
Publicada em 30/06/2025 às 15h27
Porto Velho, RO – O governador Marcos Rocha, do União Brasil, afirmou no último sábado (28), em entrevista ao programa “Papo de Redação”, da SIC TV, apresentado por Everton Leoni, que se sentiu decepcionado com a conduta do vice-governador Sérgio Gonçalves, especialmente durante sua viagem oficial a Israel, quando o chefe do Executivo ficou retido em meio a um conflito armado. A conversa também teve a participação dos jornalistas Sérgio Pires e Beni Andrade, além dos advogados convidados Juacy Loura Júnior e Érik Araújo.
Ao lado da primeira-dama e secretária de Assistência Social, Luana Rocha, e do novo secretário-chefe da Casa Civil, Elias Rezende, Rocha iniciou sua participação no programa rebatendo a atuação do vice, que ingressou com um mandado de segurança no Tribunal de Justiça de Rondônia questionando a promulgação de uma emenda constitucional aprovada pela Assembleia Legislativa, que permitiu a prorrogação de sua ausência do território nacional.
“Se eu estivesse com o meu vice-governador ou com alguma pessoa próxima, numa situação que eu estava vivendo junto com a equipe e outros brasileiros e pessoas de outros lugares, uma situação de guerra, eu teria feito um vídeo falando: ‘gente, vamos orar pelo nosso amigo Sérgio Gonçalves’. [...] Ao invés de ficar com sitezinhos ou pagarem sites para criar situações nojentas”, declarou Marcos Rocha. Ele acrescentou: “Quando a gente ajuda alguém, e essa pessoa depois faz isso, dói no fundo da alma”.
O governador afirmou ainda que a escolha de Sérgio como vice foi feita por decisão pessoal e que esperava lealdade. “Eu perguntei para ele: ‘Você será leal, Sérgio?’ E ele disse: ‘Sim, senhor, até o fim, sempre’”, relembrou. Rocha completou: “Então da minha parte, não tem traição”.
Ainda no contexto das críticas, Rocha ampliou seu desabafo sobre o que classificou como desproporcionalidade das reações à exoneração de Júnior Gonçalves, irmão do vice, da chefia da Casa Civil. “Eu não sei porque desse desespero, chororô, e a gente tem que seguir em frente. Quantos secretários passaram, saíram? De vários governos, do meu governo também, quantas pessoas foram exoneradas pelo próprio chefe da Casa Civil à época, porque trabalhava diretamente com ele. [...] O governo é muito maior que tudo isso”, declarou.
Ele prosseguiu, mencionando o contraste entre os desafios enfrentados em Israel e as tensões políticas no Estado. “Quando eu estava agora lá em Israel, eu pensava: ‘nossa, como é pequeno todas essas coisas, como essas coisas são tão pequenas’. [...] Aí vem ali a criação de páginas, 25 páginas para bater. Por quê? Por que todo esse desespero? É algo que não faz sentido. Quando a gente ajuda alguém, e essa pessoa depois faz isso, dói no fundo da alma”, completou. Em seguida, fez uma analogia com a fé cristã: “Mas Jesus Cristo foi traído. Ele olhou para um dos seus discípulos e falou: ‘Você me ama?’ Três vezes, por acaso. ‘Você me ama?’ ‘Sim, eu te amo’. Mas depois negou”. E arrematou: “Então, eu não sou Jesus Cristo, não chego à ponta das unhas dos pés do Senhor Jesus. Mas o que eu quero dizer é que as histórias se repetem. [...] Tudo é motivo para a gente aprender, para a gente crescer e também perdoar”.
Durante o programa, Elias Rezende também foi questionado sobre a possibilidade de um processo de impeachment, diante do racha entre o titular e o vice. “Isso é fofoca completamente infundada. Não há motivos para isso”, respondeu. O secretário destacou que não há qualquer articulação real na Assembleia Legislativa para viabilizar a abertura de um processo do tipo.
Sobre a ação judicial, Elias reiterou que não foi direcionada diretamente contra o governador, mas sim contra a mesa diretora da Assembleia. “Foi um mandado de segurança contra a presidência da Assembleia Legislativa em razão do projeto da emenda constitucional que foi aprovada”, explicou.
Apesar das declarações firmes, Rocha sinalizou que um eventual reatamento entre ele e Sérgio Gonçalves não está descartado, desde que haja uma retratação. “Agora cabe a ele se retratar, se assim ele tiver honra para fazer”, afirmou. Ele também mencionou que, apesar das tensões, esteve ao lado do vice-governador em uma agenda recente, logo após o retorno de Israel. “Muita gente ali dizia que jamais faria isso. Mas eu não vou me igualar à fraqueza de outra pessoa. Eu vou trabalhar e seguir em frente.”
A primeira-dama, Luana Rocha, também se manifestou sobre o episódio, apontando tristeza pela crise interna: “A gente fica realmente triste com essa situação [...] Eu vejo isso, ele [governador] tem um coração muito bom, muito grande. É bom até demais”, disse, destacando o sofrimento pessoal do marido enquanto esteve em Israel. “Ele não dormia lá porque era bombardeio e eu também não dormia aqui porque ficava ansiosa, desesperada”.
Luana também opinou sobre a ação judicial, criticando o instrumento utilizado. “A gente entende que não cabe mandado de segurança para esse tipo de procedimento”, afirmou, mencionando ainda que o vice não teria legitimidade para ajuizar uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), o que foi reforçado por Elias Rezende e pelos comentaristas do programa.
A crise teria se intensificado após a exoneração de Júnior Gonçalves, irmão do vice, da chefia da Casa Civil. Rocha defendeu a decisão como legítima prerrogativa do governo. “A retirada do irmão dele da Casa Civil é uma posição de governo. O governo faz as alterações que achar necessárias”, justificou.
Apesar do embate, o governador reforçou que o governo segue funcionando normalmente. “O vice-governador é um substituto eventual. [...] Para que ele não ficasse parado, eu o coloquei desde o início como secretário da SEDEC. Ele tem muita gente sob o comando dele”, explicou Rocha.
Ao final da entrevista, Marcos Rocha confirmou sua pré-candidatura ao Senado Federal nas eleições de 2026. “Ontem eu perdi essa dúvida. Eu sou pré-candidato ao Senado Federal, sim. O que é de Deus, é de Deus”, declarou. Luana Rocha, por sua vez, afirmou que deve colocar seu nome à disposição para concorrer à Câmara dos Deputados.
A entrevista completa foi ao ar no programa “Papo de Redação”, transmitido pela SIC TV no sábado, 28 de junho de 2025.
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