Publicada em 10/12/2025 às 16h21
Ao comentar a condição da BR-319, o ministro dos Transportes, Renan Filho, voltou a defender que o governo federal pretende reabilitar integralmente a rodovia. Ele reiterou que a capital amazonense permanece dependente de uma ligação terrestre interrompida no Trecho do Meio e que a atual gestão decidiu atuar em todas as frentes disponíveis para destravar as autorizações. Segundo explicou, há a avaliação simultânea do uso da Licença Ambiental Especial, aprovada pelo Congresso, e do caminho convencional de licenciamento. A escolha dependerá de qual via garantir a emissão mais rápida da licença ambiental. O ministro mencionou que essa decisão é sustentada pela disposição do presidente Lula em concluir a pavimentação, definida por ele como uma necessidade histórica para o estado.
“O presidente Lula tem disposição de pavimentar a BR-319”, disse.
A estimativa apresentada pelo ministro é que o governo obtenha as autorizações nos primeiros meses de 2026, permitindo iniciar o processo licitatório e abrir caminho para o começo das obras no segmento central da rodovia. Ele declarou que esse avanço poderá marcar o reinício da pavimentação da estrada e contribuir para reduzir a condição de isolamento da capital do Amazonas. Renan Filho destacou que esse trecho de aproximadamente 400 quilômetros continua sendo o principal entrave para assegurar um fluxo permanente de tráfego entre Manaus e Porto Velho.
Parte do processo de licenciamento já foi realizada. A licença prévia, concedida em 2022, permanece válida. Contudo, as etapas seguintes ainda não avançaram porque o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes não finalizou documentos exigidos pelo Ibama, entre eles estudos adicionais, protocolos de consulta a comunidades indígenas e medidas de governança socioambiental. O ministro lembrou que o procedimento, em sua forma tradicional, requer licença de instalação e licença de operação, etapas não concluídas até o momento.
Durante a entrevista, Renan Filho mencionou exemplos recentes que, segundo ele, ilustram a importância da recuperação da estrada, como as dificuldades enfrentadas no transporte de oxigênio durante a crise sanitária de 2021. O trajeto entre Porto Velho e Manaus levou quatro dias devido às condições da rodovia no período chuvoso. Ele comentou que a precariedade na ligação terrestre agravou o cenário e reforçou a necessidade de modernização da via.
Mesmo com o impasse sobre o Trecho do Meio, o ministro informou que outras intervenções seguem em andamento na BR-319. Ele citou a entrega da ponte sobre o rio Curuçá, a previsão de conclusão da ponte sobre o rio Autaz Mirim em fevereiro e os trabalhos de manutenção em segmentos mais antigos. Também mencionou a retomada da pavimentação em 50 quilômetros onde a estrada permaneceu sem obras por cerca de 15 anos.
Além dos aspectos estruturais, o ministro fez referência ao contexto político que envolve a rodovia. Ele comentou que a atuação dos senadores Eduardo Braga e Omar Aziz tem contribuído na interlocução com o governo. Também recordou que foi constituído um grupo de trabalho para analisar a BR-319, cujo relatório, publicado em 2024, concluiu pela viabilidade do empreendimento e projetou etapas necessárias para garantir o licenciamento. O cronograma dependia da entrega de documentos por parte do DNIT, ação que ainda não foi concluída.
O debate sobre a recuperação da rodovia se mantém desde o início dos anos 2000, em razão do impacto socioambiental potencial e da necessidade de compatibilizar desenvolvimento regional com exigências ambientais. Embora a estrada tenha sido utilizada nas décadas de 1970 e 1980, sua falta de manutenção transformou o Trecho do Meio em um ponto crítico. Durante a entrevista, o ministro citou que “talvez Manaus seja a única cidade do mundo com mais de dois milhões de habitantes que não tem acesso por asfalto”, reforçando que o restabelecimento dessa ligação permanece como prioridade da atual gestão.



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