Pressionado por acusação de misoginia, Marcos Rogério transforma ataque a Marina Silva em bandeira política

Porto Velho, RO – O senador Marcos Rogério (PL-RO) intensificou nesta terça-feira, 03, sua agenda de postagens com críticas direcionadas à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. O parlamentar publicou conteúdos em suas redes sociais nos quais retoma o episódio ocorrido na Comissão de Infraestrutura do Senado e associa o debate ambiental à situação da BR-319, via que liga Porto Velho a Manaus e cuja pavimentação é tema recorrente na região Norte.

A ofensiva digital ocorre dias após a repercussão nacional de uma audiência pública em que Rogério, ao rebater críticas da ministra, afirmou: “Me respeite, ministra. Se ponha no seu lugar”. A fala gerou reações de senadores presentes, levou o Ministério das Mulheres a emitir nota classificando o episódio como “misógino” e desencadeou um abaixo-assinado que, segundo a organização Mulheres Em Luta (MEL), já reúne mais de 80 mil assinaturas pedindo a cassação do mandato do senador.

Desde então, Marcos Rogério tem mantido o tema em evidência. Em uma postagem recente, o senador compartilhou arte com o título “Não vou recuar”, acompanhada de uma chamada do site Painel Político, que destaca: “Marcos Rogério: liderança conservadora sob pressão na disputa por 2026”. No texto da legenda, o parlamentar afirma que sua trajetória “se construiu à base de princípios sólidos, valores inegociáveis e compromisso com Rondônia” e acrescenta: “Podem tentar me descredibilizar, mas não vão parar o meu trabalho nem calar a minha voz”.

Horas depois, o senador publicou novo conteúdo, desta vez citando a BR-319. Ele criticou o que chamou de “discurso ideológico” da ministra Marina Silva e usou uma matéria do portal Metrópoles como base, cujo título é: “Vídeo: acesso provisório à BR-319 cede e amazonenses ficam isolados”. Rogério escreveu: “Enquanto a ministra Marina Silva desdenha e diz que queremos a BR-319 ‘só pra passear’, o povo amazonense fica isolado”.

A publicação retoma declarações da ministra, feitas anteriormente, em que ela questionava os objetivos da proposta de pavimentação integral da BR-319, alertando para os impactos ambientais na floresta amazônica. O senador, por sua vez, afirma que a população da região “sofre com a falta de infraestrutura” e que “é fácil fazer discurso ideológico de Brasília, difícil é enfrentar a realidade de quem depende dessa rodovia pra sobreviver”.

A movimentação de Marcos Rogério nas redes sociais tem sido contínua desde o embate na Comissão de Infraestrutura, ocorrido no último dia 27. O senador nega que tenha cometido misoginia e diz que sua fala foi direcionada à posição institucional da ministra. Segundo ele, sua postura se deu em defesa da ordem e do regimento interno da comissão. “Cumpri o meu dever como presidente da Comissão de Infraestrutura. Garantir a ordem, o tempo de fala e o respeito às regras”, declarou, em vídeo.

O Ministério das Mulheres, no entanto, sustenta que a fala teve “viés misógino” e cobrou uma retratação formal. Em nota, a pasta afirmou que Marina Silva foi “desrespeitada e agredida como mulher e como ministra por diversos parlamentares”.

Apesar da pressão, o senador reforça o tom de enfrentamento. “Querem transformar um debate legítimo em espetáculo de censura. Estão tentando calar a minha voz, mas eu não me curvo à patrulha ideológica”, afirmou durante participação na Rondônia Rural Show.