Publicada em 02/12/2025 às 15h29
O Papa Leão XIV se reuniu nesta segunda-feira (1º) com líderes de comunidades religiosas do Líbano e pediu a coexistência pacífica das diferentes crenças na região.
"Que cada toque de sino, cada 'adhan', cada chamado à oração se fundam em um único e sublime hino", disse ele, usando o termo árabe para a chamada muçulmana à oração.
Leão XIV deve concluir em breve sua primeira viagem internacional como pontífice. Ele visitou a Turquia e o Líbano, antigas terras bíblicas onde ele tem defendido o avanço da unidade cristã e religiosa em geral, bem como a causa da paz.
O principal compromisso desta segunda-feira foi um encontro inter-religioso na Praça dos Mártires, em Beirute, com os patriarcas cristãos do país e líderes espirituais sunitas, xiitas e drusos reunidos sob uma tenda. Após ouvirem hinos e leituras da Bíblia e do Alcorão, Leão elogiou a tradição libanesa de tolerância religiosa como um farol do “dom divino da paz” na região.
O Papa Leão XIV reza diante do túmulo de São Charbel Makhlouf no Mosteiro de São Maroun, em Annaya, Líbano. — Foto: AP Photo/Domenico Stinellis, Pool
O local escolhido para a cerimônia também carrega um simbolismo: por lá passava a chamada "linha verde" até os anos 1990, que dividia os habitantes cristãos e muçulmanos pela capital do país.
“Numa época em que a coexistência pode parecer um sonho distante, o povo do Líbano, ao mesmo tempo que abraça diferentes religiões, representa um poderoso lembrete de que o medo, a desconfiança e o preconceito não têm a última palavra, e que a unidade, a reconciliação e a paz são possíveis”, afirmou.
As palavras do papa ressaltaram a importância vital do Líbano e de sua comunidade cristã para a Igreja Católica, um lugar que João Paulo II descreveu como mais do que apenas um país, mas uma mensagem de liberdade para o resto do mundo. Ao final do evento, os líderes espirituais plantaram uma muda de oliveira como símbolo da paz.
O Líbano é um dos países mais religiosamente diversos do mundo, com diferentes vertentes islâmicas (como sunitas, xiitas e alauítas), cristãs (maronitas, católicos armênios, ortodoxos, siríacos etc), entre e de outras religiões.
Embora o Líbano seja hoje frequentemente citado como um modelo de coexistência religiosa, nem sempre foi assim. A guerra civil do país, de 1975 a 1990, foi travada em grande parte segundo linhas sectárias.
Momento de tensão
A visita de Leão XIV ocorre em um momento de profunda tensão para o pequeno país mediterrâneo, após anos de conflitos, crises econômicas e impasse político, culminando com a explosão no porto de Beirute em 2020. Em meio ao conflito em Gaza e ao agravamento das tensões políticas no Líbano, a visita do papa foi recebida pelos libaneses como um sinal de esperança.
“Nós, libaneses, precisamos desta visita depois de todas as guerras, crises e desespero que vivenciamos”, disse o padre Youssef Nasr, secretário-geral das Escolas Católicas do Líbano. “A visita do Papa dá um novo impulso aos libaneses para se reerguerem e se manterem unidos em seu país.”
Mais recentemente, o Líbano tem estado profundamente dividido devido aos apelos para que o Hezbollah, grupo militante e partido político libanês, entregue as armas após a guerra travada com Israel no ano passado, que deixou o país em grande sofrimento.



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