
Publicada em 21/04/2025 às 11h45
Foto: Internet/Reprodução
Além da morte do Papa Francisco, que ocorreu hoje (21) — informação que predomina na imprensa mundial —, em Rondônia, a BR-364 volta a ser assunto prioritário, como ocorre todos os anos no final de cada período de Inverno Amazônico (chuvas diárias durante meses seguidos). Trata-se da principal rodovia federal do Estado, responsável pelo transporte de cargas em períodos de safra de grãos (soja, milho, café), além de carne de gado, suíno e frango, por cerca de 2,5 mil veículos pesados por dia (carretas, bitrens, treminhões, bitrenzões) para exportação, via porto graneleiro de Porto Velho, no Rio Madeira.
A situação crítica da BR-364, especialmente no trecho entre Porto Velho e Vilhena — com cerca de 700 quilômetros —, conhecido como “Corredor da Morte” devido aos inúmeros acidentes, a maior parte com vítimas fatais, tem sido o principal assunto no noticiário regional. Nos últimos dias, ocorreram vários acidentes, e quase uma dezena de pessoas perdeu a vida, além de vítimas com ferimentos graves, veículos destruídos, cargas perdidas e famílias enlutadas. Esse é o cenário desde o início da Semana Santa.
Recentemente, nossa bancada federal “acordou” para a situação da BR-364, após o Governo Federal publicar edital para terceirizar a rodovia no trecho Porto Velho–Vilhena. Foi uma “gritaria” geral de deputados federais e senadores, que estavam inertes diante de um problema grave e antigo. Tentaram até impedir o leilão, sem sucesso, porque não tinham embasamento legal.
O consórcio formado pela 4UM Investimentos e pelo banco Opportunity foi o único a participar do processo e ofereceu um lance mínimo, com um desconto de apenas 0,05% sobre a tarifa básica do pedágio. A concessão, que abrange 687 km da rodovia, terá duração de 30 anos, sendo que apenas 110 quilômetros terão pista dupla; o restante será restaurado, com terceiras faixas em pontos críticos.
Na próxima quinta-feira, o presidente Lula da Silva (PT) estará em Rondônia para cumprir agenda, e o assunto mais importante será a assinatura do acordo para a construção do Hospital Universitário da Universidade Federal de Rondônia (Unir), dentre outras prioridades.
Rondônia não é um Estado lulista — Lula perdeu as eleições nos dois turnos em 2022 para Jair Bolsonaro (PL) —, mas sempre foi governista. Atualmente, responde pelo sexto maior rebanho bovino do Brasil e, a cada ano, crescem as produções de soja, milho e café. É um Estado importante para a economia nacional, com pouco mais de 40 anos de emancipação política.
A visita de Lula será um momento de enorme importância para o futuro político de Rondônia. Política é a “arte de negociar” e, por isso, a passagem do Presidente da República pelo Estado precisa ser destacada, respeitada e comemorada. A maioria do eleitorado de Rondônia não é inimiga de Lula, mas adversária — o que é normal em uma democracia.
A Presidência da República é um cargo transitório, e Lula está em seu quinto mandato. Não é nenhum principiante na vida pública. Ele tem plena ciência de que Rondônia — um Estado em pleno crescimento econômico, social, agrícola e pecuário, com um porto de grande relevância para exportações, que rende divisas ao País — precisa de apoio político federal.
A duplicação imediata da BR-364 no trecho entre Porto Velho e Vilhena seria um verdadeiro presente de Páscoa para Rondônia e evitaria mais óbitos no temido “Corredor da Morte”.
O presente seria ainda maior se o 5º Batalhão de Engenharia de Construção (BEC) fosse encarregado do trabalho, com custo mínimo e eficiência garantida. Basta checar as obras executadas há anos no recapeamento do trecho duplicado entre Porto Velho e Candeias do Jamari, e o reparo definitivo na curva antes da entrada da Linha Triunfo, sentido Porto Velho–Ariquemes, locais que nunca mais apresentaram problemas.
Segundo um sábio político de Rondônia, “política não se faz com ódio”.