Publicada em 29/04/2025 às 10h58
O Rio de Janeiro recebe, nesta segunda (28) e terça-feira (29), a reunião preparatória para a cúpula dos chefes de Estado do Brics. Em julho, presidentes e autoridades dos 11 países-membros e das 9 nações convidadas vêm à cidade para discutir assuntos como governança global e inclusão.
Esta semana, o encontro é somente com chanceleres e sherpas, diplomatas designados para encaminhar e costurar os temas em discussão em julho — tal como ocorreu ano passado, no G20, também sediado aqui. Há impactos na cidade (confira aqui).
No discurso de abertura, no Palácio do Itamaraty, no Centro do Rio, nesta manhã, o anfitrião, ministro Mauro Vieira, das Relações Exteriores, afirmou que o bloco desempenha um papel importante para a reforma de instituições multilaterais, como o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
“Enfrentamos crises globais e locais convergentes, com emergências humanitárias, conflitos armados, instabilidade política e erosão do multilateralismo. Essas crises desafiam o fundamento da paz e da segurança internacionais e exigem um compromisso renovado com a ação coletiva”, disse Vieira.
“Os mecanismos internacionais permanecem lentos, politizados e, às vezes, paralisados diante de necessidades urgentes. Nesse papel, o Brics tem um papel vital a desempenhar no reforço dos princípios internacionais, na solução pacífica de controvérsias e na promoção de reformas das instituições multilaterais, em particular das Nações Unidas e do seu Conselho de Segurança, para melhor refletir as realidades geopolíticas contemporâneas”, afirmou o chanceler.
Mauro Vieira, ministro das relações exteriores do Brasil, e Serguey Lavrov, ministro das relações exteriores da Rússia — Foto: Divulgação/ Itamaraty
Gaza e Ucrânia
Em particular, o ministro destacou como fontes de preocupação a guerra em Gaza. Ele afirmou que o Brasil defende a existência de dois Estados dentro do espaço. “A retomada dos bombardeios israelenses em Gaza e obstrução contínua da ajuda humanitária são inaceitáveis. O colapso do cessar-fogo anunciado em 15 de janeiro é deplorável”, afirmou.
Mauro Vieira disse ainda que a guerra na Ucrânia também é alvo de preocupação. “O conflito na Ucrânia continua a causar um pesado impacto humanitário, ressaltando a necessidade urgente de uma solução diplomática que defenda os princípios e propósitos da carta das Nações Unidas”, disse o chanceler.
A declaração acontece com a presença do chanceler russo, Serguey Lavrov, que veio para o encontro. No domingo (27), ele afirmou que a Rússia seguirá atacando locais usados pelos militares ucranianos.
Vieira ressaltou os esforços do Brasil, China e outros aliados no estabelecimento de paz na região.
O chanceler brasileiro também expressou preocupação com a situação humanitária e de segurança do Haiti. “Devemos apoiar as autoridades haitianas e o povo haitiano em seus esforços para restaurar a ordem pública, desmantelar gangues armadas e estabelecer as condições para um desenvolvimento social e econômico duradouro”.
Ele também disse que o Brasil apoia soluções diplomáticas para conflitos na África. “O Brasil está profundamente preocupado com a escalada das tensões no Sudão, na região dos Grandes Lagos e no Chifre da África. Apoiamos plenamente os esforços da União Africana e das organizações regionais africanas, das Nações Unidas e de outras instituições e países em busca de soluções políticas e diplomáticas para essas crises”.


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