Publicada em 19/11/2025 às 15h39
“Aqui, a gente respeita e preserva a natureza para garantir a vida na cidade”. A voz da pescadora Edilúcia Alves Lopes, moradora do Distrito São Carlos, deu forma à ideia de partilha, conexão e troca de saberes que marcou ação integrada realizada por órgãos públicos, na última terça-feira (18/11), na localidade ribeirinha. O encontro aproximou instituições e comunidade, entrelaçando experiências, com prestação de atendimentos jurídicos e psicológicos, registro de demandas e disseminação de direitos.
A ação foi coordenada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), por meio do Escritório de Direitos Humanos da instituição, com a participação do Ministério Público de Rondônia (MPRO), mediante o Núcleo de Atendimento às Vítimas (Navit) e Promotoria de Justiça da Infância. Também estiveram presentes a Secretaria Municipal de Inclusão e Assistência Social (SIAS) e Coordenadoria Municipal de Políticas Públicas para Mulheres, além de integrantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – Seccional Rondônia.
O trabalho teve como dinâmica a oferta de palestras e atendimento jurídico e psicológico, associados à escuta sensível dos moradores e ao reconhecimento das particularidades da vida ribeirinha.
Durante o encontro, PRF e a Secretaria Municipal de Assistência Social realizaram palestras nas escolas do distrito, centradas nos temas bullying, violação de direitos na internet, projeção de futuro e qualificação profissional. “Esses momentos nos trazem aprendizado, mas também a chance de sermos ouvidos. Eu gosto bastante”, disse Patrícia Gabriele, de 14, anos, estudante da Escola Municipal Henrique Dias.
A ação também promoveu rodas de conversa com meninas e mulheres da comunidade e prestou atendimentos voltados à prevenção e ao enfrentamento da violência doméstica e violências contra crianças e adolescentes.
O Ministério Público atuou em casos que apresentaram indícios de violência, fazendo encaminhamentos jurídicos e adotando providências para a garantia de direitos.
“Iniciativas como esta nos permitem identificar situações de vulnerabilidade com mais precisão e garantem que direitos fundamentais não sejam violados. Quando estamos presentes, conseguimos prevenir riscos, proteger pessoas e construir relações de confiança”, afirmou a promotora de Justiça Tânia Garcia, que participou da atividade.
Como parte da mobilização, equipes do Navit-MPRO fizeram panfletagens de material informativo Núcleo de Atendimento às Vítimas, com divulgação de contatos de redes de apoio.
Em seguida, foi realizado encontro com representantes de instituições e órgãos públicos no distrito, como Polícia Militar, Polícia Civil, Unidade Básica de Saúde e escolas. Os agentes públicos apresentaram demandas relacionadas a acessibilidade, segurança pública e meio ambiente, manifestações que foram registradas, visando à adoção de medidas pertinentes.
O serviço multiprofissional do Núcleo prestou diversos atendimentos individuais na comunidade e São Carlos, que conta com uma atuação contínua dos especialistas do Navit, prestando apoio para fortalecer ações de desenvolvimento econômico e empoderamento feminino. A parceria é articulada por meio da Associação de Mulheres Ribeirinhas de São Carlos, que tem com presidente a moradora Nágila Oliveira.
Roda de Conversa
Com a proposta de construir uma relação horizontal, em que cada serviço prestado estivesse vinculado ao diálogo, foi realizado encontro com mulheres de São Carlos.
Na ocasião, a Coordenadoria Municipal de Políticas Públicas para as Mulheres coletou sugestões das participantes relacionadas à criação de uma feira de produtos extrativistas no distrito e realização de um curso de precificação, como forma de aprimorar o sistema de comercialização da produção local.
Na atividade, as moradoras expuseram desafios enfrentados em decorrência da última cheia, quando parte do distrito ficou alagada, mostrando resiliência e perspectiva de futuro.
“Acho importante termos esse momento de reflexão, de pensamos e olharmos em volta porque, apesar de todas as dificuldades, a gente sempre se reconstrói”, disse a agricultora Ludimila Valente, que, após os prejuízos causados pela enchente, comemora o cultivo de novas culturas na roça que mantém em São Carlos.
PRF
Organizador da ação, o Escritório Regional de Direitos Humanos da PRF é a unidade da Polícia Rodoviária Federal responsável por implementar, em nível regional, políticas de promoção, proteção e defesa dos direitos humanos dentro da corporação e em suas interações com a sociedade.
Conforme explicou a coordenadora, PRF Letícia Auler, sob várias temáticas, a unidade tem realizado palestras e sensibilizações, com o objetivo de prevenir e combater ilícitos, propor reflexões e contribuir com as comunidades.
“O projeto tem sido muito bem recebido, em especial pelos estudantes, para quem ofertamos palestras sobre carreiras, sonhos e aspirações. As parcerias com instituições que ofertam serviços jurídicos e de assistência social vêm da necessidade de atendermos a demandas sensíveis identificadas nesses encontros. Percebemos que a experiência tem dado certo”, afirmou.



Comentários
Seja o primeiro a comentar!