Publicada em 26/12/2025 às 10h41
PORTO VELHO (RO) - O senador Confúcio Moura (MDB) voltou a sinalizar convergência com pautas tradicionalmente associadas à esquerda e ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao publicar, na semana do Natal de 2025, uma mensagem em tom informal nas redes sociais destacando temas como redução da jornada de trabalho, isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, ampliação de programas habitacionais, CNH mais barata e a retomada do projeto da ponte binacional. A publicação ocorre poucos dias após o parlamentar divulgar um artigo em que descreve o MDB como um partido de centro, sem referência explícita a alinhamentos ideológicos ou ao governo federal. Aliás, o post se alinha quase completamente à mensagem de véspera de Natal veiculada pelo mandatário do Planalto.
Na mensagem natalina, Confúcio não cita diretamente o presidente da República nem classifica as propostas sob qualquer rótulo ideológico. Ainda assim, os tópicos elencados são associados a agendas defendidas por partidos de esquerda e por políticas anunciadas ou em execução pelo governo Lula. “Dá pra falar de coisa boa, brindar conquistas e, quem sabe, deixar o tio do pavê só responsável pela sobremesa”, escreveu o senador ao desejar “Feliz Natal e boas conversas”.
A publicação marca um contraste temporal com o artigo “MDB da unidade – não da unanimidade”, divulgado em seu blog oficial no domingo, 14 de dezembro de 2025. No texto, Confúcio descreve o MDB como uma legenda de centro, caracterizada pela convivência entre correntes distintas e pela rejeição à unanimidade interna. “Unidade não é unanimidade. E é exatamente isso que define um verdadeiro partido de centro”, escreveu o parlamentar, sem mencionar preferências ideológicas pessoais nem alianças com o governo federal.
O artigo foi publicado um dia após a divulgação de um editorial do site Rondônia Dinâmica, em 13 de dezembro, que analisou dados de uma pesquisa Real Time Big Data sobre cenários eleitorais para o Governo de Rondônia e o Senado em 2026. No levantamento, Confúcio Moura aparece em posições intermediárias, atrás de nomes como Marcos Rocha, Sílvia Cristina, Marcos Rogério, Fernando Máximo, Ivo Cassol e Adaílton Fúria. O editorial relacionou o desempenho do senador ao seu alinhamento declarado com o presidente Lula em um estado descrito como majoritariamente conservador.
RELEMBRE:
Depois de pesquisa desfavorável, Confúcio Moura descreve MDB como legenda de centro
No texto de 14 de dezembro, Confúcio não faz referência direta à pesquisa nem ao editorial. Ele resgata a trajetória histórica do MDB, especialmente o período em que o partido atuou como oposição à ditadura militar, destacando a legenda como espaço de resistência democrática e abrigo de lideranças de esquerda durante a redemocratização. Também menciona a fragmentação partidária no país e as dificuldades de governabilidade decorrentes desse cenário.
Na condição de presidente estadual do MDB em Rondônia, o senador afirma adotar uma postura de incentivo à autonomia dos diretórios municipais, com estímulo ao diálogo interno e respeito às posições individuais dos filiados. Segundo o texto, sua atuação busca “chamar todos para o centro”, entendido como um espaço de convivência democrática entre diferentes visões.
O reposicionamento discursivo de 2025 contrasta com uma autodefinição publicada pelo próprio Confúcio em dezembro de 2023, também em seu blog. Na ocasião, no artigo intitulado “Vou deixar bem claro”, o senador afirmou de forma explícita: “Eu sou um político de centro-esquerda. Nunca neguei isto a ninguém”. No mesmo texto, relatou alianças predominantes com partidos como PT, PDT, PCdoB e PSB, declarou oposição a pautas associadas à direita, especialmente no campo ambiental, e registrou apoio formal ao governo Lula, afirmando integrar sua base no Senado.
Enquanto o artigo de 2023 apresenta uma identificação direta com a centro-esquerda e com o governo federal, o texto de dezembro de 2025 descreve o MDB exclusivamente como um partido de centro, sem retomar a autodefinição ideológica anterior. A postagem de Natal, por sua vez, volta a destacar temas caros à esquerda e ao governo federal, ainda que sem menções explícitas a rótulos políticos ou ao presidente da República.



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