
Publicada em 03/05/2025 às 11h35
As formatações das parcerias político-partidárias, hoje configuradas como federação e fusão, e não coligação, deverão criar um clima bem diferenciado no segmento para as eleições do próximo ano em Rondônia. É que lideranças consolidadas no Estado, que são adversários tradicionais — alguns até considerados “inimigos” políticos — terão que definir quem é quem na junção de partidos.
Situações são bem evidentes, como a parceria nacional entre o União Brasil, presidido no Estado pelo ex-chefe da Casa Civil, Júnior Gonçalves, que tem como maior liderança o governador Marcos Rocha, reeleito em 2022. Rocha trabalha a candidatura a uma das duas vagas ao Senado, hoje ocupadas por Confúcio Moura (MDB) e Marcos Rogério, que preside o PL no Estado.
Rogério é candidato a governador e dirige o partido do ex-presidente da República Jair Bolsonaro, que já se manifestou publicamente dizendo que o seu candidato a senador em Rondônia é o pecuarista Bruno Scheid, de Ji-Paraná. Por isso, a afirmativa de que Marcos Rogério é o candidato do PL à sucessão estadual no próximo ano e estaria fora da reeleição.
Hoje, duas parcerias em nível nacional mobilizam a política em Rondônia. É que os líderes políticos locais não são parceiros, e sim adversários.
O ex-prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves (PSDB), que cumpriu dois mandatos consecutivos, trabalha uma candidatura a governador. Antes mesmo de deixar o cargo, no último dia de dezembro de 2024, já estava na lista de candidatos a governador para as Eleições Gerais de 2026, quando serão eleitos presidente da República, governadores e seus vices; duas das três vagas ao Senado de cada Estado e do Distrito Federal, além da Câmara Federal e Assembleias Legislativas.
Ocorre que a fusão entre PSDB e Podemos em nível nacional complica a situação político-partidária em Porto Velho, principalmente. Hildon apoiou a ex-deputada federal Mariana Carvalho (União) na disputa da sucessão municipal na Capital com Léo Moraes, que preside o Podemos no Estado, e venceu de virada no segundo turno, em eleição considerada histórica. Inclusive, nenhum dos vereadores reeleitos e eleitos tinha parceria com Moraes no período eleitoral de 2024.
Quem ficará no comando da parceria entre PSDB e Podemos em Rondônia? Hildon, que está sem mandato, ou Léo, que tem o mandato todo pela frente? Será muito difícil Léo apoiar Hildon...
Outra situação que envolve a parceria entre partidos políticos no Estado é a do PP com o União Brasil, que estaria consolidada em nível nacional — no caso, uma federação e não fusão, como PP e Podemos.
O PP é presidido no Estado pela deputada federal Sílvia Cristina, que foi reeleita em 2022 pelo PL. A ex-deputada federal Jaqueline Cassol presidia o PP em Rondônia, mas seu irmão, o ex-governador Ivo Cassol, tomou o seu lugar e, posteriormente, Sílvia Cristina assumiu o comando do partido no Estado.
Sílvia Cristina é nome certo para o Senado em 2026. Reúne potencial eleitoral para isso. Foi reeleita em 2022 com mais de 69 mil votos e tem um amplo trabalho na área social em todo o Estado.
Como os partidos são considerados de centro-direita, desenha-se uma enorme interrogação sobre os candidatos aos cargos eletivos para o próximo ano. Na federação PP-União, temos bons nomes em condições de concorrer à sucessão estadual e às duas vagas ao Senado.
Além de Sílvia ao Senado, o grupo tem o deputado federal Fernando Máximo, que trabalha uma candidatura a governador. Numa segunda hipótese, remota, ao Senado. Foi o federal mais bem votado em Rondônia em 2022, com mais de 85 mil votos, mesmo sem nunca ter participado de eleições. Resta saber o seu futuro partidário. Pessoas próximas a ele garantem que mudará de partido na próxima janela partidária de 2026.
O projeto de Máximo é a disputa pela sucessão estadual; o Senado seria uma segunda via. Ocorre que a parceria (PP-União) já tem Sílvia e Rocha para as duas vagas ao Senado, por isso a troca de partido no futuro é tida como certa.
Até o final do ano, as parcerias (federação, fusão) certamente estarão consolidadas.
Na situação político-partidária de hoje — PP-União e PSDB-Podemos — temos como candidatos em potencial a governador, Máximo e Hildon. Já para o Senado, Sílvia Cristina e Marcos Rocha.
Federação, fusão
Federações e fusões são modelos distintos de aliança partidária. Mas, em resumo, elas servem para que as legendas somem forças e números.
Nos dois casos, o desempenho dos partidos envolvidos nessas alianças é unificado e avaliado de forma conjunta para o cálculo da cláusula de barreira — que determina, com base em uma série de regras, quais partidos terão acesso ao fundo partidário e ao tempo de rádio e de TV.