Publicada em 12/07/2025 às 09h35
Porto Velho, RO – A taxação de 50% imposta unilateralmente pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre as exportações brasileiras, escancarou uma contradição incômoda na bancada federal de Rondônia: a maioria dos parlamentares que se apresentam como defensores intransigentes do agronegócio silenciou diante do maior revés tarifário da história recente do setor.
A medida, que entra em vigor em 1º de agosto, ameaça diretamente a cadeia produtiva do campo, com efeitos imediatos sobre carne, café, milho, laranja e outros produtos cuja exportação sustenta parte significativa da economia rondoniense e nacional. A reação dos representantes do estado em Brasília, no entanto, foi majoritariamente nula.
Entre os senadores, apenas Confúcio Moura (MDB) se manifestou de forma clara e pública: “Sou totalmente contra esse tarifaço imposto pelo presidente americano ao Brasil! Essa sobretaxa de 50% vai prejudicar a cadeia produtiva, encarecer carne, café, milho e outros alimentos — e pesar no bolso do nosso agro!”, escreveu o parlamentar, completando: “Defendo uma saída diplomática, sem prejuízos para nenhum setor. Estou com os produtores rurais de Rondônia!”
Confúcio é, não por acaso, o único membro da bancada rondoniense alinhado ao governo federal. E foi, também, o único que tratou da questão a partir da perspectiva do impacto econômico real, sem recorrer a bravatas ideológicas.
O senador Marcos Rogério (PL) preferiu mirar suas críticas exclusivamente no presidente Lula, responsabilizando-o pela crise diplomática, sem ao menos citar o nome de Trump ou os impactos objetivos no agronegócio. Tampouco mencionou a carta oficial da Casa Branca, em que o ex-presidente Jair Bolsonaro — correligionário de Rogério — é apontado como motivação para a sanção tarifária.
Ao silenciar sobre o teor ideológico da medida norte-americana — que não se baseia em fundamentos econômicos, como reconhece a Confederação Nacional da Indústria — Marcos Rogério optou por blindar Trump e preservar Bolsonaro, mesmo que isso significasse ignorar os prejuízos à produção rural do estado que representa.
Ainda mais preocupante foi a postura do deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL). Em discurso inflamado na Câmara, o parlamentar defendeu abertamente os Estados Unidos, exaltou o poderio militar americano e ridicularizou o Brasil, afirmando que “quem grita alto é quem tem arma poderosa” e chamando o presidente Lula de “garnisésinho”, em contraponto a um suposto “galo” representado por Trump.
Chrisóstomo não apenas ignorou os efeitos econômicos da decisão — que já provoca paralisações em frigoríficos e represamento de cargas em portos — como também se posicionou contra a soberania nacional em pleno plenário, prestando reverência a um governo estrangeiro que impôs sanções ao seu próprio país.
Enquanto isso, o senador Jaime Bagattoli (PL), eleito sob o manto do agronegócio, permanece em absoluto silêncio. Maurício Carvalho (União Brasil), líder da bancada federal de Rondônia na Câmara, também não se pronunciou. O mesmo vale para os deputados Fernando Máximo, Cristiane Lopes, Lebrão, Lúcio Mosquini e Sílvia Cristina.
Thiago Flores (Republicanos), por sua vez, limitou-se a reproduzir uma notícia sobre o tarifaço, escrevendo apenas: “Vai vendo… 👀”.
Diante da gravidade da situação, a omissão generalizada da bancada rondoniense é simbólica e reveladora. Entidades como CNI, Abiec, Cecafé, CitrusBR e a Frente Parlamentar da Agropecuária já se mobilizam para conter os estragos. O governo federal tenta negociar, sem adotar retaliações imediatas. O setor produtivo, enquanto isso, busca saídas logísticas e comerciais em meio ao caos.
A ausência de uma reação firme por parte dos representantes eleitos por Rondônia revela a distância entre o discurso e a prática. Defender o agro nas redes sociais ou em vídeos motivacionais é fácil; agir quando o setor está sob ataque é que distingue o representante do figurante.
A conclusão é inevitável: a defesa do agronegócio brasileiro precisa sair do discurso, do gogó, da conversinha de redes sociais. Acima do espectro ideológico em que cada ator político está inserido, existe o Brasil. E, dentro do Brasil, o Estado de Rondônia, unidade federativa que eles devem representar com veemência. A omissão não é característica de um estado construído sobre a égide da bravura dos destemidos pioneiros, qualidade reverberada daqui à eternidade pelo hino do estado.



70% dos votos de Rondônia para presidente foi para bolsonaro..a taxação ten tudo haver ..com. chantagem do governo americano...pra o STF aceitar anistia para o ex presidente bolsonaro...por isso a bancada de deputados e senadores. Alguns vereadores se calam. Mais não vai prejudicar as exportações brasileiras não ten outros países que vai fechar com o Brasil..