Publicada em 21/05/2024 às 16h27
A morte do presidente do Irã em um acidente de helicóptero embaralhou a disputa pelo poder no país. Ebrahim Raisi era um dos nomes mais cotados para ser o sucessor do líder-supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, como explica Leonardo Trevisan, professor de Relações Internacionais da ESPM.
"Ele estava sendo preparado para ser o sucessor de Khamenei. É aqui que a situação fica mais difícil. É muito claro e é bastante provável que nesse contexto que Raisi não pode substituir Khamenei, é nesse contexto que a sucessão de Khamenei se abre. Há um choque político interno nesta cúpula iraniana que pode ou não chegar às ruas."
Agora, o caminho fica aberto para Mojtaba Khamenei, filho de Khamenei, como explica Trevisan em entrevista ao podcast O Assunto desta terça-feira (21).
"Mojtaba Khamenei tem cargos mais ou menos estruturados dentro do espectro político iraniano, ele avançou em cargos administrativos, ele tem um grupo político em torno dele. Isso é um fato."
Mas, ao mesmo tempo, o nome de Mojtaba também criaria um paradoxo para o país — a Revolução Iraniana nasceu justamente da luta contra as dinastias dos xás.
"Há um obstáculo. Um dos primeiros, um dos principais poderes da revolução iraniana, era extinguir as dinastias do xás antigos iranianos. Olha que coisa cruel que é a história. Agora nós vamos criar uma dinastia de xás igualzinha aquela?"
"É nesse sentido que a gente vai entender melhor a luta política. Aqueles grupos de extrema-direita que chegaram ao parlamento iraniano vão perder para quem? A ortodoxia radicalizada deles vai levar para que lado, exatamente, tanto a sucessão do presidente como a sucessão do próprio Khamenei? Esse quadro deixa um espaço em aberto. Esse quadro deixa exatamente uma preocupação muito alta."
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