Publicada em 21/08/2025 às 10h10
Porto Velho, RO – O vereador Antonio Marcos Mourão Figueiredo, conhecido politicamente como Marcos Combate (AGIR), fez duras críticas ao prefeito de Porto Velho, Léo Moraes (Podemos), em entrevista ao Podcast Resenha Política, apresentado por Robson Oliveira em parceria exclusiva com o Rondônia Dinâmica. O parlamentar se apresentou como opositor independente, embora reconheça que hoje apenas ele e o vereador Santana se posicionam contra a base governista, composta por 21 dos 23 vereadores da capital.
Combate destacou que barrou uma proposta do Executivo que previa o aumento da Contribuição para Custeio da Iluminação Pública (COSIP). Segundo ele, o projeto previa reajustes automáticos anuais. “Era o aumento da taxa da COSIP, aquela taxa de iluminação pública que todo porto-velhense paga, inclusive as áreas rurais. Graças à minha atuação, esse projeto não passou”, declarou. O vereador argumentou que a cobrança afetaria diretamente famílias de baixa renda. “Às vezes é cinco reais, seis reais, que fazem muita diferença no bolso de quem ganha um salário mínimo e tem vários filhos”, disse.
Outro ponto levantado foram denúncias sobre contratos da prefeitura. Combate citou empresas como a Platô Engenharia, com contrato de R$ 36 milhões, e o Eixo Norte, de R$ 62 milhões, que, segundo ele, foram anulados após suas denúncias. Ambos estariam sob investigação da 6ª Promotoria do Ministério Público. O parlamentar também criticou a atuação da empresa MB, responsável pela limpeza urbana. “O prefeito é garoto propaganda da MB. Ele sobe em cima de trator para dizer que está limpando a cidade, mas eu recebo reclamações todos os dias”, afirmou, acrescentando que em breve apresentará novos questionamentos sobre o contrato.
Embora reconheça que Léo Moraes mantém apoio popular, Combate classificou o prefeito como populista. Segundo ele, muitos projetos anunciados não saem do papel. “A atividade delegada foi aprovada no início do ano, mas até hoje não saiu do papel. O prefeito lança factóides, persuade a população, mas a prática não acontece”, declarou.
Questionado sobre atritos em postos de saúde, o vereador negou ter se envolvido em conflitos com servidores. Ele comentou sobre uma decisão judicial que concedeu medida protetiva a uma ex-servidora da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMA). “Nunca fui notificado. Essa senhora cometeu crime de dano ao erário, foi para a praia recebendo salário público e acabou exonerada após minha denúncia. Isso é represália”, afirmou, atribuindo a situação a articulações do Executivo.
Outro tema polêmico abordado foi o trânsito da capital, marcado pelo excesso de carretas. Combate defendeu a realização de audiência pública para discutir saídas alternativas e criticou a concessão da BR-364, com a previsão de pedágios. “Isso vai impactar no arroz, feijão e açúcar da dona Maria. O dinheiro ficará nos pedágios e vai encarecer o frete”, disse. O vereador também criticou os grandes produtores rurais, afirmando que as transportadoras utilizadas vêm de fora do estado, sem gerar receita ou empregos em Rondônia.
Ao comentar sobre os problemas estruturais da cidade, Combate apontou o saneamento básico como principal desafio. Ele afirmou que Porto Velho continua entre as piores capitais do país nesse setor e foi enfático: “Na realidade, hoje, nossa capital é a pior capital a se morar do país, saneamento básico é precário. Então acredito que a parte do saneamento básico tem que ir pra cima, porque o Léo Moraes ganhou a eleição por causa da chuva, falando mal da gestão anterior, por causa das alagações. E agora ele tem que sair do discurso, do palco, do TikTok que ele grava lá e botar nas práticas”.
Apesar das críticas, o vereador negou ter inimizade pessoal com o prefeito. Disse que chegou a ser procurado pela gestão e que recusou 25 cargos, três funções de alto nível (CC18) e R$ 3 milhões em emendas que lhe foram oferecidos. “Eu não aceitei. Ganhei a eleição para ter independência e não ser base do prefeito”, afirmou. Membro do AGIR, Combate disse que não tem alinhamento automático com o vice-governador ou qualquer outro pré-candidato ao governo em 2026. Sobre sua própria candidatura, afirmou que sua vida política “está nas mãos de Deus”, mas não descartou disputar cargo estadual no futuro.
Entre as bandeiras que defende, destacou projetos para geração de emprego e fortalecimento do pequeno empreendedor. Citou iniciativas que obrigam grandes empresas contratadas pelo município a manter escritórios em Porto Velho e contratar aprendizes locais. Também mencionou projetos de incentivo ao pequeno empresário, como a Sala do Empreendedor e a isenção de taxas no primeiro ano de atividade.
O vereador acrescentou ainda que defende a retirada urgente das carretas do centro da capital para aliviar o trânsito e evitar acidentes, criticou o excesso de remendos no asfaltamento e afirmou que Porto Velho sofre com a fragilidade do solo, o que exige soluções rápidas, mas inviabiliza projetos mais demorados de escavação. Para ele, as contrapartidas da empresa que venceu a concessão da BR-364 deveriam incluir obras que aliviassem o tráfego urbano.
Mesmo reforçando as críticas, Combate declarou que não trata o prefeito como inimigo. Disse que a política se constrói com adversários e não com inimizades permanentes, ressaltando que mantém a postura de independência para agir de acordo com sua consciência e com os interesses da população de Porto Velho.



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