Publicada em 24/11/2025 às 10h25
Presidente dos EUA, Donald Trump, recebe o ucraniano Volodymyr Zelensky na Casa Branca, em 17 de outubro de 2025 — Foto: Win McNamee/Getty Images/AFP
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou neste domingo que Kiev é grata aos Estados Unidos e ao presidente Donald Trump pelos esforços de apoio ao país em meio à guerra com a Rússia.
“A Ucrânia agradece aos Estados Unidos, a cada coração americano e, em especial, ao presidente Trump pela ajuda que, desde os mísseis Javelin, salva vidas ucranianas”, escreveu no Telegram, após Trump declarar que os líderes ucranianos demonstraram “zero gratidão” pela assistência norte-americana. (saiba mais abaixo)
Zelensky também agradeceu à Europa e aos grupos G7 e G20 pelo apoio, destacando que manter essa ajuda é essencial.
“Por isso trabalhamos com tanto cuidado em cada ponto, em cada passo rumo à paz”, afirmou. “Tudo precisa ser feito da maneira correta para que possamos realmente encerrar esta guerra e impedir que ela se repita.”
A declaração ocorre em meio à análise de um plano de paz proposto pelos Estados Unidos, que prevê concessões territoriais à Rússia e garantias de segurança limitadas para a Ucrânia.
Segundo um documento obtido pela agência de notícias Reuters, os países europeus apresentaram uma versão modificada do plano, rejeitando tanto os limites sugeridos para as Forças Armadas de Kiev quanto as concessões territoriais.
A proposta europeia prevê que o efetivo militar ucraniano seja limitado a 800 mil soldados “em tempos de paz”, em vez do teto de 600 mil sugerido pelo plano norte-americano.
O texto também estabelece que “as negociações sobre trocas territoriais” devem começar “a partir da Linha de Contato” — isto é, a área onde tropas ucranianas e russas se enfrentam atualmente —, em vez de pré-definir que determinadas regiões sejam reconhecidas como “de fato russas”, como propõem os EUA.
A contraproposta foi elaborada pelos chamados países europeus E3 — Reino Unido, França e Alemanha —, afirmou uma fonte familiarizada com o documento.
Embora use a proposta norte-americana como base, o texto europeu sugere alterações e exclusões ponto a ponto.
O documento também propõe que a Ucrânia receba uma garantia de segurança dos Estados Unidos e contesta a proposta de utilizar ativos russos congelados no Ocidente, principalmente na União Europeia.
'Pressão enorme'
Na sexta-feira (21), Zelensky disse que “a pressão sobre a Ucrânia é enorme".
"Podemos ter de escolher entre perder nossa dignidade ou correr o risco de perder um parceiro essencial”, disse.
“A pressão sobre a Ucrânia é enorme. Podemos ter de escolher entre perder nossa dignidade ou correr o risco de perder um parceiro essencial”, disse Zelensky em discurso à população na sexta-feira (21).
Segundo o presidente, Kiev vai “trabalhar com calma” com Washington e outros aliados para avaliar a proposta, prometendo agir “de forma construtiva”. Trump, no entanto, pressiona por uma resposta até quinta-feira (27).
Antes do pronunciamento, Zelensky conversou por telefone com o vice-presidente americano, JD Vance, mas não revelou detalhes da conversa.
Também manteve contato com os líderes da Alemanha, França e Reino Unido, que reafirmaram apoio à Ucrânia e elogiaram “os esforços de Donald Trump” para buscar o fim da guerra. O governo dos Estados Unidos, porém, surpreendeu aliados europeus ao apresentar o plano sem ampla consulta prévia.
Neste domingo, Trump usou a sua rede social, Truth Social, para criticar o governo ucraniano. Segundo ele, a Ucrânia expressou "nenhuma gratidão pelos nossos esforços", referindo-se ao papel de intermediação da Casa Branca em um possível acordo de paz.
Trump também fez críticas a países europeus que compram petróleo da Rússia, contrariando sanções econômicas colocadas sobre a exportação do produto que é considerado uma das grandes fontes de financiamento do poderio militar russo.



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