforça esse enquadramento: ela funciona como mestre de cerimônias, narrando a cena em tom descontraído e validando a imagem de um senador que “faz o que precisa” pela festa.
Com as eleições de 2026 se aproximando e o PL decidido a lançar candidatura própria — “O PL terá candidatura própria a governador do estado de Rondônia. Isso é fato”, declarou ele no podcast à ocasião —, a cena do rodo funciona como prólogo dessa nova fase. Uma fase em que figuras públicas garbosas, acostumadas à retórica empolada e às câmeras posicionadas para enaltecer, tentam aproximar-se do chão literal e figurado.
Para além da água acumulada na arena, Marcos Rogério tenta, agora, escoar a imagem excessivamente vaidosa. Nas palavras dele, “faltou maturidade”. O rodo pode não resolver os problemas estruturais da política rondoniense, mas revela um senador empenhado em reescrever a própria biografia — ainda que, para isso, precise entrar em cena calçando as simbólicas “Sandálias da Humildade”.
Comentários
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Robson Barbosa 20/11/2025 - 13:19Chegando a campanha 2026, agora ele quer mostrar que e humilde para o povo rondoniense, mas não engana ninguém!!!



Grande Senador Marcos Rogerio, como todo ser humano esta em processo de desenvolvimento, crescimento. E um grande politico e sendo de Direita temos muito respeito a postura nas pautas conservadoras. Ha de destacar "vai vendo Rondonia" como senador, como governador ao lado Fernando Maximo quem ganha Rondonia