Por Redação
Publicada em 22/01/2020 às 08h45
A nova década que se adentra apresenta desafios naturais quando o assunto é o ensino da língua inglesa no Brasil. Segundo relatórios recentes referentes à Education First (EF), o nosso país ocupa apenas a 59ª colocação geral no ranking global no quesito proficiência nesse idioma universal.
Estar atrás de países menores como Peru, Honduras, Paquistão, Bolívia e tantos outros mostram que o Brasil ainda tem um grande caminho pela frente até que o inglês seja um idioma dominado por boa parte da população.
Por dentro dos números

Antes de encarar o problema, é preciso ter conhecimento sobre o mesmo. No Brasil, estima-se que apenas 1% da população brasileira é realmente fluente em inglês. De acordo com dados do Instituto de Pesquisa Data Popular, só 5% dos brasileiros têm um nível bom nesse idioma.
Ainda segundo a mesma pesquisa, que foi divulgada no ano passado, os dois grandes obstáculos para a população brasileira quanto à aprendizagem do idioma universal é a falta de tempo (72%) e o preço elevado do ensino (65%).
Na realidade profissional dos dias atuais, ter o domínio do inglês é fundamental para diversas carreiras, especialmente na medicina, computação, relações internacionais e área acadêmica.
Uma das grandes vantagens é que o inglês impacta a vida profissional de diversas maneiras. Em algumas das profissões citadas no parágrafo acima, o profissional que domina esse idioma tem até 50% de chance a mais para se sobressair em uma entrevista de emprego.
Tudo começa por uma educação básica melhor

Não é possível almejar um ensino inglês universal no Brasil enquanto ainda há uma grande parte da população que nem mesmo frequenta as escolas.
No Brasil atual, mais da metade da população adulta não conta com o ensino médio completo. Consequentemente, esse total não tem acesso a um ensino de inglês de qualidade e tampouco o domínio básico da língua.
Dos 133 milhões de brasileiros com 25 anos ou mais, 33% não terminaram nem mesmo o ensino fundamental, enquanto 12,5% não haviam concluído o ensino médio em 2018. Para completar, 6,9% não contam com qualquer tipo de instrução formal.
Dessa maneira, menos de 50% da população nacional completou a educação obrigatória, que envolve o ensino infantil, fundamental e superior.
Os dados são ainda mais impactantes com a conclusão de apenas cerca de 20% da população brasileira conta com diploma no ensino superior.
Com tantos números preocupantes referentes à educação do Brasil, será um longo processo até que as pessoas tenham um acesso pelo menos básico do inglês.
Necessidade do aumento de programas de intercâmbio no exterior

Em meio a tantos dados nada promissores sobre a educação brasileira, há alguns pontos positivos e um deles é o aumento de programas de intercâmbio no exterior — a maioria deles para países que falam inglês, como Irlanda, Inglaterra, Estados Unidos e Canadá.
No ano passado, um estudo realizado por uma empresa especializada no ensino do idioma inglês no Brasil concluiu que o número de intercâmbio entre os brasileiros cresceu em 20,4% em relação à 2018.
Com os destinos mais procurados sendo Canadá, Estados Unidos, Irlanda, Inglaterra, Austrália e Malta, a tendência é que o número de estudantes realizando intercâmbio nessas nações só aumente pelos próximos anos.
Juliana Vital, CEO da Vital Intercâmbios, deu uma entrevista ao Jornal Metro explicando sobre o perfil dos estudantes que realizam essa viagem à procura de enriquecer o currículo profissional. "Cerca de 90% de quem nos procura já está formado e conta com alguns anos de carreira. A maioria está entre 25 e 45 anos de idade", conta a CEO.
Valorização do ensino do inglês nas redes públicas

Junto com o aumento do número de intercâmbio nos próximos anos, outro passo importante para o crescimento da proficiência do idioma inglês no Brasil é a valorização do ensino nas redes públicas.
No ano passado, houve o levantamento do Anuário Brasileiro da Educação Básica que concluiu que o percentual de jovens entre 15 a 17 anos cursando o ensino médio subiu de 61% em 2012 para 68,7% em 2019.
No entanto, apenas o número de brasileiros aumentando no ensino médio não é tudo quando o assunto é ensino nas redes públicas.
Segundo Mozart Neves Ramos, que trabalha no Instituto Ayrton Senna, o país precisa se preocupar também com a qualidade do ensino e não apenas com a quantidade de cabeças na sala de aula.
“Nos anos iniciais os alunos têm no máximo dois professores por turma, quando ingressa nos finais começa a ter o vínculo diversificado com professores divididos por disciplina. O processo se torna mais complexo, há uma exigência maior da formação do professor que precisa dialogar com o chão da escola", diz o diretor.
Portanto, junto com um aumento natural do número de brasileiros nas escolas, é preciso ter uma valorização conjunta da qualidade do ensino do inglês para que os estudantes possam ter um acesso de maior condição nos ensinos fundamental e médio.
São vários desafios referentes ao crescimento da qualidade do idioma inglês no Brasil e o fato é que o cenário só vai começar a realmente mudar a partir da melhoria da educação básica no país.

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