Publicada em 25/11/2025 às 15h27
Porto Velho, RO — Na última segunda-feira, 24, o deputado federal Kim Kataguiri, do União Brasil de São Paulo, publicou em seu Instagram uma gravação em que aparece rindo do episódio protagonizado por Coronel Chrisóstomo (PL-RO) na CPMI do INSS. O vídeo, registrado na quinta-feira, 19, mostra o parlamentar de Rondônia tocando no celular uma música criada por inteligência artificial em sua própria homenagem, durante uma sessão que investigava suspeitas de desvio milionário na Previdência Social. Ao divulgar o material, Kataguiri escreveu: “Eu trabalho num manicômio”.
O trecho utilizado pelo deputado paulista corresponde ao momento em que Chrisóstomo interrompeu a oitiva de João Carlos Camargo Júnior e da advogada Cecília Rodrigues Mota. Na ocasião, ele solicitou autorização para reproduzir o áudio. “Eu gostaria de pedir autorização de V. Exa. para colocar um minuto aqui do que enviaram e me emocionou. Esqueçam o nome Coronel Chrisóstomo. Não é carnaval, não é nada. É uma música que os senhores vão prestar atenção”, declarou antes de tocar a música.
A cena provocou constrangimento imediato no plenário. O relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (Bloco/UNIÃO-AL), reagiu dizendo: “Eu só vou pedir, ao pessoal da CPMI, para ninguém copiar”. O comentário foi seguido de risos discretos. No registro divulgado por Kataguiri, ele aparece ao fundo, rindo da situação.
O episódio ocorreu enquanto Chrisóstomo fazia questionamentos relacionados a documentos encaminhados pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Segundo o parlamentar, os registros apontariam movimentações suspeitas que envolveriam cerca de R$ 24 milhões atribuídos ao depoente. O deputado insistiu em perguntas sobre supostos desvios que atingiriam aposentados e pensionistas, mas o investigado permaneceu em silêncio sob habeas corpus. Durante a fala, Chrisóstomo afirmou: “Brasil, ele não vai falar, ele vai ficar calado, mas é suspeito de roubar o povo, os nossos doentes, os aposentados, os pensionistas”.
Ele também mencionou relatos que disse ter recebido de moradores de diferentes municípios de Rondônia, incluindo o caso de uma aposentada de São Francisco do Guaporé, identificada como Sílvia, que teria tido descontos de R$ 183 e R$ 134 em consignados. Chrisóstomo citou ainda viagens recentes pelo estado e manifestações de populares sobre os trabalhos da CPI. Ao concluir, retomou o motivo da música: “O autor fez, por si só, uma música para falar da CPI e do trabalho de todos nós aqui. Eu me emocionei, e isso serve para cada um de vocês”.
O caso se soma a outros episódios ocorridos nas comissões que investigam irregularidades previdenciárias. Em 16 de outubro, Chrisóstomo tentou interromper os trabalhos da CPI do INSS para cantar parabéns ao senador Magno Malta (PL-ES), mas foi impedido pela direção. O vídeo viralizou após ser publicado pela imprensa. No fim de setembro, Paulo Pimenta (PT-RS) acusou Chrisóstomo de espalhar informações falsas e o chamou de “Sargento Pincel”. O parlamentar respondeu: “Meu respeito a todos os parlamentares continua, mas eu não poderia deixar de mostrar quem se recusou a enfrentar os que roubam nossos velhinhos e velhinhas”.
Fora do plenário, o deputado também enfrentou desgaste político após reportagem do portal Metrópoles noticiar a nomeação de sua companheira e de familiares para cargos em seu gabinete. O levantamento citado pelo veículo indicou que os salários pagos ao núcleo familiar superaram R$ 2 milhões durante o mandato. Ele informou posteriormente que os servidores haviam sido exonerados.
A postagem feita por Kataguiri reacendeu o episódio registrado cinco dias antes e circulou amplamente entre seus quase dois milhões de seguidores. O vídeo destaca a cena em que ele aparece rindo atrás de Chrisóstomo durante a sessão, sem repetir a expressão utilizada na legenda.
Em outra ocasião, os dois parlamentares já haviam surgido juntos nas redes.
Em agosto de 2023, durante a CPI do MST, Chrisóstomo e Kataguiri gravaram um vídeo lado a lado. O paulista, membro do Movimento Brasil Livre (MBL), já havia feito críticas públicas a Jair Bolsonaro e, em 2020, declarou no plenário: “Vagabundo, corrupto e quadrilheiro. Se tiver coragem, me processa”. Posteriormente, ambos apareceram alinhados em críticas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.



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