Publicada em 05/09/2025 às 15h40
Porto Velho, RO – A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro protocolou nesta sexta-feira (5/9) um pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que Bruno Scheid, vice-presidente do Partido Liberal (PL) em Rondônia, tenha acesso contínuo à residência do ex-presidente, que cumpre prisão domiciliar em Brasília. O requerimento, encaminhado ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes, foi assinado pelos advogados Celso Vilardi, Paulo Amador da Cunha Bueno e Daniel Bettamio Tesser, no âmbito da Ação Penal 2668. Scheid, inclusive, é pré-candidato ao Senado por Rondônia em 2026 com a "benção" do próprio Bolsonaro.
Segundo a petição, Scheid não apenas representa uma das principais lideranças do PL no estado, mas também mantém “estreita relação de amizade” com Bolsonaro e seus familiares, circunstância que, de acordo com a defesa, reforça a pertinência de sua presença. O documento argumenta que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro enfrenta dificuldades em conciliar seus compromissos de trabalho com os cuidados exigidos pelo marido, razão pela qual a presença de Scheid é apontada como essencial.
“O Sr. Bruno Scheid, além de sua posição política, mantém com o Peticionante e sua família estreita relação de amizade, circunstância que o levou a prestar apoio contínuo mesmo antes do atual quadro de saúde. Tal vínculo pessoal e familiar reforça a pertinência de sua presença na residência, sobretudo diante da impossibilidade de que a esposa do Peticionante concilie integralmente a atividade laboral com os cuidados exigidos”, afirmam os advogados.
A solicitação busca garantir a Scheid acesso livre, “independentemente de autorização judicial caso a caso”, nos mesmos moldes assegurados aos familiares, advogados e médicos do ex-presidente. O pedido tem caráter de urgência e será analisado pelo ministro Alexandre de Moraes.
Carinho público e apoio nas manifestações
Além da ligação formal com o partido e do vínculo citado pela defesa, Bruno Scheid já havia demonstrado apoio público ao ex-presidente em outras ocasiões. No dia 4 de agosto de 2025, ele publicou em suas redes sociais uma imagem de Bolsonaro utilizando tornozeleira eletrônica, determinada por Moraes como parte das medidas cautelares impostas pelo STF.
Na legenda da foto, Scheid escreveu: “Não é fácil ver essa imagem, imagina fazê-la o meu coração está aos cacos, mas, a minha vontade de lutar por esse homem e pelo Brasília [sic] só aumenta!”. A postagem, feita após acompanhar Bolsonaro em casa durante manifestação no dia 3, gerou repercussão nas plataformas digitais e, posteriormente, foi excluída pelo próprio Scheid.
O episódio ocorreu no mesmo dia em que milhares de apoiadores participaram de um ato na Avenida Paulista, em São Paulo, convocado pelo pastor Silas Malafaia. A manifestação reuniu entre 37,6 mil e 57,6 mil pessoas, de acordo com estimativas distintas divulgadas pelo Cebrap/USP e pelo portal Poder360, respectivamente. Bolsonaro não esteve presente devido às restrições judiciais, mas mensagens de aliados circularam nas redes, incluindo a publicação de Scheid.
O nome de Scheid já havia sido incluído em requerimentos anteriores apresentados pela defesa. Em 15 de agosto, os advogados solicitaram autorização para visitas contínuas de lideranças do PL, entre elas o senador Rogério Marinho, os deputados Altineu Côrtes, Carol de Toni e Sóstenes Cavalcante, além do presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto. O pedido ainda não foi apreciado.
Na nova solicitação, os advogados reforçam a necessidade de extensão do mesmo regime a Scheid, com base em sua proximidade pessoal e familiar com Bolsonaro, além de sua atuação política e partidária. O pleito inclui que seja concedida a ele a mesma liberdade de ingresso garantida à equipe jurídica do ex-presidente.
Com a prisão domiciliar decretada em agosto, Bolsonaro só pode receber familiares, médicos e advogados sem necessidade de autorização prévia. Aliados e amigos, como Scheid, dependem de decisões específicas do Supremo para entrar em sua residência.



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