Publicada em 05/12/2025 às 09h53
PORTO VELHO (RO) – A entrevista exclusiva concedida pela deputada federal Sílvia Cristina ao Rondônia Dinâmica, na manhã desta sexta-feira (05), começou em clima descontraído, mas rapidamente entrou em temas sensíveis da política nacional e estadual. Questionada sobre as mudanças dos últimos meses no cenário eleitoral e na sua pré-candidatura ao Senado, ela afirmou que “o desafio é ainda maior”, destacando que tem enfrentado uma rotina intensa entre Brasília e Rondônia, “até o apagar das luzes”, para ampliar entregas antes de concluir o mandato parlamentar.
Assim que iniciada a conversa formal, o primeiro ponto polêmico surgiu na abordagem sobre a visita ao ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), a respeito da desintrusão no PA Jaruaru. Sílvia Cristina relatou que o objetivo da bancada era suspender o procedimento, afirmando: “A nossa principal missão ali era suspender o processo de desintrusão, que é injusto, porque ninguém invadiu nada”. Segundo ela, a disputa entre órgãos federais — Incra e Funai — tem gerado insegurança a famílias assentadas. A deputada declarou que deixou a reunião “esperançosa” e “confiante” de que produtores, alguns deles há décadas na área, terão uma solução “justa” para o impasse.
A parlamentar também tratou da polêmica sobre o processo de concessão da Hidrovia do Madeira. Disse que não participou das audiências públicas mencionadas pelo governo federal e criticou a condução da desestatização, afirmando que o Congresso não está sendo incluído nas decisões. “O que nós não queremos é que seja feita a mesma coisa que foi feita na BR-364. O Ministério disse que fez audiências; eu, pelo menos, não fui convidada”, declarou. Ela enfatizou que a análise da concessão está paralisada até fevereiro, a pedido da bancada, para ampliar o debate com ribeirinhos, pescadores e transportadores.
Sílvia Cristina também mencionou um manifesto assinado por nove entidades, entre elas Aprosoja, Faperon, Facer, OCB, Fecomércio e Porto de Porto Velho, favoráveis à concessão caso haja “taxação justa”, mencionando o valor discutido de R$ 0,80 por tonelada. Ela afirmou que segmentos da sociedade civil veem viabilidade econômica no modelo, mas frisou que ainda há dúvidas sobre impactos ambientais e ausência de representação plena dos ribeirinhos nas discussões.
Em seguida, a deputada foi questionada sobre sua viabilidade eleitoral na disputa ao Senado e o fato de ser apontada por analistas como nome provável para o “segundo voto”. Sílvia Cristina respondeu que esse cenário aumenta sua responsabilidade: “No início, eram poucas as pessoas que acreditavam. Eu fui muito pré-julgada”. Disse que sua trajetória política é marcada por entregas e contato direto com a população, ressaltando: “Tem muitos que estão aí nos discursos poderosos, mas discursos vazios. E a gente faz um trabalho de entrega”.
Ao comentar sua relação com o território rondoniense e a construção de sua pré-candidatura, Sílvia Cristina afirmou que o contato direto com as comunidades moldou a base de seu trabalho parlamentar. Segundo ela, essa vivência amplia sua capacidade de diagnóstico sobre demandas regionais. “Eu tenho prazer de ser uma das que mais conhece o estado de Rondônia”, declarou, enfatizando que viagens constantes, visitas a municípios e diálogo presencial com moradores influenciam suas ações legislativas e o direcionamento de recursos. A deputada acrescentou que essa rotina reforça sua responsabilidade em acertar nas escolhas: “Quando a gente está olhando nos olhos das pessoas, a gente entende e vai realmente ser mais assertiva nas suas ações”.
Ao comentar divergências internas da bancada federal rondoniense, especialmente diante de episódios envolvendo o deputado Coronel Chrisóstomo, ela evitou confrontos diretos, mas reconheceu que faltam articulações mais frequentes entre os parlamentares. “Temos falhas. Eu vejo a bancada unida, mas poderíamos ser mais”, declarou, acrescentando que sua prioridade é “cuidar de gente”.
Outra polêmica tratada foi sua ausência nas redes sociais após a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Sílvia Cristina afirmou que o apoio dela sempre foi explícito, relembrando: “Todo mundo sabe que fui muito honesta na campanha de 2022. Me manifestei publicamente, ajudei na campanha”. Sobre o silêncio recente, declarou: “Alguns manifestos impensados estão mais atrapalhando do que ajudando no processo injusto que o Bolsonaro está sofrendo”. Ela relatou ter se encontrado com Michelle Bolsonaro, destacando que preferiu demonstrar apoio de forma privada. “A Silvia não é uma aproveitadora”, afirmou.
Sílvia Cristina também comentou o ambiente de ataques e fake news esperado para 2026, pedindo rigor ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RO): “As fake news podem atrapalhar um processo justo”. Disse que já enfrenta ataques desde que se lançou pré-candidata, mas que está preparada emocional e psicologicamente para a disputa.
A entrevista ainda abordou a reestruturação interna do Progressistas (PP) em Rondônia. A deputada afirmou que não buscou a presidência estadual da sigla: “Eu recebi o convite; por três vezes recusei”. Disse que, após conversas, o ex-governador Ivo Cassol “entendeu a decisão da Nacional” e que hoje a relação interna está “tudo certo”. Sobre o apoio do PP ao governo estadual, afirmou que a Federação partidária — PP e União Brasil — será responsável pela definição, aguardando homologação no Tribunal Superior Eleitoral.
Na parte final da entrevista, Sílvia Cristina detalhou números de seu mandato, afirmando que já somam R$ 503 milhões investidos em Rondônia. Em saúde, destacou os quatro anos do Centro de Prevenção e Diagnóstico de Câncer entregue em Ji-Paraná, onde, segundo disse, 214 mil pessoas já foram atendidas. Informou que seu mandato custeia construção, equipamentos, viagens e pagamento de profissionais vinculados ao serviço.
Relatou investimentos de R$ 55 milhões no Hospital de Amor de Ji-Paraná e R$ 48 milhões em Porto Velho. Sobre o programa Olhar de Amor, citou aporte inicial de R$ 10 milhões, com 6 mil cirurgias de catarata realizadas. Em Vilhena, mencionou outro investimento de R$ 10 milhões para prevenção de câncer, que já teria alcançado 5 mil pessoas.
Na assistência social, apontou apoio financeiro a “mais de 100 entidades”, incluindo APAEs, lares de idosos e instituições que tratam dependência química, totalizando R$ 50 milhões.
Na área de infraestrutura, informou a entrega de máquinas como tratores, retroescavadeiras, pás carregadeiras e outros equipamentos, somando R$ 120 milhões.
Na agricultura, destacou projetos de capacitação realizados com o IFRO e citou o Projeto Raízes, em Cacoal, que envolve a produção de mudas clonais de café e cacau, com investimento de R$ 2 milhões. Também mencionou o Projeto Cordeiro de Rondônia, que inclui a implantação de um abatedouro de ovinos em Espigão do Oeste, após doação de área pela prefeitura.
Ao final da entrevista, reafirmou que todos esses resultados representam o esforço de “entregar mais do que discursar” e que pretende fechar o mandato priorizando entregas “reais e efetivas”.



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