
Publicada em 21/06/2025 às 17h28
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, de 86 anos, refugiou-se em um bunker e passou a se comunicar apenas por mensageiros, temendo ser assassinado após uma série de ataques israelenses que abateram parte significativa de seu alto escalão militar. A informação foi publicada neste sábado (21/06) pelo The New York Times, em reportagem que revela também a escolha antecipada de três possíveis sucessores, indicados por Khamenei à Assembleia dos Peritos. Com informações do site Deutsche Welle.
A medida visa evitar um colapso institucional em caso de morte súbita do aiatolá, já que o processo tradicional de escolha de um novo líder supremo pode levar meses. Desde 1989 no poder, Khamenei comanda o Executivo, o Judiciário, o Legislativo e as Forças Armadas iranianas, sendo a principal autoridade política e religiosa do país.
A guerra entre Israel e o Irã, iniciada em 13 de junho, já causou mais danos a Teerã do que toda a guerra Irã-Iraque (1980–1988). O conflito se agravou após Israel intensificar bombardeios contra alvos estratégicos, incluindo bases militares e instalações do regime. Como reação, Khamenei teria também nomeado novos integrantes para cargos de comando nas forças armadas, tentando recompor as perdas sofridas.
A sucessão de Khamenei voltou ao centro do debate após a morte do presidente Ebrahim Raisi em um acidente de helicóptero em 2024. O nome de Mojtaba Khamenei, filho do aiatolá e ligado à Guarda Revolucionária, já foi cogitado no passado, mas não estaria entre os três indicados por seu pai, segundo o NYT.
Escalada militar e clima de tensão
As perdas do regime iraniano revelam a fragilidade da segurança interna, agravada por ações coordenadas com apoio de agentes infiltrados, conforme apontou o jornal americano. Em resposta, o Irã impôs restrições à comunicação eletrônica e reduziu drasticamente o acesso à internet da população. Ainda assim, a estrutura de poder permanece ideologicamente coesa, mesmo diante da instabilidade.
O presidente dos EUA, Donald Trump, chegou a ameaçar publicamente o aiatolá, dizendo saber seu paradeiro e sugerindo que ele seria um “alvo fácil”. O premiê israelense Benjamin Netanyahu também declarou que a eliminação de Khamenei poderia encerrar o conflito.
Enquanto isso, líderes europeus como Emmanuel Macron alertam para os riscos de desestabilização total na região, citando os exemplos do Iraque e da Líbia como alertas de que a derrubada de regimes autoritários pela força pode gerar caos prolongado.
Pressões internas e internacionais
Ativistas iranianas como Narges Mohammadi e Shirin Ebadi, ambas ganhadoras do Nobel da Paz, pediram o fim da guerra e do programa de enriquecimento de urânio do país. Segundo elas, o caminho para liberdade e direitos humanos não pode passar pela guerra. “Esta guerra já causa sofrimento imenso e ameaça desencadear um conflito regional ou mundial”, alertaram.
Israel afirma que age para impedir o desenvolvimento de armas nucleares pelo Irã, que por sua vez nega tais intenções e diz utilizar a tecnologia apenas para fins civis. Apesar disso, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) já flagrou partículas de urânio com pureza de até 83,7% — muito próximo do necessário para armamentos — em instalações subterrâneas iranianas como a de Fordo, até agora ilesa aos bombardeios.
Desde o início dos confrontos, ataques iranianos mataram 24 pessoas e feriram quase 600 em Israel. Já os bombardeios israelenses deixaram mais de 430 mortos e 3.500 feridos no Irã, segundo dados oficiais.
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