Publicada em 24/07/2025 às 09h56
Porto Velho, RO – O Ministério Público Federal (MPF) recebeu uma denúncia formal contra o deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO) por suposta incitação a um golpe de Estado durante coletiva de imprensa em frente ao Congresso Nacional, ocorrida no dia 18 de julho de 2025. A manifestação foi protocolada por Leonardo Carvalho Bastos, membro efetivo titular do Conselho de Ética do Partido dos Trabalhadores (PT) de Sapucaia do Sul (RS), e registrada no sistema do MPF com o número 20250052348.
No documento enviado às autoridades, Bastos solicita investigação criminal e eleitoral contra o parlamentar rondoniense, além da oitiva do mesmo. Ele também pede que a apuração seja anexada ao Inquérito 4921, sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o denunciante, as falas de Chrisóstomo “exaltaram a ditadura militar de 1964” e configurariam, em tese, “convocação das Forças Armadas para uma intervenção militar”.
Na transcrição enviada ao MPF, o deputado afirmou: “Me orgulhava das Forças Armadas. Me orgulhei das Forças Armadas em sessenta e quatro, embora fosse ainda menino, criança. Hoje eu quero dizer o seguinte, Forças Armadas, estejam ao lado do povo brasileiro, estejam ao lado da democracia”. A gravação da fala foi disponibilizada em link público pelo denunciante.
A manifestação menciona ainda outros parlamentares presentes na ocasião, como a deputada federal Bia Kicis e o senador Jorge Seif, que teriam acompanhado o deputado durante a entrevista. Bastos destaca que o pronunciamento ocorreu após a imposição de medidas cautelares ao ex-presidente Jair Bolsonaro, autorizadas por Moraes, incluindo uso de tornozeleira eletrônica, entrega do passaporte e proibição de contato com outros investigados.
Durante o evento, Chrisóstomo declarou: “Chegou o momento de nós dizermos o seguinte: chega de perseguição! [...] Está na hora da imprensa brasileira agir em favor do povo brasileiro”. Ele também associou os recentes desdobramentos judiciais a um cenário de ameaça comunista: “O comunismo já está à porta”.
A postura do deputado gerou constrangimento entre os presentes. Um dos jornalistas o questionou diretamente sobre as referências a 1964 e sobre o pedido às Forças Armadas, perguntando: “O que o senhor quer, basicamente, com isso?”. O senador Carlos Portinho (PL-RJ), presente à coletiva, respondeu em defesa das Forças Armadas e buscou redirecionar a pauta. “Isso é suficiente a resposta. O assunto não é esse. Vamos ao assunto e à posição das lideranças”, disse Portinho.
CONFIRA:
Em outro momento, ao ser questionado se defendia algum tipo de intervenção, Portinho negou: “O que a gente quer é democracia. O que a gente não tem no país hoje é uma democracia real”.
No documento protocolado, Bastos cita o artigo 27 do Código de Processo Penal e os artigos 176 e 177 do Código de Processo Civil, os quais conferem legitimidade ao cidadão para provocar a atuação do Ministério Público em casos de ação penal pública. Ele ainda menciona declarações do senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente, à Folha de S. Paulo, datadas de 15 de junho de 2025, como indício de uma suposta continuidade do intento golpista.
Até o momento, o deputado federal Coronel Chrisóstomo não se manifestou em suas redes sociais sobre o pedido de investigação apresentado ao MPF.
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