Publicada em 15/12/2025 às 15h30
María Corina Machado, a principal opositora do regime Maduro, fraturou uma vértebra da coluna e teve outros ferimentos durante sua fuga da Venezuela, ocorrida na semana passada.
A informação, dada em primeira mão pelo jornal norueguês "Aftenposten", foi confirmada à agência de notícias AFP por Claudia Macero, coordenadora de comunicação da equipe da política venezuelana.
A fuga de Corina Machado da Venezuela, em que a opositora foi a Oslo receber o Prêmio Nobel da Paz, foi meticulosamente planejada por uma empresa privada dos EUA e teve elementos cinematográficos, como um disfarce com peruca, passagens tensas por postos policiais, e trechos de barco e de avião. (Leia mais abaixo)
Em reportagem publicada nesta segunda-feira (15), o "Aftenposten" afirmou que Corina Machado recebeu atendimento médico no Hospital Universitário Ullevål assim que chegou a Oslo, na noite de quinta-feira. Após exames, os médicos identificaram vários ferimentos, incluindo uma fratura em uma vértebra.
Segundo afirmaram fontes médicas ao jornal, a fratura teria ocorrido por conta da viagem em um pequeno barco de pesca que Corina Machado fez entre a costa venezuelana e Curaçao, onde ela foi extraída por uma empresa privada americana.
“O estado da paciente é considerado vinculado às condições físicas extremas durante sua viagem desde a Venezuela”, disse uma fonte ao "Aftenposten".
Durante a fuga de Corina Machado, o mar "não estava em condições desejáveis para navegar", estava agitado e com ondas altas, segundo Bryan Stern, veterano do Exército dos EUA que liderou a empreitada.
O jornal norueguês não especificou quais outros ferimentos Corina Machado teve além da vértebra fraturada. O Hospital Universitário de Ullevål não confirmou de forma oficial o atendimento a Corina Machado e disse ao jornal ter normas rigorosas de privacidade.
Fuga 'cinematográfica' da Venezuela
Foto de arquivo: Maria Corina Machado, líder da oposição na Venezuela, discursa para apoiadores em protesto contra posse de Maduro para um terceiro mandato, em Caracas, em 9 de janeiro de 2025. — Foto: Reuters/Leonardo Fernandez Viloria/Foto de arquivo
María Corina Machado contou com ajuda de diversas pessoas e dos Estados Unidos e teve que passar por uma "assustadora" travessia marítima na calada da noite para conseguir fugir da Venezuela.
Detalhes da fuga da opositora de Nicolás Maduro para ir à Noruega receber o prêmio Nobel da Paz foram reveladas pelos jornais americanos "The Wall Street Journal" (WSJ) e "CBS News", que entrevistaram pessoas com conhecimento na operação e até mesmo envolvidas na empreitada.
A fuga durou um total de 15 horas e foi extremamente perigosa e complexa, segundo Bryan Stern, veterano das Forças Especiais dos EUA e chefe de uma organização americana de resgate sem fins lucrativos, que executou a operação.
Como Corina Machado vivia escondida desde agosto de 2024 por desafiar Maduro nas eleições presidenciais, a fuga envolveu diversos elementos que parecem ter saído de um filme:
Ela usou um disfarce com peruca, boné e um casaco grande;
Passou por 10 postos militares do Exército chavista entre seu esconderijo e o porto de pescadores;
Viajou até Curaçao a bordo de um barco de pesca pequeno e antigo e em meio a grandes ondas no mar do Caribe;
Avisou ao Exército dos EUA que faria a viagem pelo mar para não ser bombardeada;
Exército americano ajudou equipe privada a localizar barco de Corina Machado após o GPS da embarcação da opositora cair na água.
"Em alguns momentos, senti que havia um risco real para a minha vida, mas também foi um momento muito espiritual porque, no fim, simplesmente senti que estava nas mãos de Deus", disse Corina Machado em coletiva de imprensa em Oslo.
Segundo o "WSJ", Corina Machado utilizou um disfarce com peruca, boné e um casaco grande para não ser detectada por agentes de Maduro nos 10 postos militares entre seu esconderijo e um pacato porto de pescadores na costa venezuelana, por onde faria a fuga marítima. Segundo a opositora, o regime venezuelano "faria todo o possível" para impedir sua viagem.
A viagem de Machado para Oslo teve componentes terrestre, marítimo e aéreo e durou quase três dias no total, segundo o "WSJ": ela viajou por terra de um subúrbio de Caracas até uma vila de pescadores e, depois, de barco até Curaçao, uma ilha no Caribe a cerca de 80 km da costa venezuelana. Depois, ela embarcou em um jatinho vindo de Miami que a levou a Oslo, com uma parada no estado de Maine, nos EUA.



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