Publicada em 08/07/2025 às 09h37
Porto Velho, RO – Pelo andar da carruagem, falta muito pouco para que o deputado federal de Rondônia Coronel Chrisóstomo, do PL, comemorar e festejar se o presidente estadunidense Donald Trump anunciar a explosão do Brasil em nome do ex-presidente Jair Bolsonaro, do PL. E com ele dentro.
Apesar do panorama absurdo, o cenário não soa tão escandaloso levando em conta o retrospecto de declarações e defesas públicas patrocinadas por Chrisóstomo a favor de Trump e contra o seu país de origem. A mais recente demonstração dessa lealdade foi registrada na último segunda, 7 de julho de 2025. Após Trump publicar mensagem em sua rede Truth Social defendendo Bolsonaro, alegando que o Brasil persegue o ex-presidente injustamente, Chrisóstomo foi um dos primeiros parlamentares a celebrar o conteúdo. “O Brasil está fazendo coisas terríveis ao ex-presidente Bolsonaro. O recado está dado!”, escreveu ele.
Outros bolsonaristas de Rondônia acompanharam o gesto, como o senador Marcos Rogério, que afirmou que Trump falou o que milhões de brasileiros pensam. O pecuarista Bruno Scheid, pré-candidato ao Senado, também aderiu à comemoração. O movimento foi interpretado como mais um capítulo do engajamento automático de Chrisóstomo a qualquer discurso emitido por Trump — ainda que envolva críticas diretas ao sistema judiciário e político brasileiro, ou que denote ameaça à soberania nacional.
A sequência de episódios é longa e recorrente. Em março de 2025, Chrisóstomo já havia celebrado, em grupos de WhatsApp, a possibilidade de Trump aplicar sanções contra o Brasil. Em vez de demonstrar preocupação, registrou com entusiasmo: “Trump vai partir para cima do Brasil com sanções”. O comentário foi feito após o republicano anunciar taxações de 25% sobre o aço brasileiro — parte de uma política econômica que afetou também Canadá, México e China.

Chrisóstomo fala em tom de ameaça após declaração de Trump: "O recado está dado!" / Reprodução
Nesse episódio, o deputado não emitiu qualquer nota em defesa da indústria nacional. Ao contrário, ironizou a reação do presidente Lula, que prometeu reciprocidade diplomática e comercial caso as tarifas fossem implementadas. Em vez de se colocar ao lado do Brasil num momento de tensão internacional, Chrisóstomo se alinhou novamente ao governo norte-americano, zombando da possibilidade de resposta: “Será que este senhor bateu com a cabeça para querer taxar os EUA???”.
A mesma postura de subserviência se repetiu semanas antes, em fevereiro, quando Trump sugeriu que os Estados Unidos deveriam assumir o controle da Faixa de Gaza após os conflitos com o Hamas. A proposta provocou repúdio de organismos internacionais e de países do Oriente Médio, que viram na fala um risco à paz e uma possível violação dos direitos humanos. Chrisóstomo, no entanto, foi na contramão da comunidade internacional e celebrou a ideia em suas redes sociais. Compartilhou imagem do encontro entre Trump e Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, e escreveu que o americano “anuncia paz em Israel e controle da Faixa de Gaza”.
A recorrência das manifestações em favor de Trump, independentemente do impacto no Brasil ou da repercussão diplomática, reforça a imagem de um parlamentar que age como um representante informal dos Estados Unidos no Congresso Nacional. A análise sobre esse comportamento foi tema de editoriais do site Rondônia Dinâmica ao longo de 2025, sempre apontando a dissonância entre o discurso patriótico que Chrisóstomo ostenta e suas ações públicas que, na prática, ignoram — ou até aplaudem — prejuízos ao país.
Ainda em janeiro, quando compareceu à posse de Trump nos Estados Unidos, Chrisóstomo evitou qualquer autocrítica ao fato de estar em solo estrangeiro num evento sem relação direta com seu mandato, e reagiu com ameaças judiciais a quem questionasse sua participação. Na ocasião, não conseguiu sequer se aproximar de Trump, mas mesmo assim utilizou a viagem como símbolo de prestígio político, reforçando sua fidelidade à agenda republicana.
Esse comportamento acumulado faz com que sua atuação no Congresso pareça cada vez mais distante das prioridades de Rondônia. Nenhuma proposta relevante ou projeto de impacto regional foi apresentado com a mesma energia dedicada por ele a temas da política externa dos EUA. Aparentemente, todo seu mandato gira em torno de um único eixo: a obediência ideológica a Trump e a defesa incondicional de Bolsonaro.
Enquanto o governo federal brasileiro tenta lidar com os desafios econômicos e diplomáticos de forma soberana, e até mesmo adversários de Lula buscam preservar certo senso de responsabilidade institucional, Chrisóstomo se destaca pela ausência de freio. O deputado celebra sanções contra o Brasil, ironiza medidas de proteção nacional, apoia propostas controversas de dominação territorial estrangeira e agora exalta declarações que colocam em dúvida até mesmo a integridade do sistema de justiça brasileiro.
A evolução desse comportamento, hoje representado por mais uma manifestação pública em que o parlamentar aplaude declarações de um presidente estrangeiro que critica abertamente o Brasil, expõe uma contradição fundamental. Chrisóstomo se vende como patriota, mas age como cúmplice de uma agenda que prejudica o próprio país.
Ao que tudo indica, se Trump declarasse guerra ao Brasil em defesa de Bolsonaro, o deputado de Rondônia não só entenderia o gesto como legítimo — também seria o primeiro a bater palmas.
Comentários
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Marcelo Fernandes 09/07/2025 - 09:36Meu Deus! A que ponto, chega a insensatez e burrice de um 'pseudo coronel'. Eu fico imaginando, se o Brasil declarasse guerra contra algum país e as tropas ficassem sob o 'comando' de um militar desse! Extremamente deprimente e repugnante, a atuação do Deputado Federal. No ano que vem, Rondônia terá a chance de se livrar desse tipo de parlamentar. Mas, em geral, vota-se em quem não nos defende e depois temos que correr atrás do prejuízo e lutar por nossos direitos! Aff!!!
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INACIO AZEVEDO DA SILVA 08/07/2025 - 14:13Esse Deputado Federal, que é da turma do "Deus Pátria e Família", como toda a direita brasileira, "bate continência para a bandeira dos USA" desde sempre e ainda quer se apresentar como defensor da pátria. Somente os vinte mil e poucos "bando de malucos" que votaram nele em RO, acreditam na sua "lábia". Seria até aceitável se sua atuação parlamentar tivesse apenas essa defesa cega do USA, mas infelizmente ele está entre os que votaram pelo aumento da conta de energia para os consumidores em detrimento das grandes geradoras térmicas que já tiveram seu capital remunerado a bastante tempo; é contra a isenção de IRRF para quem ganha até 5 mil reais; votou pela não cobrança de IOF dos ricos o que sobrecarrega os pobres, é daqueles que defendem as emendas PIX sem transparência; prega o corte de custos pelo executivo mas votou favorável o aumento da quantidade de deputados federais e defender que o executivo corte gastos com saúde, educação e programas sociais. Ou seja, está mais do que claro que não tem nada de Deus, nem de Pátria, e muito menos de Família.
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Jamerson Mercosul 08/07/2025 - 11:35quem esta levando o nosso pais ao abismo e quem provocou o presidente americano com pura perseguição politica, este governo que ai esta so defende o lado errado por ultimo foi ate a Argentina visitar uma pessoa presa por corrupção e lamentavel!
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Esse deputado é uma vergonha para o Brasil e para Rondônia.
Um verdadeiro lesa pátria.
Como que pode não respeitar a soberania de seu próprio país.
Porque não se muda para os EUA?
Queria muito ver como seria tratado, já que a lei para os imigrantes, não é fácil!
Provavelmente, deve ser um "pseudo coronel", nem sabe quais os deveres de um militar com o seu país.
Espero que os eleitores em 2026 pensem antes de dar o voto esse tipo de politico.