Publicada em 20/12/2025 às 10h37
PORTO VELHO (RO) - Desde o início do mandato, o prefeito Léo Moraes adotou uma estratégia clara de comunicação direta com a população. A presença diária em redes sociais transformou-se em uma marca pessoal do gestor. Vídeos frequentes, linguagem simples e a exposição constante do cotidiano administrativo ampliaram o contato direto com o público, aproximando o prefeito da rotina da cidade e criando um canal de interlocução sem filtros institucionais tradicionais. O investimento em marketing pessoal foi evidente — e, justamente por isso, provocou reações.
Parte da crítica política e administrativa avaliou, naquele primeiro momento, que a gestão poderia se limitar à construção de imagem. O entendimento era o de que a comunicação intensa corria o risco de se sobrepor às entregas, reduzindo o governo a uma vitrine digital. Léo Moraes não evitou o rótulo nem recuou da estratégia. Ao contrário, manteve a exposição e assumiu o ônus da cobrança: o de demonstrar, ainda no primeiro ano, que havia substância administrativa para além das redes.
A resposta veio no campo mais sensível da política pública municipal: a saúde. Em agosto, durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Porto Velho, o prefeito assinou o contrato que viabilizou o primeiro Hospital Municipal Universitário da capital. Em dezembro, o projeto já estava oficialmente anunciado, com a aquisição do Hospital das Clínicas, integração à rede municipal, parceria com a Universidade Federal de Rondônia e gestão prevista pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. O hospital, com 150 leitos, deixa de ser promessa para se tornar decisão administrativa consumada.
O peso dessa entrega altera o eixo da avaliação da gestão. Trata-se de um equipamento público inédito em Porto Velho, capaz de ampliar o acesso da população a serviços de média e alta complexidade pelo SUS, ao mesmo tempo em que estrutura um polo permanente de ensino, pesquisa e formação profissional. Mais do que isso, o modelo adotado — com custeio integral garantido pela União — afasta do município um impacto financeiro anual que, historicamente, inviabilizou iniciativas semelhantes.
O próprio prefeito resumiu o alcance da decisão ao afirmar: “Estamos plantando uma semente que vai transformar a saúde pública de Porto Velho. Esse hospital será um legado duradouro para nossa população”. A declaração se conecta a outras ações desenvolvidas ao longo do ano na área da saúde, como a retomada de serviços paralisados, a ampliação do atendimento especializado, a implantação da telemedicina em parceria com o Hospital Albert Einstein e a adoção de soluções digitais voltadas à redução de filas e custos. Ainda assim, diante da magnitude do hospital universitário, essas medidas assumem papel complementar na narrativa do primeiro ano.
A parceria com o governo federal, vista com reservas por parte da opinião pública local, acabou se traduzindo no ato administrativo mais relevante da gestão em 2025. O hospital funciona como síntese de uma articulação política que superou divergências ideológicas em favor de um resultado concreto.
Não por acaso, a percepção registrada na própria capital passou a refletir esse movimento.
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Léo Moraes figura entre os prefeitos mais bem avaliados do Brasil com 75% de aprovação
Levantamento da AtlasIntel, divulgado pelo UOL, apontou que 75% dos moradores de Porto Velho aprovam a gestão de Léo Moraes. O índice, aferido a partir de entrevistas realizadas na própria cidade e depois comparado proporcionalmente com os resultados das demais capitais, colocou o prefeito entre os três mais bem avaliados do país e com uma das menores taxas de rejeição no conjunto analisado. O dado não elimina críticas nem encerra debates, mas ajuda a explicar por que a gestão passou a ser observada sob outra lente após a consolidação do hospital universitário.
Ao final do primeiro ano, o balanço se impõe com clareza. A comunicação intensa abriu caminho e expôs o governo ao escrutínio permanente. A entrega do Hospital Municipal Universitário, porém, deslocou o debate do terreno da imagem para o dos fatos. Em política, visibilidade pode gerar desconfiança; decisões estruturantes, quando se concretizam, tendem a encerrar a discussão.



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