Publicada em 08/11/2025 às 10h23
O deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, exonerou, ainda na última nesta sexta-feira (07) a companheira, uma cunhada e dois concunhados do gabinete que ocupa na Câmara dos Deputados. As demissões ocorreram um dia depois de o colunista Tácio Lorran, do portal Metrópoles, publicar reportagem apontando que os quatro familiares receberam juntos mais de R$ 2,1 milhões em salários pagos pela Casa ao longo do mandato.
RELEMBRE
Metrópoles: família de Coronel Chrisóstomo recebeu mais de R$ 2 milhões em salários em seu mandato
De acordo com o levantamento, a secretária parlamentar Elizabeth Dias de Oliveira, companheira do parlamentar, foi a principal beneficiária. Desde 2020, quando ingressou no gabinete, ela acumulou cerca de R$ 1,2 milhão em remunerações. O casal declarou união estável em 1º de janeiro de 2022, conforme certidão citada na reportagem. Elizabeth, de 32 anos, nascida em Planaltina (GO), chegou ao teto salarial do cargo de secretária parlamentar, com vencimento bruto de R$ 18.719,88, além de auxílios.
A irmã dela, Naara Star de Oliveira Souza Dias, de 25 anos, foi nomeada em julho de 2022 para função de natureza especial (CNE), com exigência de ponto na Câmara, e recebeu desde então R$ 386,5 mil. No mesmo período, a concunhada Gabriela Aparecida de Lima Oliveira, casada com o irmão de Elizabeth, também passou a integrar o gabinete. Inicialmente com salário de R$ 1.991,91, ela passou a receber R$ 13.437,29 em junho de 2023 e, mais tarde, R$ 16.587,50, totalizando mais de R$ 532,7 mil em rendimentos. Outro nomeado foi Luy Ferreira Sobral, namorado de Naara, que assumiu o cargo de secretário parlamentar em 27 de agosto, com remuneração bruta de R$ 18.719,88 e benefícios que superam R$ 23,8 mil.
Na quinta-feira (6/11), antes das exonerações, Chrisóstomo havia afirmado à coluna não ver irregularidades nas contratações e negado que as nomeações configurassem nepotismo. O deputado disse que parte dos servidores já atuava na Câmara antes da união estável. No entanto, registros oficiais indicam que apenas Elizabeth trabalhava no gabinete antes da formalização do relacionamento. A reportagem também registrou a declaração da secretária parlamentar ao ser questionada sobre o vínculo: “Eu tenho o emprego que eu quiser”.
O Supremo Tribunal Federal proíbe a nomeação de parentes em cargos comissionados, e o Tribunal de Contas da União entende que a união estável configura parentesco por afinidade, enquadrando-se na vedação prevista pela súmula 13 do STF. A Câmara informou ao Metrópoles que possui regras internas próprias sobre nepotismo e que o decreto federal nº 7203/2010 não se aplica à Casa.
Em nota divulgada após a repercussão, o gabinete de Chrisóstomo confirmou que Elizabeth Dias, Gabriela Aparecida de Lima Oliveira, Luy Ferreira Sobral e Naara Star de Oliveira Souza Dias não integram mais a equipe. O texto ressaltou que todos “contribuíram de forma significativa” com o mandato e destacou a atuação parlamentar em projetos como o do IOF e na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do INSS, da qual o deputado foi autor do pedido de criação.
Natural de Tefé (AM) e criado em Rondônia, João Chrisóstomo de Moura tem 66 anos e está no segundo mandato na Câmara. Ele se elegeu pela primeira vez em 2018 pelo PSL e foi reeleito em 2022 pelo PL. Segundo dados declarados ao Tribunal Superior Eleitoral, seu patrimônio passou de R$ 302 mil para R$ 847 mil entre as duas campanhas. Coronel da reserva do Exército, recebe R$ 27.521,80 como militar. O deputado se identifica como cristão evangélico e declara origem indígena da etnia Tukano.



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