Publicada em 18/11/2025 às 14h10
Por Lucas Estolano Correa Andrade
A participação dos jovens na política brasileira ganhou um novo significado nos últimos anos. Mais do que espectadores, eles se tornaram protagonistas de debates, movimentos e mobilizações que desafiam estruturas tradicionais e revelam um país em transformação profunda. Pesquisas e análises contemporâneas — como as de Esther Solano em Como a Juventude Reinventa a Política (2020) e de Marta Arretche em Trajetórias das Desigualdades (2015) — ajudam a mostrar algo que já é perceptível no cotidiano: a juventude não se afastou da política; se afastou dos velhos modos de fazê-la.
O cenário atual evidencia essa tensão. O Brasil vive uma crise aguda de confiança: instituições desacreditadas, polarização permanente, desinformação em escala industrial e uma distância crescente entre representantes e sociedade. As reflexões de Sérgio Abranches em A Democracia Impedida (2018) reforçam esse diagnóstico, apontando como as estruturas políticas se mostram incapazes de acompanhar as mudanças sociais. Nesse ambiente, muitos acreditam que os jovens estariam desinteressados — mas o movimento real aponta para outra direção.
Os jovens estão interessados, sim, mas estão criando seus próprios caminhos. Agem por meio de coletivos, iniciativas comunitárias, projetos sociais, causas ambientais e mobilizações digitais que surgem fora do eixo tradicional dos partidos. Análises recentes, como as presentes em Juventudes e a Reinvenção da Política (2019), organizado por Regina Novaes e Gabriel Feltran, confirmam que é nesses espaços que se constroem novas práticas políticas, pautas emergentes e formas de engajamento mais diretas.
No entanto, essa atuação acontece em condições particularmente adversas. A juventude enfrenta:
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Precarização econômica, que limita tempo, energia e oportunidades de participação cívica.
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Um ambiente digital agressivo, onde qualquer posicionamento vira alvo de ataques e manipulações — tema discutido por Massimo Di Felice em Redes Digitais e Sustentabilidade (2012).
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Intimidação contra jovens que tentam ganhar espaço, especialmente aqueles que desafiam estruturas consolidadas.
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Partidos fechados e hierarquizados, que pouco dialogam com novos métodos e novas ideias.
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A sensação de que o sistema político é lento demais frente à urgência dos problemas reais, reflexo de um cenário já apontado em A Era do Imprevisto (2017), também de Sérgio Abranches.
Apesar disso, jovens seguem propondo soluções: defendem mais transparência, participação direta, fiscalização cidadã, mandatos coletivos, inovação tecnológica e atuação política mais próxima do cotidiano da população. Essa prática política — mais horizontal, mais prática e menos burocrática — confronta o modelo tradicional não na teoria, mas na ação.
O que vemos hoje é uma juventude que não deseja apenas ocupar um lugar na política institucional, mas transformar a forma de fazer política. Querem coerência, resultados e responsabilidade pública. Querem ser parte das decisões, não apenas da propaganda eleitoral.
E é exatamente aqui que está o ponto central: num país marcado por crises sucessivas, desigualdades profundas e debates polarizados, ignorar a força política da juventude é ignorar o próprio futuro do Brasil.
As instituições e lideranças que perceberem isso cedo terão vantagem. As que insistirem em fechar portas continuarão perdendo relevância, voz e legitimidade.
A juventude quer um país que avance, que funcione e que respeite quem está construindo o presente. Essa demanda é legítima, urgente e necessária — e pode ser justamente o que reacenda a esperança de uma política mais responsável, mais eficiente e mais alinhada com a sociedade real.
Comentários
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CLAUDIO COSTA DOS SANTOS 18/11/2025 - 15:33Parabéns, meu amigo .
A juventude está renovando a política — e quem não perceber isso ficará para trás.



A nova geração está renovando a política brasileira com mais coragem, participação e ideias frescas. O futuro já começou.