Publicada em 20/05/2025 às 08h10
A cada nova eleição, milhares de políticos são eleitos com votos de confiança, promessas feitas nas ruas e discursos inflamados. Mas poucos meses depois, muitos desses mandatos já perderam o fôlego. Sumiram. Desapareceram da vida do eleitor. A voz que antes ecoava nas redes sociais, nos programas de rádio, nas visitas aos bairros e nos grupos de WhatsApp virou silêncio. É assim que um mandato morre. E o pior é que isso acontece bem antes do fim do mandato no papel. A morte política é o apagamento da presença. É o esquecimento.
A maioria dos vereadores e deputados esquece que o mandato não é apenas um exercício de poder legislativo, mas uma jornada contínua de comunicação. Mandato que não fala, não escuta, não aparece e não se conecta, morre. A comunicação estratégica não é um acessório, é o coração de um mandato forte, presente e lembrado. A política vive da percepção. E a percepção é construída todos os dias, nas pequenas ações que são divulgadas, nas respostas que são dadas, nas críticas que são enfrentadas com postura e coerência.
Os números mostram o tamanho do alerta. Em 2024, apenas 40% dos vereadores conseguiram a reeleição no Brasil. Ou seja, a maioria, 60%, não voltou. Foram deixados para trás nas urnas. Isso não é apenas renovação. Isso é sinal de mandatos que morreram no caminho. Mandatos que falharam em se comunicar, em mostrar serviço, em se manter vivos na memória e no coração das pessoas.
Não basta fazer. Tem que mostrar que fez. Não basta falar. Tem que ser ouvido. Não basta estar nas redes. Tem que saber se posicionar. A ausência nas plataformas digitais, a falta de clareza no discurso, a incoerência entre o que se fala e o que se faz, tudo isso vai corroendo a imagem de quem foi eleito para representar. É assim que se perde a força. É assim que se cava o esquecimento.
Um bom mandato tem voz, tem cara, tem posicionamento. Quem não tem identidade, vira genérico. Quem não tem estratégia, vira alvo fácil. A construção da imagem pública exige constância, narrativa, coragem para ouvir e maturidade para responder. Quem foge da crítica, se esconde da população. Quem ignora a comunicação, abre mão do próprio futuro político.
É preciso ocupar os espaços. Do Instagram ao rádio comunitário. Da tribuna ao grupo de moradores do bairro. Estar onde o povo está. Falar a língua do povo. Explicar, justificar, prestar contas. E não apenas nas vésperas da eleição. Quem aparece só no ano do voto, carrega a desconfiança no olhar do eleitor. A memória política pode até ser curta, mas o sentimento de abandono é duradouro.
Mandato que não se comunica, se complica. Porque quem não fala de si, deixa que falem por ele. E o vácuo da comunicação é sempre preenchido por boatos, críticas e versões distorcidas. A comunicação estratégica é a ponte entre o que se faz e o que as pessoas entendem. Entre a ação e o reconhecimento.
Não adianta chorar depois do resultado das urnas. A reeleição começa no dia seguinte da posse. Cada semana sem presença, cada mês sem estratégia, cada ação sem divulgação, é um passo rumo à irrelevância. Quem não quer deixar o mandato morrer, precisa agir como quem quer permanecer vivo politicamente. E isso exige planejamento, autenticidade, constância e conexão.
O mandato só morre quando o político desiste de comunicar. Não deixe o seu morrer.
Ivan Lara – Estrategista, consultor de marketing político e especialista em comunicação governamental


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