Publicada em 02/06/2025 às 15h14
Um dia após um ataque inédito da Ucrânia a bases militares russas que surpreendeu o mundo, a Rússia entregou nesta segunda-feira (2) à Ucrânia sua proposta de cessar-fogo na guerra entre os dois países.
A entrega ocorreu durante a segunda rodada de negociações diretas entre os dois países nesta manhã em Istambul, na Turquia.
O governo ucraniano disse que a Rússia entregou aos negociadores de Kiev o memorando com sua proposta sobre cessar-fogo — o presidente russo havia se comprometido com Donald Trump, dos EUA, a elaborar o documento com a participação da Ucrânia.
No encontro, Ucrânia e Rússia também concordaram uma grande troca de prisioneiros de guerra e de corpos de soldados. Serão trocados todos os prisioneiros de até 25 anos, gravemente feridos ou doentes, além de 6 mil cadáveres de cada lado.
Líder da delegação ucraniana, o ministro da Defesa, Rustem Umerov, não deu detalhes sobre o conteúdo do memorando de paz russo, mas disse que seu governo irá analisá-lo em até uma semana. O chefe da delegação russa, Vladimir Medinsky, afirmou que o documento contém os termos do Kremlin para um cessar-fogo total. Medinsky disse ainda que os russos receberam a versão ucraniana do memorando —o que não foi confirmado pelo lado ucraniano.
Umerov afirmou também que no encontro a Rússia recusou um cessar-fogo incondicional no conflito, além de novo pedido por um encontro entre os presidentes ucraniano, Volodymyr Zelensky, e russo, Vladimir Putin. Medinsky, no entanto, disse ter sugerido aos ucranianos um cessar-fogo parcial, "de dois ou três dias" em áreas específicas, para retirada de corpos de soldados na linha de frente.
Ainda segundo Umerov, os dois países concordaram em voltar a se reunir no fim de junho para uma 3ª rodada de negociações.
Zelensky confirmou as tratativas pela nova troca de prisioneiros de guerra, e seu chefe de gabinete disse que a Ucrânia entregou à Rússia uma lista de crianças ucranianas deportadas pedindo que fossem devolvidas.
Era esperado um clima de tensão extra nesta rodada de negociações por conta de ataques inéditos por ambas as partes nas últimas horas:
A Ucrânia fez no domingo (1º) um ataque inédito na Rússia, em que drones escondidos em caminhões destruíram mais de 40 aviões de guerra russos — quase um terço da frota — em diversas bases militares do país;
Já a Rússia quebrou um recorde também no domingo: fez o maior bombardeio de drones da guerra até o momento, com 472 projéteis lançados contra o território ucraniano.
O ataque da Ucrânia em território russo atingiu quatro bases militares espalhadas pelo país e em regiões bem distantes da fronteira entre os dois países — incluindo a Sibéria. Na ofensiva, foram danificados caças russos estratégicos, segundo o Serviço de Segurança Ucranianos (SBU).
As negociações diretas entre Ucrânia e Rússia pelo fim da guerra tiveram início em 16 de maio, em uma rodada de conversas cercada de polêmicas e com poucos resultados. Nesse primeiro encontro, também em Istambul, os países se comprometeram apenas com uma troca de 1.000 prisioneiros de guerra de cada lado.
O novo ciclo de negociações ocorreu palácio de Ciragan, em Istambul. Os representantes russos chegaram no domingo e a delegação ucraniana na manhã de segunda-feira.
O chefe da diplomacia russa, Sergey Lavrov, conversou no domingo por telefone com seu homólogo norte-americano, Marco Rubio, sobre as negociações, segundo o Ministério das Relações Exteriores da Rússia.
Moscou anunciou que apresentaria um "memorando" com suas condições para um acordo de paz, um documento que se recusou a transmitir a Kiev, como havia sido solicitado antes das negociações.
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