Publicada em 18/07/2025 às 14h44
Porto Velho, RO – Durante entrevista coletiva promovida por lideranças da oposição no Senado Federal, o deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO) provocou constrangimento ao fazer referências ao golpe militar de 1964 e convocar as Forças Armadas a se posicionarem em defesa da democracia. A coletiva ocorreu após a Polícia Federal cumprir, com autorização do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), medidas cautelares contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica.
Chrisóstomo iniciou sua fala protestando contra a decisão judicial. “Brasileiro não aceita isso, não somente nós parlamentares aqui do Congresso Nacional, mas chega!”, declarou. Em seguida, afirmou que Bolsonaro “sempre nos orienta” a fazer o certo e que “o Brasil quer paz”.
Ao citar seu trabalho como relator de projeto sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que obteve 383 assinaturas e teria sido derrubado por decisão judicial, o deputado criticou o que classificou como interferência de outro poder: “Quanta tristeza a gente lutar, fazer um relatório pensando no Brasil, nos mais pobres, e um único cidadão derruba a vontade de 383 deputados e praticamente a aclamação do Senado.”
No ponto mais polêmico da fala, Chrisóstomo fez referências explícitas ao golpe de 1964. “E na década de 60 e 64, a imprensa agiu em favor do povo. Está na hora da imprensa brasileira agir em favor do povo brasileiro”, afirmou. Ele prosseguiu: “Porque o comunismo já está à porta. Eu só quero fazer o último pedido aqui agora para as Forças Armadas. [...] Me orgulhei das Forças Armadas em 64, embora fosse ainda menino.”
As declarações causaram desconforto entre os presentes. Um dos repórteres questionou diretamente: “Deputado, o senhor falou de 64 [...] agora o senhor está invocando as Forças Armadas para ficar do lado do povo. O que o senhor quer, basicamente, com isso, fazendo referência a 64 duas vezes?”
O senador Carlos Portinho (PL-RJ), também presente na coletiva, tentou contornar a situação. “O órgão com relação às Forças Armadas foi dito, inclusive, na minha manifestação. Há generais de alta patente presos e há um corte sucessivo no orçamento das nossas Forças Armadas”, afirmou, sem responder diretamente ao conteúdo das falas de Chrisóstomo. Em seguida, buscou encerrar o tema: “Isso é suficiente a resposta. O assunto não é esse. Vamos ao assunto e à posição das lideranças que manifestaram pelo conjunto.”
Ao ser pressionado novamente por outro jornalista, que perguntou se o grupo estava defendendo algum tipo de intervenção militar, Portinho respondeu: “O que a gente quer é democracia. O que a gente não tem no país hoje é uma democracia real.”
A coletiva foi convocada após o cumprimento das medidas cautelares impostas a Jair Bolsonaro, entre elas o uso de tornozeleira eletrônica, proibição de contato com outros investigados e entrega do passaporte. As medidas foram autorizadas por Alexandre de Moraes no âmbito de inquéritos que tramitam no STF.



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