Publicada em 27/11/2025 às 09h32
PORTO VELHO (RO) - Em entrevista ao podcast Resenha Política, apresentado por Robson Oliveira, em parceria exclusiva com o Rondônia Dinâmica, o prefeito de Cacoal, Adaílton Fúria (PSD), utilizou o espaço para se apresentar como pré-candidato ao governo de Rondônia e expor posições diretas sobre temas sensíveis. Ao longo da conversa, ele contrapôs Executivo e Legislativo, atribuiu à política a origem dos conflitos agrários, defendeu a revisão de leis ambientais, afirmou que o país e o Estado “têm dinheiro” e declarou que, em relação à Rodovia do Boi, “governador que batendo peito fala, eu vou chamar de mentiroso na cara dele”.
Logo na abertura, Fúria justificou a dificuldade de conciliar agenda com o programa, afirmando que a rotina na prefeitura o impede de se afastar da administração municipal. Ao agradecer o convite, ele declarou: “Eu administro o Cacoal não olhando pra política futura, mas olhando pra política presente. Até porque eu vejo aqueles políticos que às vezes abandonam um cargo que já está ocupando, já pensando na política futura”. Em seguida, descreveu a dedicação ao município com uma sequência de afirmações: “O Cacoal tem sido uma grande referência justamente porque eu não tiro férias, eu não durmo, eu não tenho horário pra almoço, tenho horário pra janta. Eu verdadeiramente cuido das ações de Cacoal”.
Apresentado por Robson Oliveira como “provável candidato a governador de Rondônia” e um dos nomes que devem polarizar a disputa com o senador Marcos Rogério, o prefeito confirmou a intenção de disputar o Palácio do Governo. Questionado se é candidato, respondeu: “É possível. Eu sou pré-candidato a governador.” Mais adiante, justificou o uso do termo “provavelmente” por cautela jurídica, mas reforçou: “Mas eu sou pré-candidato a governador.”
Ao tratar da trajetória política, Fúria lembrou que foi vereador, deputado estadual, prefeito e reeleito prefeito. A partir dessa experiência, fez uma distinção explícita entre as funções dos poderes Legislativo e Executivo. Na presença do deputado estadual Cássio, que o acompanhava no estúdio, afirmou: “Por isso que por onde eu passo eu sempre digo, o cabra pra ser hoje um candidato a governo, pra ser um governador de referência pro Brasil, ele tem que passar por uma prefeitura. Porque lá na prefeitura você entende a necessidade do dia-a-dia da população. Você verdadeiramente administra. O Legislativo não administra nada. Desculpa, tá aqui o deputado Cássio me acompanhando aqui, foi vice-prefeito de Cacoal, me desculpa. Mas o Legislativo não administra nada. Eu fui vereador e fui deputado. Eu falo isso com propriedade. Quem administra é prefeito, é governo.”
Ao ser convidado a apontar o que pretende replicar em escala estadual, Fúria centrou a resposta em ações na saúde e na organização orçamentária de Cacoal. Ele relatou que assumiu o município após operação da Polícia Federal que afastou a prefeita e deixou a cidade “três meses sem gestão”, em plena segunda onda da pandemia. Sobre esse cenário, resumiu: “Eu assumi a gestão no momento onde tinha tudo pra dar errado. Primeiro, a cidade tinha acabado de ser alvo de uma operação da Polícia Federal, prefeita afastada. Cidade três meses sem gestão. Assumi no momento a segunda onda da pandemia.”
Ao descrever as mudanças na rede municipal de saúde, o prefeito citou a maternidade e o pronto-socorro infantil. “Nós transformamos aquela unidade. Hoje ela é uma referência para o Brasil. Ela é uma maternidade hoje que a taxa de óbito dela, nós zeramos. Nós zeramos a taxa de óbito. Não morre a não ser por causas naturais”, afirmou, ao falar da maternidade que, segundo ele, estava há mais de 30 anos sem revitalização. Sobre a unidade pediátrica, declarou: “Nós temos o primeiro pronto-socorro infantil UPA pediátrica da região norte do país. Eu construí essa unidade em 2022. […] E ela funciona. Ela atende, por dia, mais de 250 crianças. Não só de Cacoal. Lá eu tenho crianças da Zona da Mata vindo pra unidade. Eu tenho as crianças do Centro do Estado ali, indo pra unidade.”
Instado a explicar de onde vêm os recursos para essas ações, Fúria rebateu a ideia de que a limitação financeira seja o principal obstáculo às políticas públicas. Em resposta direta à observação de que “precisa de grana”, afirmou: “A grana ela aparece, Robson. O Brasil tem dinheiro, o estado de Rondônia tem dinheiro, e boa parte das prefeituras tem dinheiro. Tem dinheiro pra tudo, cara.” Em seguida, relacionou o problema à definição de prioridades: “O que a gente precisa fazer é ter um gestor que tenha habilidade pra resolver e colocar o que é prioridade. A gente tá gastando muito dinheiro naquilo que não é prioridade.”
Quando Robson pediu que detalhasse o que faria na saúde se assumisse o governo, Fúria evitou revelar o plano de forma minuciosa, alegando preocupação estratégica em relação aos adversários. “Mas tu acha que eu vou dizer o que eu faria? Para o meu adversário já pegar a minha fala?”, questionou. Ainda assim, prometeu repetir em âmbito estadual o modelo que diz ter implementado em Cacoal: “Eu vou fazer aquilo que eu fiz em Cacoal. A minha antecessora tinha o mesmo orçamento que eu assumi. O mesmo. Ela só reclamava, dizia que não dava para fazer e dizia que a prefeitura não tinha dinheiro. Eu vou fazer o que eu fiz em Cacoal pelo estado de Rondônia. Mas, lógico, num patamar elevado de orçamento e também elevado de problemas que precisam ser resolvidos.”
Ao apresentar o conjunto de obras e serviços criados na saúde municipal, o prefeito listou, em sequência, unidades e programas: “Eu entrei, criei um pronto-socorro infantil, criei uma UPA, que não tinha, peguei a maternidade, tripliquei o atendimento, transformei a maternidade, criei policlínica, criei o CER, que é o Centro de Reabilitação de Cacoal, criei o Centro do Autista, criei coisa nova, peguei e criei. Não tinha. Transformei o que tinha e criei o que não tinha. Com um orçamento que ela mesma dizia que não tinha condição de fazer.”
Ainda sobre a pandemia, Fúria relatou a montagem de um hospital de campanha, também citando o tempo de execução e o volume de atendimentos: “E abrir um hospital de campanha em 12 dias. Um hospital de campanha com leitos de semi-UTI, com atendimento... A gente atendia 800 pessoas por dia. Durante a pandemia. Com um orçamento que a minha antecessora dizia que não dava pra fazer nada.”
Na área fiscal, o prefeito afirmou que a prefeitura mantém as contas equilibradas e enfatizou o papel do Tribunal de Contas do Estado de Rondônia na fiscalização. “Hoje a minha folha de pagamento de Cacoal é equilibrada. Tô indo para o quinto ano de contas aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado de Rondônia sem ressalvas. O Tribunal de Contas do Estado de Rondônia, Robson, ele tem um sistema hoje que faz uma verificação até dos centavos que é gasto nas prefeituras. Extremamente moderno. As minhas contas estariam, pro quinto ano, aprovadas sem nenhuma ressalva. Você sabe como o Tribunal de Contas é exigente”, declarou.
Mesmo apresentando críticas à forma como políticas públicas são conduzidas, Fúria fez questão de negar envolvimento em casos de corrupção, tanto em relação à própria gestão quanto ao atual chefe do Executivo estadual. Ao comentar uma reunião com o governador, afirmou: “O governador é um cara muito, um cara humanizado, um cara de Deus. Não é um cara corrupto. Ele não é corrupto. E pode ter os problemas administrativos deles, como todos os ex-governadores de Rondônia tiveram. Ele tem os mesmos problemas que todos os outros tiveram.” Quando questionado sobre sua própria administração, reagiu da mesma forma: “Nada, nada. Você pode levar comigo nada, você pode averiguar a minha vida de cima e baixo, de baixo e de cima.”
A entrevista ganhou tom mais tenso quando o assunto passou para os conflitos agrários e ambientais em Rondônia. Ao ser perguntado sobre a forma como pretende lidar com um “cipoal de leis ambientais” e com grandes conflitos agrários envolvendo despejos de famílias, Fúria atribuiu a origem da crise ao próprio poder público: “A política criou o problema. A política criou. O problema que hoje essas famílias estão enfrentando, nessas áreas que foram criadas pelo próprio governo, foi criado o problema pela própria política.”
Ele também manifestou ceticismo em relação à eficácia de audiências públicas que não incluam participação direta do governo estadual no enfrentamento das questões fundiárias. Depois de mencionar reuniões já realizadas, afirmou: “Essas audiências que estão sendo criadas não vão resolver nada. Essas audiências têm que ter participação do governo junto. O governo tem que comprar essa briga junto. Porque foi o próprio governo, eu não tô falando do coronel Marcos Rocha, não. Eu não tô falando do atual governador. Eu tô falando que o próprio governo criou lá atrás. E agora o poder público precisa resolver.”
Ao relatar conversas com famílias atingidas por decisões judiciais de desocupação, o prefeito descreveu a situação em linguagem direta. Primeiro, disse: “Nós estamos com várias famílias aí que têm o seu direito adquirido.” Em seguida, exemplificou a situação com uma comparação em “português rasgado”: “Você ter uma casa, de repente, a prefeitura chega lá, eu vou falar do português rasgado, a prefeitura chega lá e fala assim, ó, nós criamos uma lei agora, Robson, que aqui na sua casa a gente vai criar uma área ambiental, que você tem que sair dela do dia pra noite. Se você não sair, a polícia vai vir te tirar. É isso que tá acontecendo com o estado de Rondônia. Onde a própria política criou.”
Na sequência, Fúria explicou como, em sua avaliação, é possível enfrentar juridicamente o problema e deixou claro que pretende atuar na frente legislativa, caso seja eleito. “A justiça tá cumprindo lei, Robson, que foi criada pela política. […] Mas aí você tem que fazer o quê? Mudar a lei. Você tem que alterar a lei. Você só altera a lei com outra lei. Você não altera a lei com um deputado descendo de avião e batendo papo com os outros. Você não altera a lei chegando lá e gravando pra rede social. Você altera a lei com o quê? Um outro projeto!”, afirmou.
O prefeito reforçou que a solução exigirá ação coordenada entre bancadas e governo estadual: “A bancada federal tá aí tentando resolver, mas se não tiver a união da bancada federal junto com a Assembleia Legislativa e junto com o governo do estado de Rondônia, encabeçando tudo isso, esse problema não vai ser resolvido. Vai ser postergado, mas resolvido não.” E assumiu compromisso público, caso venha a assumir o governo: “Se cair, eu vou resolver, Robson. Se cair, eu vou resolver. Você pode gravar o que eu tô dizendo aqui pra você hoje. Que isso aí é você fazer justiça com o estado de Rondônia.”
Ainda no tema, questionou a criação de reservas em áreas produtivas já consolidadas: “As áreas já estão derrubadas, já são áreas produtivas. Mas você vai criar uma reserva em uma área que já tá tendo produção, que já foi derrubada, que o produtor tá lá há 30, 40 anos. O que justifica você criar uma reserva ali? Pra quê?”, perguntou. Para ele, enquanto a legislação não for alterada, haverá apenas adiamento das decisões judiciais: “Você vai fazer audiência, você vai fazer política, você vai sentar lá e vai chorar junto com o produtor, você vai lá comer um franguinho na casa do produtor, você vai dar despesa pra ele, mas não vai resolver o problema. Você vai postergar o problema.”
Mais adiante, a entrevista avançou para outro ponto estrutural: logística e infraestrutura rodoviária, em especial a Rodovia do Boi, que liga o Cone Sul ao centro do Estado e à região de Porto Velho. A partir de observações de um líder empresarial, citadas por Robson, sobre a necessidade de duplicação de rodovias e ampliação de pontes, Fúria avaliou que a obra é fundamental para o futuro do escoamento da produção. “Essa via que interliga, que é a Rodovia do Boi, que sai lá do Cone Sul, corta o centro do estado, pra sair aqui na região de Porto Velho, é extremamente importante”, disse.
Ele reconheceu o peso financeiro da obra e indicou que a conclusão deve ser compartilhada por diferentes gestões: “É uma obra grandiosa. É uma marca importante. Cada gestor do Estado vai ter que fazer um pedaço dela.” Ao tratar de promessas eleitorais sobre o tema, fez uma afirmação direta sobre candidatos que se comprometerem a entregar a rodovia integralmente em um único mandato: “Governador que batendo peito fala, eu vou chamar de mentiroso na cara dele. Até porque o orçamento tá aí, o orçamento é bem claro que não vai conseguir fazer.”
Fúria também cobrou participação da bancada federal, especialmente dos senadores, no financiamento da Rodovia do Boi e de outras obras de logística: “Agora, nós temos aí os senadores de Rondônia. Cadê os recursos dos senadores, Rodovia do Boi? Cadê? Senador tem recurso demais. Então, assim, são ações importantes que o Estado sozinho só consegue fazer se o Estado financiar. Se o Estado financiar aquela obra, consegue fazer. Através de uma linha de crédito bem planejada, dividida em vários lotes, não adianta fazer uma licitação só não, porque uma obra desse tamanho não pode ser feita só por uma única empresa, ela tem que ser dividida, fracionada em lotes, aí você consegue fazer essa rodovia, que é extremamente importante, que o governador já deu o pontapé inicial.”
Depois de discorrer sobre saúde, conflitos agrários, orçamento e logística, o prefeito comentou ainda a reforma tributária e possíveis incentivos para setores específicos, com foco na agricultura e na indústria de transformação. Ao explicar a necessidade de compensar renúncias fiscais, resumiu: “Por isso depois da receita criada, pra você tirar ela, você tem que dizer de onde vai ser a compensação. Isso é natural que os órgãos de controle, eles fazem esse mapeamento. Agora, lógico, a gente tem alguns setores que precisam ter um incentivo do ICMS. Tem que ter o incentivo. Então, automaticamente, o governo vai ter que criar isso. Vão ter que criar uma tabela de alguns setores pra expandir.”
Na sequência, a entrevista migrou para o campo político-eleitoral e para o debate geracional. Ao responder a críticas de que seria “muito jovem” para governar o Estado, Fúria contrapôs a presença de políticos mais velhos no sistema prisional. “Todos os velhos políticos que você mencionou aí já foram políticos atrás. Eles começaram jovens”, afirmou, antes de cravar: “Começaram no tempo deles. Agora é o meu tempo. Por que o estado de Rondônia não pode ser governado por um jovem de 40 anos?” Em seguida, conectou idade e ética: “Idade cronológica, Robson, não define caráter de ninguém. […] Você vê a cadeia cheia de políticos da cabeça branca. Tá aí, tá aí no Brasil todo. Idade cronológica não define capacidade e nem caráter de ninguém.”
Fúria também associou a experiência de prefeito ao perfil que considera adequado para o cargo de governador, listando exemplos de ex-governadores que vieram do interior e da administração municipal. Ao falar sobre isso, destacou: “Você entendeu por quê? Porque é quem já teve a experiência de uma prefeitura, de uma administração pública, que é totalmente diferente. Como eu te falei, o Legislativo é uma coisa.”
Ao comentar as articulações para a eleição, o prefeito afirmou que mantém diálogo com diferentes grupos políticos e reconheceu que já conversou inclusive com o principal adversário. “Eu tô conversando com todo mundo que não tá com o meu concorrente”, disse. Em seguida, ampliou: “Conversei com o meu concorrente.” E definiu a falta de entendimento com uma metáfora: “Não deu liga, não deu conexão. É que nem o Wi-Fi. O Wi-Fi dele não deu conexão. Mas a gente não sabe o futuro. O futuro a Deus pertence. Mas eu converso com todo mundo.”
Sobre a relação com o governador, reforçou a importância do diálogo com diferentes poderes e setores, incluindo a imprensa: “Se você quer governar o estado de Rondônia, você precisa dialogar com todo mundo, cara. Você não governa um estado como esse sem conversar com as figuras políticas do estado, com as figuras do Judiciário, com as figuras da imprensa, que tem um papel fundamental no estado de Rondônia. Então você tem que conversar com todo mundo. Você tem que ter um bom trânsito com todo mundo.”
No terço final da conversa, o foco mudou para redes sociais, trajetória pessoal e história de vida. Ao ser provocado sobre a imagem do prefeito de Porto Velho como “prefeito TikTok”, Fúria disse que vê nas plataformas digitais um instrumento central da comunicação política contemporânea: “Não, ele não é o prefeito Tik Tok, ele é o prefeito que se comunica. É porque hoje existe uma linguagem diferente de comunicação. Antigamente os governadores e os prefeitos se comunicavam como? Através do rádio e da TV. E no aperto de mão. Hoje os governadores, prefeitos novos, dessa nova safra de política, eles estão se comunicando através das redes sociais, que inclusive virou uma ferramenta importante para o eleitor. O eleitor tem como saber o perfil de cada político acompanhando a rede social dele.”
Ao se apresentar para eleitores da capital e de outras regiões que ainda não conhecem sua história, Fúria contou que morou em Porto Velho na adolescência, vindo do interior com a mãe, e que trabalhou vendendo cupuaçu de bicicleta. Ele relatou: “Adailton Fúria Prefeito no Instagram, vocês vão conhecer um menino que já morou na capital do estado, eu já fui morador daqui, já vendi muito cupuaçu de bicicleta em Porto Velho, sofri demais nesse lugar. Eu cheguei aqui em 1997. Fui morar de favor na casa do meu avô. Vim com a minha mãe pra cá. O meu avô tinha uma produção de cupuaçu. Eu passava o dia todinho, Robson, cortando cupuaçu de tesoura em final de semana e embalava e tirava dois dias da semana, montava na bicicleta e ia vender esses cupuaçu aqui na região do Cai N’Água, essa região todinha. Eu saía lá do Jardim Eldorado, da Rua 1. Eu morava na Rua 1 do Jardim Eldorado. Estudava na escola Tancredo Neves, no Caladinho. E eu batia de bicicleta, vinha aqui pro centro. Eu tinha uns 11 anos.”
Em outro trecho, relatou o início da vida de trabalho em Cacoal, vendendo picolés após pedir emprego em uma sorveteria: “Eu cheguei um dia, Robson, eu tinha 9 anos, numa sorveteria chamada Cremol, em Cacoal, e pedi uma oportunidade. Um homem olhou pra mim e falou, mas você é muito pequeno pra empurrar esse carrinho. Eu não vou encher, senão você vai derrubar esse carrinho no meio da rua. Aí ele colocou só aquela parte debaixo do freezer de picolé e eu saí. Com menos de uma hora eu voltei com o carrinho vazio. Ele falou, você pode encher que eu vou vender tudo. […] E eu entrei dentro do ônibus e vendi meus picolé, tudo. Enquanto os outros ficavam lá na janela. Então tem coisa, meu amigo, que vem de berço.”
Encerrando a entrevista, Fúria ligou sua trajetória pessoal à forma como pretende se comunicar com o eleitorado estadual, reforçando a confiança na própria capacidade de persuasão: “Se me der dois minutos, vou conquistar o eleitor do estado de Rondônia.” Em seguida, convidou o público a acompanhá-lo nas plataformas digitais: “Por isso que eu pedi pro pessoal me acompanhar. Adailton Fúria Prefeito no Instagram vai acompanhar um pouco do meu trabalho e do meu perfil como gestor municipal.”
10 frases de Adaílton Fúria durante o Resenha Política
01) “O Legislativo não administra nada. Desculpa, tá aqui o deputado Cássio me acompanhando aqui, foi vice-prefeito de Cacoal, me desculpa. Mas o Legislativo não administra nada. Eu fui vereador e fui deputado. Eu falo isso com propriedade. Quem administra é prefeito, é governo.”
Ao defender que a experiência em prefeitura é requisito para governar o Estado, Fúria contrapôs a atuação legislativa à gestão executiva, enfatizando que a administração real, segundo ele, está nas mãos de prefeitos e governadores, mesmo diante de um deputado presente no estúdio.
02) “A grana ela aparece, Robson. O Brasil tem dinheiro, o estado de Rondônia tem dinheiro, e boa parte das prefeituras tem dinheiro. Tem dinheiro pra tudo, cara.”
Em resposta à observação de que “precisa de grana” para fazer saúde, o prefeito atribuiu o principal problema à gestão e à priorização de gastos, afirmando que recursos existem, tanto no plano federal quanto estadual e municipal.
03) “Eu vou fazer aquilo que eu fiz em Cacoal. A minha antecessora tinha o mesmo orçamento que eu assumi. O mesmo. Ela só reclamava, dizia que não dava para fazer e dizia que a prefeitura não tinha dinheiro. Eu vou fazer o que eu fiz em Cacoal pelo estado de Rondônia.”
Ao ser questionado sobre o que faria na saúde se assumisse o governo, Fúria evitou detalhar um plano específico, mas prometeu replicar em âmbito estadual o modelo que diz ter aplicado em Cacoal, comparando sua gestão à da antecessora.
04) “A política criou o problema. A política criou. O problema que hoje essas famílias estão enfrentando, nessas áreas que foram criadas pelo próprio governo, foi criado o problema pela própria política.”
Ao abordar os conflitos agrários e ambientais em Rondônia, o prefeito atribuiu diretamente à atuação de governos anteriores a situação das famílias em áreas hoje alvo de decisões judiciais de despejo.
05) “A justiça tá cumprindo lei, Robson, que foi criada pela política. […] Mas aí você tem que fazer o quê? Mudar a lei. Você tem que alterar a lei. Você só altera a lei com outra lei. Você não altera a lei com um deputado descendo de avião e batendo papo com os outros. Você não altera a lei chegando lá e gravando pra rede social. Você altera a lei com o quê? Um outro projeto!”
Discutindo saídas para os conflitos fundiários, Fúria sustentou que a solução passa por alteração legislativa, não apenas por ações pontuais, visitas ou mobilização em redes sociais, e defendeu a necessidade de um novo projeto de lei para reconfigurar reservas e áreas de preservação.
06) “As áreas já estão derrubadas, já são áreas produtivas. Mas você vai criar uma reserva em uma área que já tá tendo produção, que já foi derrubada, que o produtor tá lá há 30, 40 anos. O que justifica você criar uma reserva ali? Pra quê?”
Ainda no tema ambiental, o prefeito criticou a criação de novas reservas sobre áreas que, segundo ele, já são produtivas há décadas, colocando em questão a lógica de decisões que obrigam produtores a deixar propriedades consolidada.
07) “Se cair, eu vou resolver, Robson. Se cair, eu vou resolver. Você pode gravar o que eu tô dizendo aqui pra você hoje. Que isso aí é você fazer justiça com o estado de Rondônia.”
Ao ser perguntado se estaria preparado para lidar, como governador, com os conflitos agrários que hoje recaem sobre o Estado, Fúria assumiu publicamente o compromisso de enfrentar o problema por meio de alterações legislativas, caso venha a assumir o cargo.
08) “Governador que batendo peito fala, eu vou chamar de mentiroso na cara dele. Até porque o orçamento tá aí, o orçamento é bem claro que não vai conseguir fazer.”
Ao comentar a Rodovia do Boi, o prefeito afirmou que nenhum governador conseguirá concluir sozinho a obra, em razão da dimensão e do custo, e prometeu confrontar discursos que prometam a entrega integral da rodovia em um único mandato.
09) “Não deu liga, não deu conexão. É que nem o Wi-Fi. O Wi-Fi dele não deu conexão.”
Ao falar de sua conversa com o concorrente direto, senador Marcos Rogério, Fúria ironizou dizendo que não houve sintonia política nem possibilidade de aliança, reforçando a polarização entre os dois.
10) “O governador é um cara muito, um cara humanizado, um cara de Deus. Não é um cara corrupto. Ele não é corrupto. […] Ele tem os mesmos problemas que todos os outros tiveram.”
Ao comentar Marcos Rocha, Fúria fez elogios pessoais contundentes, afastou qualquer suspeita de corrupção, mas adicionou uma ressalva ao afirmar que o governador enfrenta problemas administrativos — assim como os demais que passaram pelo cargo.



Comentários
Seja o primeiro a comentar!