Publicada em 26/08/2025 às 15h51
O governo federal estuda a implantação de uma usina hidrelétrica binacional em cooperação com a Bolívia, utilizando o potencial hídrico do Rio Madeira, em Rondônia. A iniciativa foi anunciada pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, na última sexta-feira (22), durante a apresentação dos resultados do leilão de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), voltado para geração de até 50 megawatts (MW).
Ao comentar o certame, Silveira destacou que o processo representa a retomada dos investimentos no setor e abre caminho para novos empreendimentos de maior porte. “Hoje celebramos a retomada da indústria hidrelétrica no Brasil. Este é mais um Marco histórico do governo Lula. Acabamos de fazer o leilão das PCHs de hidrelétricas até 50 megawatts, sucesso que é um passo fundamental em direção a uma transição energética justa e inclusiva”, afirmou.
Um dos pontos centrais de sua fala foi a possibilidade de uma usina binacional inspirada em Itaipu, que desde 1984 opera de forma conjunta entre Brasil e Paraguai. Segundo o ministro, já houve diálogo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a proposta. “Para retomada das grandes hidrelétricas, ampliamos a cooperação técnica com a Bolívia para aproveitar o potencial do Rio Madeira. Falei com o presidente Lula sobre a importância de enfrentarmos esse debate e a ideia é garanto avançar. Quem sabe uma nova binacional está a caminho, repetindo o sucesso de Itaipu”, declarou.
O anúncio integra a estratégia do governo de fortalecer a segurança energética diante do crescimento das fontes renováveis intermitentes, como solar e eólica. Nesse contexto, as PCHs contribuem para a estabilidade do sistema elétrico por estarem localizadas próximas aos centros de consumo, reduzindo perdas de transmissão.
O Rio Madeira, localizado na região Norte, é um dos maiores afluentes da Bacia Amazônica e já concentra empreendimentos de grande porte em Rondônia, como as usinas de Santo Antônio e Jirau. Estudos técnicos indicam que ainda existe potencial a ser explorado, inclusive em áreas que poderiam ser desenvolvidas de forma conjunta com a Bolívia.
A eventual construção de uma usina binacional Brasil-Bolívia pode ampliar a integração energética regional e criar oportunidades de investimento em ambos os países, além de fortalecer relações comerciais e diplomáticas.
O governo aponta a expansão hidrelétrica como parte da estratégia de diversificação da matriz energética e alinhamento a metas de sustentabilidade. No entanto, as discussões sobre novos projetos de grande porte envolvem também aspectos ligados à preservação ambiental e às comunidades locais.
Enquanto as negociações avançam, o setor elétrico acompanha os desdobramentos. A experiência de Itaipu, que levou mais de uma década entre estudos, tratativas diplomáticas e construção, é mencionada como parâmetro para projetos de mesma escala. Caso seja confirmada, a usina no Madeira poderá consolidar um novo marco de integração energética entre Brasil e Bolívia.



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