
Publicada em 30/06/2025 às 10h46
PORTO VELHO (RO) - A manifestação organizada por Jair Bolsonaro e Silas Malafaia na Avenida Paulista na tarde de ontem (29) reuniu apenas 12,4 mil pessoas, segundo levantamento da USP. É um número modesto para quem ainda se apresenta como o principal líder da direita no país — e ainda mais simbólico para quem, como o senador Marcos Rogério (PL), aposta alto no capital político de Bolsonaro para 2026.
Rondônia, historicamente fiel ao bolsonarismo nas urnas, deve olhar com atenção para o esvaziamento do ato. O que antes parecia ser garantia de transferência de votos começa a parecer uma aposta arriscada. Marcos Rogério, que esteve ao lado de Bolsonaro na Paulista, ensaiando mais uma vez seu nome para o governo estadual, precisa refletir: até que ponto a bênção do ex-presidente ainda rende votos no estado?
O discurso do senador seguiu o roteiro previsível da narrativa bolsonarista — ataques ao STF, à imprensa e defesa do “mito injustiçado”. Mas o cenário atual não é mais 2018. Bolsonaro está inelegível, acuado por investigações, e enfrentando dificuldades até para mobilizar sua base mais fiel. Em abril, outro ato na mesma Paulista havia reunido mais de 44 mil pessoas. Desta vez, o número caiu drasticamente, mesmo com ampla divulgação e presença de aliados.
Silas Malafaia, em tom agressivo, atacou até setores da própria direita, que chamou de “prostituída” por não defender de forma integral a anistia. O gesto escancarou a fragmentação do campo bolsonarista, que parece mais preocupado em encontrar culpados do que em construir pontes para o futuro.
O colunista Herbert Lins, do jornal Rondônia Dinâmica, escreveu: “Flopou o ato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Avenida Paulista no dia de ontem (29). Segundo a USP, apenas 12,5 mil pessoas compareceram. É o menor público desde a 1ª manifestação convocada pelos líderes da extrema-direita no Brasil. As imagens aéreas do evento revelam o fiasco de público. Não sou Nostradamus, mas levantei a hipótese em relação à queda de popularidade do ex-presidente Jair Bolsonaro após o depoimento ao ministro Alexandre de Moraes do STF. O ex-presidente Bolsonaro se revelou um líder frouxo e covarde na presença do ministro Moraes, diferente da imagem construída do mito antissistema no intuito de ser eleito presidente da República".
O esvaziamento da Paulista lança dúvidas sobre a viabilidade da estratégia que Bolsonaro pretende aplicar em Rondônia. O ex-presidente já declarou que quer fazer “barba, cabelo e bigode” no estado, elegendo o governador e os dois senadores da chapa bolsonarista.
Na cabeça da articulação está Marcos Rogério, que tenta o governo mais uma vez. Para o Senado, além do nome do deputado Fernando Máximo, Bolsonaro também aposta em um neófito na política: o pecuarista Bruno Scheid, de Ji-Paraná, considerado seu aliado pessoal e figura de confiança. Scheid nunca ocupou cargo eletivo, mas é tratado nos bastidores como o nome que carrega o “selo Bolsonaro” para uma das cadeiras do Senado por Rondônia.
No próximo mês, Bolsonaro tem agenda confirmada em Rondônia. A visita será uma oportunidade concreta para medir o tamanho de sua influência no estado. Após o ato esvaziado em São Paulo, a passagem por território rondoniense pode funcionar como termômetro para avaliar se o ex-presidente ainda mobiliza multidões ou se sua popularidade, enfim, começa a perder força também por aqui.
Senador Marcos Rogério é um homem de bem e um grande representante de Rondônia em Brasília, no Senado Federal. Anistia Já! Ah! quero vê a esquerda colocar 10 pessoas nas ruas!