Publicada em 22/12/2025 às 14h58
Os sinais que emergem dos bastidores da política rondoniense apontam, neste momento, para uma decisão clara do governador Coronel Marcos Rocha (União Brasil): permanecer no comando do Executivo estadual até o término do mandato, em dezembro de 2026. A leitura predominante entre interlocutores do Palácio Rio Madeira, lideranças partidárias e agentes do meio político é de que a renúncia para disputar o Senado deixou de ser prioridade e, ao menos por ora, saiu do horizonte imediato do governador.
Essa avaliação não nasce de um gesto isolado, mas do acúmulo de movimentos percebidos nas últimas semanas. Em conversas reservadas com integrantes do secretariado, Marcos Rocha teria sido direto ao afirmar a intenção de levar até o fim o mandato iniciado em 2019, afastando, assim, a hipótese de renunciar dentro do prazo legal exigido para quem pretende disputar uma eleição majoritária em 2026. No mesmo ambiente, a sinalização de que a primeira-dama, Luana Rocha, também não participará do próximo pleito reforçou a percepção de que o grupo político decidiu recolher as velas eleitorais e concentrar esforços na gestão. Esse movimento alcança ainda o irmão do governador, Sandro Ricardo Rocha dos Santos, atual diretor-geral do Departamento Estadual de Trânsito de Rondônia (Detran-RO).
Mas, tanto em relação a Sandro quanto à própria primeira-dama, há um impedimento jurídico objetivo caso o governador opte por permanecer no cargo até o fim do mandato. A Constituição Federal veda a candidatura, no mesmo território eleitoral, do cônjuge e de parentes consanguíneos até o segundo grau do chefe do Poder Executivo quando ele permanece no exercício da função nos seis meses que antecedem a eleição. Na prática, ao concluir o mandato, Marcos Rocha não apenas sinaliza uma escolha política, como também fecha, por força de lei, qualquer caminho eleitoral para o irmão e para a esposa em 2026.
Esse reposicionamento também reflete um compromisso pessoal do governador com a saúde financeira do Estado. A avaliação interna é de que o momento exige presença direta e contínua no comando do Executivo para garantir que o ciclo se encerre com as contas rigorosamente equilibradas. Para Marcos Rocha, o maior legado político não estaria na disputa de um novo cargo, mas na entrega de uma administração com as finanças saneadas, assegurando o funcionamento regular de áreas sensíveis como saúde, segurança pública e previdência. Ao optar pela permanência, o governador prioriza a estabilidade econômica e a continuidade administrativa no período final da gestão.
Nos bastidores, a leitura é pragmática. Uma eventual renúncia abriria espaço para a ascensão do vice-governador Sérgio Gonçalves, também do União Brasil, e anteciparia disputas internas em um momento considerado delicado do ponto de vista fiscal e administrativo. Ao permanecer no cargo, Marcos Rocha mantém sob seu controle a condução das respostas às cobranças técnicas e políticas que se acumulam, além de preservar a capacidade de articulação com a Assembleia Legislativa e com os órgãos de controle.
A decisão, contudo, vai além do plano administrativo e reorganiza o tabuleiro eleitoral de 2026. Projetos que dependiam diretamente da saída do governador, como estratégias de aliados e arranjos antecipados para a sucessão estadual, entram em compasso de espera. Lideranças que já se movimentavam com base na hipótese de renúncia precisam recalibrar discursos, alianças e expectativas, enquanto novas candidaturas ao governo passam a ganhar espaço no debate público.
Ainda assim, mesmo com o cenário aparentemente delineado, ninguém no meio político trata o tema como capítulo encerrado. A própria natureza da política impõe cautela a qualquer diagnóstico definitivo. O histórico recente mostra que anúncios, recuos e reposicionamentos fazem parte da dinâmica do poder, sobretudo quando variáveis econômicas, institucionais e eleitorais se cruzam com tanta intensidade.
Hoje, os sinais indicam que Marcos Rocha tende a concluir seu mandato e a não disputar o pleito de 2026. Amanhã, novos fatos podem alterar completamente essa rota. Como ensinou Magalhães Pinto, política é como nuvem: você olha e ela está de um jeito; olha de novo e ela já mudou.



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