Publicada em 30/10/2025 às 14h52
Porto Velho, RO – Na 155ª Sessão Deliberativa Ordinária do Senado Federal, realizada na tarde de quarta-feira, 29 de outubro de 2025, o senador Confúcio Moura (MDB-RO), presidente da sessão, fez um pronunciamento contundente sobre a escalada da violência no país, com destaque para os recentes episódios no Rio de Janeiro. Único representante da bancada federal de Rondônia aliado ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, Confúcio usou o plenário para alertar sobre o que chamou de “desordem institucional” que, segundo ele, enfraquece a capacidade do Estado de enfrentar o crime organizado.
Ao abrir a sessão, o senador registrou a presença de alunos do curso de Direito da Faculdade Católica de Jaraguá do Sul (SC) e explicou o caráter semipresencial do encontro. Em seguida, iniciou seu discurso abordando a violência urbana e o avanço das facções criminosas no Brasil. “A insegurança que tomou conta do país não é apenas a violência nas ruas. É algo mais profundo e mais grave. É a desordem institucional que se instalou no Brasil”, afirmou o parlamentar.
Durante sua fala, Moura destacou que o poder público perdeu capacidade de coordenação e que as ações de combate ao crime permanecem fragmentadas. “Enquanto o poder público se fragmenta, as organizações criminosas se estruturam, se modernizam, utilizam tecnologia de ponta, comunicação cifrada, gestão de dados, logística quase empresarial”, declarou, ao comentar o crescimento do Comando Vermelho e suas ramificações nacionais e internacionais.
O senador afirmou ainda que o Estado brasileiro reage de forma atrasada e desarticulada, sem planejamento de longo prazo. “O que estamos presenciando é a falência de um modelo de justiça criminal e de política de segurança pública fragmentada, que atua em silos, sem estratégia unificada e sem visão de longo prazo”, disse.
Em outro trecho, Confúcio Moura ressaltou a inexistência de um cadastro nacional de organizações criminosas e criticou a falta de integração entre as polícias e o sistema de justiça. “Cada órgão atua isoladamente: a polícia civil, num estado; a polícia militar, em outro; o Ministério Público, com seus próprios sistemas; e a Justiça, muitas vezes, sem acesso pleno às informações das investigações”, pontuou.
O senador também citou Rondônia ao exemplificar o que classificou como “desordem institucional”, mencionando o conflito fundiário no município de Alvorada D’Oeste entre famílias assentadas pelo Incra e a Funai, que reconheceu a área como Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau. “É dessa desordem institucional que estou falando”, enfatizou.
Ao defender um novo pacto nacional de segurança, Moura afirmou que o combate ao crime não pode ser reduzido à repressão armada. “Segurança pública não se faz com armas — ou só com armas —; faz-se com dados, com inteligência, com investigação, com estratégia, com a presença do Estado nas escolas, nas ruas e nas comunidades”, disse. Para ele, é necessário um sistema nacional integrado de dados e políticas públicas articuladas entre União, estados e municípios.
No encerramento do discurso, o senador convocou o Congresso Nacional a priorizar propostas que modernizem o sistema de segurança e governança pública. “Chegou a hora de o Congresso se unir, porque este assunto está acima de partidos. O crime não pode ser fatiado em partidos políticos, e ninguém defende o crime”, concluiu.



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