Publicada em 24/11/2025 às 09h17
Porto Velho, RO – Em texto publicado no último domingo, 23, o senador Confúcio Moura (MDB), autor da reflexão intitulada Livro de propostas políticas, abordou a produção de planos de governo e a utilização crescente de ferramentas digitais no processo eleitoral. Segundo ele, candidatos “vivem preparando livros de propostas” e, ao comparar diferentes documentos, percebe-se que “são todos muito parecidos”. Moura citou ainda o uso de plataformas digitais no desenvolvimento de materiais de campanha. “Basta pedir à plataforma. Em dois minutos o plano está pronto. Slogan também. Jingle também. Estratégia também”, escreveu.
O senador observou que, diante desse cenário, seria possível cogitar soluções alternativas. “Se for por isso, melhor votar no Google ou na IA. Eu mesmo, confesso, votaria logo na IA”, afirmou. Ao desenvolver a ideia, questionou o real impacto desses materiais no debate público: “E se o candidato nem apresentasse livro nenhum? E se repetisse apenas uma palavra, três vezes — educação, educação e educação? Não seria melhor assim?”
Para Moura, o conhecimento é o elemento capaz de transformar o país. Ele pontuou que dele “nasce a inovação”, que impulsiona a produtividade, melhora indicadores de saúde, amplia a higiene e reduz a violência. “Conhecimento gera riqueza”, escreveu. Ainda assim, avaliou que, no Brasil, o tema nem sempre ganha centralidade no processo eleitoral. “Educação não dá voto. Todo mundo fala dela. Quase ninguém cumpre.”
O senador destacou que a responsabilidade pela educação infantil e pelo ensino fundamental é das prefeituras e apontou limitações na forma como muitos municípios tratam o tema. “A maioria das prefeituras não está nem aí para educação”, registrou. Segundo ele, há uma percepção de que “tendo sala, transporte e merenda, está resolvido”, entendimento compartilhado também por parte dos pais. Para Moura, essa combinação impede avanços: “Assim, o ciclo se fecha. Repete. Não avança.”
Em comparação internacional, o senador mencionou a trajetória recente do Vietnã. Ele lembrou que o país “sofreu como poucos”, mas ressurgiu após períodos de conflito e hoje exporta “tecnologia, café e até cacau”. Na visão do parlamentar, o Brasil permanece dependente de commodities: “Nós aqui exportamos minerais brutos, importamos aço e peças.” Segundo ele, a oscilação de preços desses produtos impede a formação de riqueza interna. “Assim, enriquecemos os outros — não a nós mesmos.”
Moura concluiu que apenas uma educação de qualidade poderá alterar esse quadro. Para ele, o avanço depende de acompanhar “aluno por aluno, garantindo que ninguém fique para trás”. O texto encerra afirmando que “livro de governo pode até ser escrito por inteligência artificial”, mas que “um país só se escreve com gente bem-educada”.



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