Publicada em 22/10/2025 às 15h05
O Brasil acaba de dar um passo histórico no combate ao Alzheimer. A Anvisa aprovou em abril o Kisunla (donanemabe), primeiro medicamento modificador da doença para estágios iniciais a chegar ao país. A decisão traz esperança para milhares de famílias que aguardavam por alternativas terapêuticas.
Desenvolvido pela Eli Lilly, o tratamento emprega anticorpos monoclonais para atingir diretamente as placas de beta-amiloide no cérebro – estruturas proteicas com comprovada participação na progressão da doença neurodegenerativa.
Um avanço significativo no combate ao Alzheimer
Um estudo internacional de fase 3, envolvendo 1.736 pacientes, demonstrou que o tratamento reduz o declínio cognitivo em 35% e diminui o risco de progressão da doença em 39%. Após 18 meses de terapia, exames comprovaram remoção significativa de placas amiloides em 76% dos participantes. Publicados em periódicos científicos de relevância, os resultados indicam maior eficácia para pacientes em estágios iniciais da doença.
Apesar dos benefícios, os neurologistas avaliam que o impacto clínico permanece modesto. O tratamento representa um atraso médio de 4,4 meses na progressão do declínio cognitivo – um avanço mensurável, porém insuficiente para caracterizar cura ou estabilização da doença.
No entanto, para neurologistas como o Dr. Raphael Spera, do Hospital Sírio-Libanês, a aprovação após duas décadas de estagnação é motivo de otimismo. "Praticamente ficamos 20 anos sem aprovação de novos medicamentos para a doença de Alzheimer. A chegada desse tipo de terapia inovadora realmente causa expectativa positiva na comunidade médica e entre os pacientes", afirma.
Diagnóstico em fase inicial é fundamental
O diagnóstico em fase inicial é um dos fatores mais determinantes para o sucesso de qualquer tratamento médico. Quando identificado precocemente, um problema de saúde pode ser tratado com mais eficácia, evitando complicações que muitas vezes tornam o processo mais longo, doloroso e oneroso.
É fato que, em diversas especialidades, como oncologia, cardiologia ou mesmo em questões relacionadas à saúde mental, a detecção antecipada aumenta significativamente as chances de recuperação e melhora a qualidade de vida do paciente.
No entanto, para que esse diagnóstico seja feito de forma correta, é essencial contar com profissionais altamente capacitados e com experiência comprovada. É nesse ponto que plataformas como a AvaliaMed oferecem uma contribuição valiosa.
Através dos feedbacks documentados por outros pacientes, é possível identificar os melhores médicos do Brasil, de acordo com avaliações na AvaliaMed e outras plataformas. Ou seja, médicos reconhecidos pela atenção, competência e precisão em seus atendimentos.
Isso confere mais segurança na escolha do especialista, especialmente em situações onde a decisão precisa ser tomada rapidamente. E essa segurança a AvaliaMed oferece, já que é uma das plataformas de avaliação de médicos mais seguras. Outro diferencial dela é a praticidade.
Além de reunir informações relevantes sobre a reputação dos profissionais, a plataforma possibilita marcar consultas de forma simples e rápida, reduzindo o tempo de espera e acelerando o acesso ao cuidado médico adequado.
Assim, o paciente tem à disposição não apenas uma ferramenta de busca, mas um aliado estratégico para garantir diagnósticos precoces e tratamentos mais assertivos, reforçando o papel da tecnologia como parceira da saúde.
Seleção rigorosa de pacientes e riscos envolvidos
O uso do donanemabe exige critérios rigorosos. A medicação é indicada apenas para casos de comprometimento cognitivo leve ou demência leve de Alzheimer, obrigatoriamente confirmados pela presença de placas de beta-amiloide no cérebro. A confirmação depende de análise do líquido cefalorraquidiano ou de um exame de PET-Amiloide, ambos de acesso ainda limitado na rede pública.
Entre os efeitos colaterais, estão mal-estar, tremores, calafrios e alterações na pressão, geralmente leves e passageiros. No entanto, a maior preocupação recai sobre as ARIA (Anormalidades de Imagem Relacionadas ao Amiloide), que podem se manifestar como edema cerebral ou micro-hemorragias.
"Existem dois tipos principais de ARIA: o edema, uma inflamação ligada à retirada da proteína, e a hemorragia, relacionada a microssangramentos", explica o Dr. Raphael Spera. "Devemos estimar cuidadosamente esses riscos para evitar ao máximo tais complicações." Por isso, o medicamento não é recomendado para portadores do gene ApoE ε4, que têm risco elevado de desenvolver esses efeitos graves.
As alterações da ARIA costumam ser assintomáticas e exigem monitoramento regular por ressonância magnética. "Essa vigilância precisa ser extremamente criteriosa, conduzida pelo médico responsável, já que as anormalidades predominam nas fases iniciais do tratamento", alerta o neurologista.
Perspectivas futuras: entre a esperança e a realidade
A chegada do donanemabe ao Brasil marca um avanço científico, mas sua aplicação prática esbarra em obstáculos que devem limitar seu alcance inicial. O diagnóstico representa o maior obstáculo: entre 75% e 95% dos casos de Alzheimer no país não são identificados corretamente, principalmente em estágios iniciais, quando o tratamento seria mais eficaz.
Entre pacientes mais jovens, o problema é ainda mais acentuado – sintomas frequentemente são atribuídos ao estresse ou a outras condições médicas. A acessibilidade é outra barreira relevante. Sem previsão de incorporação pelo SUS a curto prazo, o tratamento ficará restrito a uma minoria com capacidade de custeá-lo ou com planos de saúde que incluam o medicamento.
O acompanhamento exigido — com ressonâncias magnéticas frequentes e consultas regulares com neurologistas — também esbarra na falta de infraestrutura em muitas regiões do país.
A fabricante Eli Lilly investiu cerca de US$ 8 bilhões no desenvolvimento do Kisunla e deve iniciar negociações com governos e operadoras para ampliar o acesso. Especialistas em saúde pública ressaltam, porém, que a oferta pelo SUS dependerá não apenas do preço, mas da criação de uma rede capacitada para realizar o diagnóstico e o monitoramento contínuo que o tratamento exige.
Um passo à frente, mas com desafios
O donanemabe surge como a primeira terapia a agir diretamente sobre a causa subjacente do Alzheimer, superando a abordagem meramente sintomática. Seu potencial para frear a progressão da doença traz esperança concreta para milhões de famílias brasileiras. Contudo, o caminho para transformar esse avanço em acesso amplo, seguro e eficaz ainda esbarra em desafios estruturais consideráveis.
Enquanto as barreiras de acesso persistirem, a busca por médicos especializados e centros de referência torna-se crucial para pacientes que buscam tratamento. O futuro do combate ao Alzheimer no país dependerá não apenas de inovações farmacêuticas, mas da construção de um sistema de saúde capaz de incorporar esses avanços com equidade e eficiência.



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