Publicada em 30/12/2025 às 09h31
A permanência de um vereador do Partido Liberal de Rondônia, atualmente preso por decisão judicial no âmbito da Operação Godos, passou a ser questionada publicamente por integrantes do próprio campo político alinhado à legenda. Em vídeo divulgado nas redes sociais, Bruno Scheid, vice-presidente da sigla, afirmou ter cobrado novamente uma posição do comando estadual do PL diante da situação do parlamentar investigado por suposta ligação com a Liga dos Camponeses Pobres (LCP).
Segundo Scheid, a cobrança foi direcionada ao responsável pela condução do partido no estado, com o objetivo de provocar uma resposta rápida da legenda. Ele sustentou que a manutenção do vínculo partidário, mesmo com o vereador preso, não deveria ocorrer. “Anda com bandido, bandido é”, declarou, ao classificar a LCP como uma organização criminosa atuante em Rondônia.
No pronunciamento, Scheid afirmou que o parlamentar segue recolhido e, ao mesmo tempo, permanece filiado ao PL, condição considerada por ele incompatível com a linha defendida nacionalmente pela sigla. O vídeo menciona que esse tipo de situação não seria admitido pela direção nacional do partido nem por Jair Messias Bolsonaro, que inclusive também está preso, principal liderança política da legenda.
Ainda de acordo com Scheid, a expectativa é de que o presidente estadual do PL em Rondônia, o senador Marcos Rogério, também não concorde com a permanência do vereador nos quadros partidários. Ele afirmou que novas cobranças continuarão sendo feitas até que a direção estadual adote providências formais para o desligamento do filiado.
A manifestação ocorre após decisão do Tribunal de Justiça de Rondônia que manteve a prisão temporária do vereador reeleito de Nova Mamoré, Jair Alves de Oliveira, conhecido como Jair da 29. O parlamentar é investigado na Operação Godos, que apura a atuação de uma organização criminosa suspeita de grilagem de terras no estado. A prisão foi decretada pela 2ª Vara de Garantias de Porto Velho e posteriormente prorrogada.
Em 23 de dezembro de 2025, o TJ-RO negou liminar em habeas corpus apresentado pela defesa, que alegava ausência de contemporaneidade dos fatos, inexistência de risco concreto à investigação e possibilidade de aplicação de medidas cautelares alternativas. O relator entendeu, em análise preliminar, que não havia ilegalidade manifesta capaz de justificar a concessão da tutela de urgência.
A decisão judicial aponta que o vereador mantinha relação direta com Gedeon José Duque, identificado como líder da organização criminosa investigada, além de suposta participação em negociações envolvendo medições de terras extorquidas, reabertura de estradas e aquisição de áreas invadidas. O magistrado também citou relatório financeiro que indicaria movimentação superior a R$ 1,5 milhão, considerada, em tese, incompatível com a renda declarada.
Em novembro, o PL divulgou uma nota oficial em Rondônia. No documento, a sigla afirma que abriria “imediatamente um procedimento interno de apuração, para esclarecer todos os fatos e verificar eventual vínculo ou participação do vereador citado”. O texto ressalta que “ninguém será pré-julgado” e que a investigação seguirá “o devido processo, respeitando o princípio da presunção da inocência”.



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