Publicada em 25/09/2025 às 10h05
Porto Velho, RO – O podcast Resenha Política — apresentado por Robson Oliveira, em parceria exclusiva com o site Rondônia Dinâmica — recebeu Raniery Coelho, que dirige o sistema Fecomércio Sesc/Senac no Estado, para uma entrevista centrada em impactos de tarifas dos Estados Unidos sobre o Brasil, mercado de trabalho, políticas tributárias e o papel do chamado Sistema S. Coelho afirmou que as medidas anunciadas pelo presidente norte-americano afetam a economia, mas avaliou que Rondônia tem baixa exposição direta ao mercado dos EUA. “Impacta sim… mas Rondônia é um estado fora da curva”, disse. Segundo ele, “Rondônia hoje exporta menos de 5% para os Estados Unidos”, o que dilui efeitos adversos porque “ela vende, exporta para vários países”, permitindo “ir sobrevivendo e absorvendo esse impacto”, ainda que com reflexos sobre inflação.
A entrevista colocou a tributação no centro do debate. Coelho defendeu que mudanças sejam “bem pensadas” e discutidas com entidades empresariais locais. “A Confederação Nacional do Comércio… acompanha de perto”, afirmou, pedindo que a bancada federal promova “rodada de conversa com as federações” para mitigar “gargalos” e evitar “criar mais obstáculos para o empresário”. Ao tratar de impostos como ICMS e ISS, sustentou que aumentos generalizados “prejudicam” e reiterou a tese de que reduzir alíquotas pode impulsionar consumo e, por consequência, a arrecadação: “Por que não se pensar em reduzir?… Aumentando o consumo vai arrecadar mais… Vai ter o repasse para os órgãos estaduais… É uma consequência de escala”.
Outro ponto sensível abordado foi o uso de emendas parlamentares. Coelho relatou que o Senac pode receber emendas para projetos de qualificação — citando, como exemplo, ações no turismo —, mas rechaçou contrapartidas indevidas. “Aquele deputado que queira passar uma emenda… será bem-vindo. Aquele que queira vir pedir alguma coisa, por favor, nem apareça”, declarou. Questionado por Robson Oliveira, endossou a postura de denunciar tentativas de troca: “Vamos lá no Ministério Público fazer essa proposta”.
A entrevista também tratou de mercado de trabalho e renda. Ao comentar indicadores de emprego no Estado, Coelho disse que o comércio e os serviços são os maiores geradores de vagas e afirmou que, no período recente, “foi criado mais de 140 mil empresas ao todo”, o que, segundo ele, se refletiria em postos com carteira assinada. Ele mencionou ainda o papel de programas sociais e a busca por qualificação: “Tem pessoas que… não só [querem] viver do Bolsa Família, mas do seu trabalho, do seu suor”.
No eixo tecnologia e novas ocupações, Coelho citou mudanças aceleradas pelo período da pandemia, quando empresas “tiveram que se reinventar”, e o avanço do e-commerce. Para ele, negócios físicos e digitais podem coexistir se houver adaptação. Lembrou iniciativas de estímulo ao consumo local — “Comprando aqui as pessoas valorizam as empresas locais” — e ponderou efeitos comportamentais e de saúde associados à digitalização. “Facilita a vida, mas traz consigo problemas”, disse, defendendo manter lojas físicas “qualificadas e preparadas para essa evolução”.
Sobre formação profissional, Coelho destacou convênios com o Governo do Estado e ofertas de cursos do Senac, com diferenciais para comerciários e o Programa Senac de Gratuidade. “É ofertado de maneira 0,800 para aqueles que queiram se qualificar”, afirmou. Ele descreveu ações do Sesc em cultura, esporte e lazer, e o atendimento a comunidades ribeirinhas com unidades itinerantes, como o “Sesc Ler” em atividades de leitura mediada, saúde bucal e recreação. No campo cultural, anunciou o Sesc Cultura em Porto Velho, instalado no prédio histórico que pertenceu à Varig, na Avenida Campos Salles, com programação de artes visuais e homenagens a artistas locais.
Em infraestrutura de atendimento, Coelho listou unidades e ações em Ariquemes, Ji-Paraná, Presidente Médici, Vilhena, Porto Velho e Nova Mamoré (onde funciona o CRIAR). Ao tratar da rede hoteleira do Sesc/Senac, explicou que os equipamentos são abertos ao público, com preços diferenciados para comerciários e, em alguns casos, sistema de alimentação incluído. Relatou experiências nacionais, como os hotéis em Natal e João Pessoa, e a integração com escolas de gastronomia do Senac.
O dirigente também comentou o ambiente político e a necessidade de reduzir a radicalização para viabilizar pactos econômico-sociais: “Tem que se desarmar, colocar todo mundo em uma mesa… Reduzindo, se cresce. Vamos fazer o teste”. Na reta final, foi questionado sobre informalidade. Ele disse não dispor, no momento, de “dados concretos” por depender de órgãos oficiais, mas relatou tendência percebida de formalização via qualificação, parceria com órgãos estaduais e diálogo com o Sebrae, do qual a Fecomércio participa do conselho.



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