Publicada em 12/12/2025 às 16h05
O escritor Paulo Cordeiro Saldanha lança em Porto Velho o livro “Entre Brancos e Originários – A Ferrovia de Deus”. O evento será realizado na próxima segunda-feira, dia 15 de dezembro, às 19h30, na Biblioteca Municipal Francisco Meirelles, situada na Rua José do Patrocínio, nº 200, Centro – Porto Velho.
A obra já havia sido lançada com sucesso em Guajará-Mirim, no dia 20 de outubro, no Auditório da Biblioteca Setorial do Campus Jorge Vassilakis da UNIR.
Sobre o livro, o jornalista João Teixeira escreveu no site “Guajará Notícias:
“Trata-se de um romance histórico, cujo tema central é a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM), que tinha por finalidade ligar Porto Velho a Guajará-Mirim, de modo a escoar a produção de borracha, tanto brasileira quanto boliviana, visando à exportação.
Neste novo romance, o escritor Paulo Saldanha apresenta uma visão diferente sobre a construção da lendária ferrovia, já decantada em prosa, versos e até em filmes e minisséries.
O autor também discute o processo de colonização da Amazônia, representando-o de forma literária e permitindo compreender que a construção da ferrovia foi a alternativa encontrada pelos governantes para o transporte da produção gomífera naquele momento histórico.”
Segundo o autor, o livro nasceu da necessidade de “dar voz à epopeia da construção humana e espiritual que moldou Guajará-Mirim e seus habitantes”. A ferrovia, símbolo da conexão entre mundos — o indígena e o europeu, o natural e o industrial —, serve como metáfora central para refletir sobre o encontro de civilizações e as transformações sociais vividas às margens dos rios Mamoré e Madeira.
PAULO SALDANHA
Filho das tradicionais famílias Cordeiro e Saldanha, Paulo nasceu em 1946, em Guajará-Mirim (RO). Formado em Direito, exerceu cargos de grande relevância na vida pública e empresarial da Amazônia Ocidental: foi presidente dos Bancos Estaduais de Rondônia e Roraima, diretor do Banco da Amazônia e diretor-geral do Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região. Além de sua carreira jurídica e administrativa, é reconhecido por sua intensa dedicação à literatura, sendo cronista e romancista de destaque.
Fundador e primeiro presidente da Academia Guajaramirense de Letras, é também membro da Academia de Letras de Rondônia (ACLER), incentivador da cultura regional e colaborador de diversos portais de notícias.
Com doze obras publicadas, já participou de feiras literárias nacionais e internacionais, sendo reconhecido por sua contribuição à literatura amazônica. Entre seus livros estão “O Presente do Grego”, “Esperança – 50 anos depois”, “Prosa que desemboca em saudade”, “O Alferes e o Coronel”, “Os Três Xerifes da Fronteira”, “Crônicas guajaramenses – prosa que desemboca em humor” e “O Emílio Francês”. (Fonte: Rota Guajará)
A OBRA
A obra “Esperança: 50 anos depois”, de Paulo Cordeiro Saldanha, foi objeto da tese de doutoramento da Profa. Auxiliadora dos Santos Pinto, intitulada “A inter-relação entre a literatura e a história no processo de formação do estado de Rondônia”, defendida em 26 de agosto de 2016 no IBILCE/UNESP, em São José do Rio Preto/SP.
Em sua entrevista com o escritor, publicada no site “Passeio Direto”, em 5 de janeiro de 2021, a Profa. Dra. Auxiliadora dos Santos Pinto escreveu:
“Paulo Saldanha começou a escrever ainda na juventude para o jornal ‘Alto Madeira’, na seção de Guajará-Mirim (RO). Naquela época, era responsável pela editoria de esportes. Além disso, produziu matérias para o jornal interno do Banco da Amazônia (BASA).
Entre suas obras, destacam-se: “O Alferes e o Coronel” (2008); “O Oráculo da Candelária” (2010); “Esperança: 50 anos depois” (2011); “Crônicas guajaramirenses: prosa que desemboca em saudade” (2013); “Crônicas guajaramirenses: prosa que desemboca em humor” (2015); “Crônicas guajaramirenses: prosas que desembocam em reconhecimento” e “Prosas que desembocam em conhecimentos* (2017); “A Regenerada Comborça” (2013); “Os Três Xerifes da Fronteira” (2015); e “O Presente do Grego” (2020).”
O escritor Paulo Cordeiro Saldanha se autodenomina um escritor regional. Em suas produções literárias, destaca vários aspectos da Amazônia rondoniense: saberes, traços linguísticos, modos de vida, elementos da fauna e da flora, entre outros. Também apresenta, com riqueza de detalhes, a história dos povos que participaram do processo de formação e ocupação do município de Guajará-Mirim e dos vales dos rios Mamoré e Guaporé. Nesse sentido, as belezas naturais, os rios e os seringais são descritos com minúcia, identificando as relações do autor com os elementos socio-históricos, as práticas culturais, a paisagem amazônica e os misticismos, contribuindo significativamente para a constituição da literatura de Rondônia.”
Na entrevista, o escritor observou:
“Embora nativo (neto de cearenses e mato-grossenses), tenho influência da cultura nordestina e guaporense, por conta da origem de minha família. Todavia, meus trabalhos literários são focados nos fatos, lendas e história regional. Aprecio contar ‘causos’ verdadeiros que me foram repassados ou aqueles que vivi na infância, juventude e vida adulta, sempre procurando dignificar as pessoas que tanto fizeram no passado, legando a esta geração melhores dias e melhor qualidade de vida.”
E concluiu:
“Eu escrevo para que minhas histórias deem a dimensão exata do quanto acredito na intensidade da literatura como agente de transformação. Atuo para corresponder à missão que, sem querer ser pretensioso, Deus me concedeu: poder me exprimir com inteligência e sabedoria na distribuição de mais fé e mais esperança.”
A IMPORTÂNCIA DA OBRA
A literatura amazônica ganha força e identidade através da obra de Paulo Cordeiro Saldanha, escritor que há décadas se dedica a registrar, em forma de romance e crônica, os aspectos históricos, culturais e sociais da região. Suas produções não apenas preservam memórias, mas também revelam a riqueza dos povos, das tradições e das paisagens que moldaram Rondônia e a Amazônia Ocidental.
O lançamento do livro “Entre Brancos e Originários – A Ferrovia de Deus” representa uma oportunidade única de contato com uma narrativa que resgata a epopeia da construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, símbolo de encontro entre culturas e de transformação social. A obra transcende o relato histórico, funcionando como metáfora da conexão entre mundos distintos — o indígena e o europeu, o natural e o industrial — e convidando o leitor a refletir sobre os impactos da colonização e da modernidade na região.
Participar do lançamento é mais do que prestigiar um escritor consagrado: é vivenciar um momento de valorização da memória coletiva e da identidade cultural de Rondônia. Cada página escrita por Paulo Saldanha reafirma o papel da literatura como guardiã da história e como instrumento de transformação social.
Assim, o evento não se limita a ser uma celebração literária, mas se torna um marco para todos que acreditam na força da nossa cultura e na importância de manter viva a memória da nossa região.



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