Publicada em 26/11/2025 às 15h58
Durante participação no Encontro com Patrícia Poeta, nesta quarta-feira (26), o ator Mouhamed Harfouch, de 48 anos, abriu um capítulo sensível de sua trajetória: os traumas que enfrentou desde a infância por causa do próprio nome e da xenofobia que sofreu ao longo da vida.
O artista explicou que seu nome sempre foi motivo de desconforto e vergonha durante a juventude. “Meu nome sempre foi um ponto na minha vida, sempre foi uma questão. É um nome muito difícil; quando eu era criança, apresentar-me era extremamente complicado. Eu sofria muito bullying na escola, era um verdadeiro terror nas chamadas de turma, na portaria ou ao falar meu nome para alguém”, contou.
Harfouch destacou que evitava se apresentar em alguns lugares justamente para não passar por novas situações constrangedoras. Por ser um nome incomum no Brasil, disse que se sentia estigmatizado e tratado como alguém que não pertencia ao ambiente ao redor. “Meu nome me individualizava de uma maneira que me fazia sentir como um estrangeiro. E tudo o que uma criança quer é ser aceita, acolhida. Isso me causou um impacto profundo desde cedo.”
Ele relembrou que acumulava diferentes nomes — Radamés, Mouhamed e outras variações — que acabavam se tornando motivo de brincadeira entre colegas, aumentando a sensação de isolamento. Segundo o ator, sua vontade era não ser associado a nacionalidade alguma, mas apenas ser visto como mais um entre os demais.
Ao final, ressaltou que encontrou no teatro um importante instrumento de cura. “O quanto eu carregava um preconceito que não era meu, e tudo o que eu queria era ser mais um… Isso me marcou por um tempo, e devo ao teatro grande parte da superação desse sentimento.”



Comentários
Seja o primeiro a comentar!