Publicada em 16/09/2025 às 11h00
Um comitê de investigação contratado pela Organização das Nações Unidas (ONU) apontou nesta terça-feira (16) que Israel comete genocídio na Faixa de Gaza.
O governo israelense nega as acusações.
O comitê, chamado Comissão de Inquérito sobre o Território Palestino Ocupado, é formado por juristas e investigadores convocados pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU para apurar os ataques israelenses na Faixa de Gaza.
Nesta terça, a comissão publicou um relatório em que aponta a existência de genocídio, baseado nos seguintes atos que o documento conclui que Israel comete em territórios palestinos como Gaza:
Matar civis;
Causar danos físicos ou mentais graves;
Impor deliberadamente condições de vida para provocar a destruição dos palestinos e
Impor medidas destinadas a impedir nascimentos, como no ataque de dezembro de 2023 à maior clínica de fertilidade de Gaza, que teria destruído cerca de 4 mil embriões, além de 1 mil amostras de esperma e óvulos não fertilizados.
O relatório também cita bloqueios de ajuda humanitária, deslocamentos forçados e a destruição de uma clínica de fertilidade para sustentar sua conclusão de genocídio.
Segundo a comissão, autoridades e forças israelenses cometeram quatro dos cinco atos de genocídio definidos pela Convenção da ONU sobre Genocídio, de 1948, contra um grupo nacional, étnico, racial ou religioso — neste caso, os palestinos de Gaza. Para ser considerado genocídio, ao menos um de cinco atos deve ter ocorrido.
O documento também acusa o alto escalão do governo de Israel, incluindo o premiê Benjamin Netanyahu, de incitar esses atos.
"Está ocorrendo genocídio em Gaza. A responsabilidade por esses crimes atrozes recai sobre as autoridades israelenses nos mais altos escalões, que vêm orquestrando uma campanha genocida há quase dois anos, com a intenção específica de destruir o grupo palestino em Gaza", disse Navi Pillay, chefe da Comissão de Inquérito sobre o Território Palestino Ocupado e ex-juíza do Tribunal Penal Internacional.
O comitê é independente e não representa oficialmente a ONU, que ainda não utilizou oficialmente o termo "genocídio" para se referir aos ataques de Israel na Faixa de Gaza. O relatório divulgado nesta terça deve servir para nortear novas ações e declarações das Nações Unidas.
Israel nega
Multidão de palestinos foge por estrada costeira em direção ao sul da Faixa de Gaza após Exército israelense anunciar início de ampla operação terrestre na Cidade de Gaza em 16 de setembro de 2025. — Foto: AP Photo/Abdel Kareem Hana
O embaixador de Israel na ONU em Genebra, Daniel Meron, chamou o relatório da comissão de “escandaloso” e “falso” e acusou os componentes do comitê de atuarem "por procuração do Hamas".
“Israel rejeita categoricamente o libelo difamatório publicado hoje por esta comissão de inquérito”, disse Meron a jornalistas.
Segundo a comissão, os atos de genocídio citados no relatório se baseiam em entrevistas com vítimas, testemunhas, médicos, documentos de fonte aberta verificados e análises de imagens de satélite compiladas desde o início da guerra.



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