Publicada em 04/09/2025 às 10h52
Porto Velho, RO – O vice-governador Sérgio Gonçalves confirmou que é “pré-candidato e possível candidato, provável, certamente candidato a governo em 2026”, após compromisso assumido “tete a tete” com o presidente nacional do União Brasil, identificado como Rueda. “A decisão final vai ser da Nacional”, afirmou, ao comentar que a direção pondera “tudo que está sobre a mesa”, inclusive a condução do partido no estado e disputas internas. Questionado se manteria o nome mesmo com a permanência do governador Marcos Rocha no cargo, respondeu que pretende sustentar a pré-candidatura, mas disse que a definição passará por “quadros dentro do partido” e pelas lideranças.
A entrevista, conduzida por Robson Oliveira no podcast Resenha Política, realizado em parceria exclusiva com o Rondônia Dinâmica, colocou em sequência os temas de maior fricção no debate estadual. Sobre a crítica à alta carga tributária e a decisão do próprio governo de aumentar alíquotas “dois, três anos atrás”,
Gonçalves rejeitou contradição: “Foi necessário. É um remédio amargo que teve que ser tomado”. Segundo ele, a recomposição se deu após perda de arrecadação “com as decisões do governo federal” e para manter serviços. No plano estrutural, defendeu “liberdade econômica”, desburocratização e eficiência pública: “A questão do alívio da carga tributária passa obrigatoriamente por melhoria na gestão pública… Se você tem eficiência na gestão, te alivia recursos e você pode ter a chance de reduzir carga tributária de forma inteligente”.
A relação com Marcos Rocha, após desavenças públicas, foi tratada como “amistosa” e “de respeito”. O vice disse manter “um horizonte para 2026” com o governador e rechaçou ruptura: “Eu nunca quebrei o acordo… Infelizmente tem muita fofoca”. Em cenário de eventual candidatura de Rocha ao Senado, Gonçalves declarou: “O governador é o nosso candidato a Senado e com certeza nós vamos trabalhar junto olhando para frente em 2026”. Ao ser perguntado se faria um “cavalo de pau” caso assuma o governo antes da eleição, respondeu: “De forma alguma… Preservando tudo que deu certo. Tem mudanças que podem ser necessárias”.
A segurança pública, diante de episódios recentes de violência em Porto Velho, foi listada como alvo de ações imediatas. O vice reconheceu “um desafio, principalmente na questão das facções”, mas disse que “Rondônia não é um estado… entregue ao crime”. Prometeu “presença mais ostensiva e uso de inteligência”, com foco em se antecipar às ações criminosas: “Nós pretendemos dar o que eu chamo de tiros curtos e também de alto impacto na segurança pública”. Sobre críticas de adversários — citadas por Robson Oliveira ao mencionar o senador Marcos Rogério — Gonçalves afirmou: “Toda crítica, se for para melhorar, ela é bem-vinda”.
Na saúde, apontada por pesquisas citadas pelo apresentador como um dos principais problemas ao lado da violência, o vice propôs aumentar a eficiência das estruturas existentes antes de novas obras. “Tem uma expectativa de um hospital novo e é necessário. Mas a gente precisa aumentar a eficiência do que está posto”, disse. Sem detalhar medidas, sustentou ser possível “mais do que duplicar” a produtividade de salas cirúrgicas “com os mesmos recursos”: “Não vou poder entrar agora na forma… mas tem formas”.
A agenda econômica foi abordada sob dois eixos: ambiente de negócios e logística. Gonçalves classificou o Brasil como “hostil a quem empreende”, defendeu “desoneração” e citou o programa Geração Emprego, que, segundo ele, acelerou o encontro entre empresas e trabalhadores: “Quando eu saí da secretaria, eram mais de 100 mil trabalhadores usando esse serviço… Mais de 5 mil empresas”. Afirmou ainda que Rondônia tem “a taxa de desemprego… ou primeiro colocado do país ou o segundo” entre as mais baixas. Na infraestrutura, disse que a 364 “tá andando” e mencionou que “a hidrovia do madeira vai ser modernizada nos próximos anos”, projeto sob alçada federal que o estado “está acompanhando”. Sobre alternativas à BR-364, como uma via paralela, condicionou avanços à “eficiência da máquina pública” para liberar recursos.
O vice também tratou de regularização fundiária e relação com Brasília. Estimou “mais de 100 mil famílias” aguardando documentação e afirmou que o tema “passa pelo INCRA”, exigindo cooperação com a bancada federal e o governo federal. Relatou conversa com o presidente da República durante visita a Rondônia: “Falei para ele dos desafios… O presidente deixou muito claro que as portas estão abertas”. Para Gonçalves, “passou a campanha, os palanques precisam ser desmontados” para priorizar “a necessidade da população”.
Outro ponto sensível abordado foi a situação de empresa da família. Indagado sobre pagamento a servidores e acusações de calote, respondeu: “Sim, 95% dos funcionários estão pagos… Não, de forma alguma [houve calote]”. Explicou que, após a recuperação judicial, “quem passa a administrar a empresa é o administrador judicial”, informou a existência de “um fundo de recursos” “do leilão da empresa do meu pai, dos Benz” e negou participação societária: “Trabalhei na empresa, mas nunca fiz parte do quadro societário”. Segundo ele, “tem lá mais de 70 milhões de reais ainda pra pagar”, com saldo “em torno de 4, 5 milhões” de trabalhistas pendentes, “nas mãos, depende só de questões legais”: “O trabalhista tá garantido”.
Gonçalves organizou minúcias de gestão e campanha. Repetiu que Rondônia deve crescer “4,7%” em 2025, “o segundo melhor crescimento do país”, atrás de Mato Grosso, e descreveu descompasso entre o setor privado “a 120 km por hora” e o poder público “a 30 km por hora”. Mencionou viagens “na ponta do abunã”, onde ouviu produtores pedirem “estrada” e “ponte” para escoar safra. Relatou contatos protocolares com o governador em solenidade empresarial — “foi amistoso, como sempre” — e reforçou que sua equipe já estuda “saúde, segurança pública, infraestrutura e emprego”. Sobre comunicação com a sociedade, exaltou a necessidade de devolver serviços proporcionais aos impostos:
“Quando a gente devolve uma entrega pra população, a gente não tá dando um presente… é o dinheiro que foi tirado da própria população”. No início e no encerramento do programa, Robson Oliveira pediu que a audiência “continue compartilhando” nas plataformas do Resenha Política, informou horários de exibição — “terça e quinta pelo site em Rondônia Dinâmica” e “sábado e domingo… representados pela TV Rema, às 23 horas” — e agradeceu a “velocidade” da assessoria do vice em viabilizar a entrevista.



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