Publicada em 12/09/2025 às 14h55
Envio militar à Lituânia anunciado pela Otan, visando a segurança contra russos, compõe reação de europeus à invasão de drones de ataque russos no espaço aéreo polonês. Rússia novamente minimizou o incidente nesta quinta (11).
No dia seguinte à invasão do espaço aéreo da Polônia por drones russos, que foram abatidos com caças da Otan, a aliança militar anunciou nesta quinta-feira (11) que a Alemanha enviará tropas e equipamentos militares para perto da Rússia.
Segundo a Otan, uma brigada alemã será enviada de forma permanente à Lituânia, que faz fronteira com a Polônia e Kaliningrado, um exclave russo —faz parte da Rússia, mas sem contato territorial com o restante do país. A ação faz parte da reação dos países europeus para aumentar sua segurança, especialmente dos países fronteiriços com a Rússia, após o incidente dos drones.
“A Alemanha vai posicionar de forma permanente uma brigada na Lituânia. Este é um passo importante para fortalecer nossa dissuasão e defesa na ala leste da aliança”, afirmou o tenente-general Alexus Grynkewich, comandante supremo aliado na Europa na Otan.
Uma brigada militar geralmente consiste em alguns batalhões e pode reunir diferentes tipos de forças, como tropas, tanques, artilharia e outros veículos de apoio, e, segundo a Otan, terá como objetivo proteger e monitorar a região de eventuais novas agressões russas.
Horas depois, o governo da Alemanha disse que reforçará seu comprometimento com a segurança leste da fronteira da Otan e que expandirá o monitoramento aéreo sobre a Polônia. O envio à Lituânia inclui quatro caças de guerra, segundo o Ministério da Defesa alemão.
Segundo Grynkewich, o comando aéreo central da Otan fornecerá ao centro de controle e informação da Lituânia maiores indicações e alertas sobre lançamentos aéreos contra a Ucrânia que possam cruzar para o país.
A invasão dos drones russos no espaço aéreo polonês foi um dos episódios mais tensos da já conturbada relação entre a Rússia e a Otan — a Polônia é integrante da aliança, que prevê uso da força no caso de invasão a países membros. Mas esse uso da força não é imediato, e líderes ainda decidirão que resposta darão à Rússia.
A Rússia se esquivou e disse que não teve a intenção de enviar drones à Polônia. Nesta quinta, o Kremlin minimizou novamente o incidente e criticou a "retórica" do governo polonês —o premiê Donald Tusk disse que "a Polônia está pronta para reagir a provocações e ataques"—, mas que não configura "nada novo" em relação às críticas que a UE faz rotineiramente à Rússia.
Os países da Otan consideraram uma provocação, e o Artigo 4 do tratado da aliança foi invocado pela Polônia. Os países europeus estenderam o repúdio nesta quinta: a Holanda convocou o embaixador russo, e a Espanha invocou o encarregado de negócios russo no país, ambos demandando explicações do incidente.
Convocar o embaixador ou representante diplomático é uma linguagem diplomática de represália utilizada por governos.
Junto com Estônia e Letônia, a Lituânia é um país báltico, que são considerados os europeus mais ameaçados pela Rússia. Segundo Grynkewich, um drone russo também caiu em território lituano, em agosto.
Grynkewich disse que a Otan ainda não sabe se os 19 drones russos que entraram na Polônia foi um ato intencional do governo russo, e investigações estão em andamento. O incidente levantou questões sobre o nível de preparo da Otan contra agressões dessa natureza vindas da Rússia.
"O que aconteceu na Polônia, é claro, aumentou compreensivelmente um certo nível de ansiedade na Lituânia também. Cada um de nós na ala leste [do continente europeu] enfrenta algum risco todas as noites", afirmou Grynkewich.
Em comunicado conjunto nesta quinta, Polônia, Ucrânia e Lituânia condenaram a Rússia pela invasão dos drones no espaço aéreo polonês, uma provocação deliberada e sem precedentes, segundo os três países.
Veja, abaixo, o que se sabe sobre o episódio e quais devem ser os próximos passos de ambos os lados:
Após detectar drones militares em seu espaço aéreo, a Polônia enviou caças para abatê-los. O país também acionou a Otan, que mobilizou aeronaves de guerra de países membros para ajudar as forças polonesas a abater os drones.
O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, disse que os drones eram russos.
Tusk afirmou também que o país chegou a fechar parte de seu espaço aéreo por várias horas, e o aeroporto de Varsóvia suspendeu voos.
"Na noite de quarta (10), o espaço aéreo polonês foi violado por muitos drones russos. Os drones que representavam uma ameaça direta foram abatidos. Estou em constante comunicação com o secretário-geral da Otan e nossos aliados, disse a autoridade polonesa", declarou o premiê polonês.
Na região de Lublin, no leste da Polônia — perto da fronteira com a Ucrânia — uma casa foi atingida por um dos drones, segundo o prefeito local, Bernard Blaszczuk. Ele disse que havia pessoas dentro da residência, mas ninguém ficou ferido.
Ao longo da manhã, o Exército vigiou a região.



Comentários
Seja o primeiro a comentar!