Publicada em 10/09/2025 às 15h56
O Ministério da Defesa da Rússia afirmou que não teve a intenção de enviar à Polônia os drones de ataque que foram abatidos por caças poloneses e da Otan nesta quarta-feira (10). Os projéteis violaram o espaço aéreo do país e acirraram as tensões entre europeus e russos. (Leia mais abaixo)
“Não havia alvos planejados para serem atingidos em território da Polônia durante o ataque maciço das forças russas contra empresas do complexo militar-industrial ucraniano”, informou o Ministério da Defesa da Rússia, segundo a agência estatal russa RIA Novosti.
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O ministério afirmou que o alcance máximo dos drones usados em um ataque contra a Ucrânia nesta quarta não ultrapassam os 700 km, o que não seria suficiente para invadir o espaço aéreo polonês. A pasta minimizou o incidente ao mencionar que os projéteis "supostamente cruzaram a fronteira com a Polônia".
A Defesa russa disse ainda que se colocou à disposição para tratar sobre o tema com está disposto a realizar consultas sobre esse tema com o Ministério da Defesa da Polônia.
Mais cedo, o Kremlin se recusou a comentar o incidente e disse que "UE e Otan fazem acusações diárias contra a Rússia". Já o encarregado de negócios russo na Polônia, Andrey Ordash, que foi convocado pelo governo polonês para explicações, acusou o governo polonês de "acusações infundadas" em fala à agência estatal russa RIA Novosti.
O primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, afirmou que o país "está pronto para reagir a ataques e provocações" e que "nunca esteve tão perto de um conflito armado desde a 2ª Guerra Mundial".
Tusk também invocou o Artigo 4 da Constituição da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que determina a abertura de uma fase de consultas entre os países membros da Otan para uma ação conjunta em resposta a alguma invasão a um dos integrantes da aliança — caso da Polônia.
Esta é a sétima vez que o artigo é invocado desde a criação da Otan, em 1949. A última delas havia sido também por conta da guerra da Rússia na Ucrânia. Na ocasião, em 2022, a aliança fez uma reunião de emergência após um ataque com mísseis ter matado duas pessoas na Polônia e disparado o alarme global de que a guerra poderia se espalhar para os países vizinhos.
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Europeus repudiam
Ursula Von der Leyen em 20 de março de 2025 — Foto: Reuters/Yves Herman/File Photo
Também nesta quarta, líderes europeus repudiaram a violação do espaço aéreo da Polônia por drones russos. Leia abaixo.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que a União Europeia defenderá "cada centímetro quadrado" de seu território, e chamou a violação dos drones russos ao espaço aéreo polonês é "sem precedentes".
"Hoje, testemunhamos uma violação insensata e sem precedentes do espaço aéreo da Polônia e da Europa por mais de 10 drones russos Shahed. (...) O flanco oriental da Europa mantém toda a Europa segura, do mar Báltico ao mar Negro. Por isso devemos investir em apoiá-lo. A Europa defenderá cada centímetro quadrado de seu território", disse von der Leyen.
O primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, disse que seu país "nunca esteve tão perto de um conflito armado desde o fim da 2ª Guerra Mundial" e que "está pronto para reagir a provocações", caso necessário. (Leia mais abaixo sobre o incidente)
“Estamos lidando com uma provocação em grande escala. Estamos prontos para reagir a ataques e provocações. A situação é séria, e ninguém duvida de que devemos nos preparar para diversos cenários”, disse o premiê polonês.
O presidente da França, Emmanuel Macron, chamou o incidente de "simplesmente inaceitável".
Kaja Kallas, a alta representante da União Europeia para Assuntos Externos e Política de Segurança, disse que "a guerra da Rússia está escalando, não terminando", por isso é necessário aumentar sanções contra o país e investir na defesa da Europa e na "linha de defesa" que divide fronteira com os russos.
O premiê do Reino Unido, Keir Starmer, chamou o ataque de "extremamente inconsequente".
O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, disse que "intencional ou não, [o incidente] é absolutamente irresponsável e perigoso". Rutte também disse, de forma direta, "Putin, pare de violar o espaço aéreo dos aliados [da Otan]".
O encarregado de negócios russo na Polônia, Andrey Ordash, disse à agência estatal russa RIA Novosti que a Polônia não apresentou nenhuma prova que ligue os drones abatidos em território polonês à Rússia e que o governo polonês fez "acusações infundadas".
O governo da Alemanha chamou o incidente dos drones de "sério" e "mostra o quanto a Rússia está nos testando".



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