Publicada em 16/10/2025 às 09h09
Após semanas de tensão e protestos nas ruas, Madagascar mergulhou em uma nova crise política. Uma unidade de elite do Exército, conhecida como CAPSAT, assumiu o controle do governo após o Parlamento aprovar o impeachment do presidente Andry Rajoelina. O movimento, liderado pelo coronel Michael Randrianirina, instaurou um regime de transição militar que deve durar até dois anos.
O Tribunal Constitucional reconheceu oficialmente a decisão do Parlamento, legitimando o novo comando. Rajoelina, que não aparecia em público havia mais de uma semana, deixou o país dias antes da votação, segundo comunicado divulgado pela presidência. O texto afirma que o ex-chefe de Estado abandonou Madagascar após receber ameaças graves contra sua vida.
Nas ruas da capital, Antananarivo, as manifestações que antecederam a queda do presidente foram marcadas pela presença de jovens insatisfeitos com a elite política e as desigualdades sociais. Apesar da troca de poder, o clima nesta quarta-feira (15) era de tranquilidade tensa, com a população dividida entre o alívio pelo fim dos confrontos e o medo de um novo ciclo autoritário.
O coronel Randrianirina, agora líder de fato do país, anunciou que pretende reorganizar as instituições e convocar eleições entre 18 e 24 meses. Ele afirmou que o processo será supervisionado por um comitê de militares e policiais, responsável também por indicar um primeiro-ministro de consenso.
Enquanto o novo governo busca consolidar sua autoridade, a ONU expressou preocupação com a “mudança inconstitucional de poder” e pediu que o Exército respeite as liberdades civis. A Human Rights Watch também alertou para a necessidade de “garantir os direitos da população e evitar repressões”.
A antiga presidência classificou a tomada de poder como um golpe militar e insistiu que Rajoelina continua sendo o legítimo presidente de Madagascar. Ainda assim, fontes locais indicam que parte do comando civil já aceitou a nova administração como inevitável, diante do vácuo político deixado pela fuga do ex-líder.
Com a queda de Rajoelina, Madagascar volta a viver um período de instabilidade, algo recorrente em sua história recente — o país já enfrentou diversos golpes e transições forçadas desde sua independência.



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