Publicada em 01/08/2025 às 15h27
Porto Velho, RO – O deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO) voltou a escalar o tom contra o Supremo Tribunal Federal (STF) ao publicar, em seu perfil oficial no Instagram, uma imagem com os ministros Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes sob a mira de um alvo vermelho. A postagem menciona a aplicação da Lei Magnitsky – legislação dos Estados Unidos voltada a sanções contra violações de direitos humanos – e afirma que os dois magistrados estão “na mira do governo dos EUA”, dias após a suposta sanção imposta ao ministro Alexandre de Moraes.
“Um já foi. Agora mais dois ministros e seus algos estão na mira do governo dos EUA, por irem contra a democracia, agirem com censura velada e perseguição política!”, escreveu o deputado na legenda da imagem. A publicação ainda exibe a frase: “Um aviso para aqueles que atropelam a Constituição e querem censurar!”
O episódio representa mais um capítulo da escalada de confrontos públicos do parlamentar com integrantes da Suprema Corte. No dia 18 de julho de 2025, durante entrevista coletiva de parlamentares da oposição no Senado Federal, Chrisóstomo já havia provocado forte constrangimento ao fazer referências elogiosas ao golpe militar de 1964 e convocar publicamente as Forças Armadas a agir em defesa da democracia.
Na ocasião, o deputado reagia às medidas cautelares impostas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, entre elas o uso de tornozeleira eletrônica, entrega do passaporte e proibição de contato com outros investigados, determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes no âmbito de inquéritos em tramitação no STF.
Durante seu pronunciamento, Chrisóstomo declarou: “Brasileiro não aceita isso, não somente nós parlamentares aqui do Congresso Nacional, mas chega!”. Ele completou: “Bolsonaro sempre nos orienta a fazer o certo. O Brasil quer paz.”
O parlamentar também se referiu a um projeto de sua autoria sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que teria sido apoiado por 383 deputados, mas suspenso por decisão judicial. “Quanta tristeza a gente lutar, fazer um relatório pensando no Brasil, nos mais pobres, e um único cidadão derruba a vontade de 383 deputados e praticamente a aclamação do Senado”, criticou.
O ponto mais polêmico, no entanto, ocorreu quando Chrisóstomo invocou o histórico militar: “E na década de 60 e 64, a imprensa agiu em favor do povo. Está na hora da imprensa brasileira agir em favor do povo brasileiro”, afirmou. Em seguida, dirigiu-se diretamente às Forças Armadas: “Porque o comunismo já está à porta. Eu só quero fazer o último pedido aqui agora para as Forças Armadas. [...] Me orgulhei das Forças Armadas em 64, embora fosse ainda menino.”
A declaração foi imediatamente contestada por jornalistas presentes. Um repórter questionou: “Deputado, o senhor falou de 64 [...] agora o senhor está invocando as Forças Armadas para ficar do lado do povo. O que o senhor quer, basicamente, com isso, fazendo referência a 64 duas vezes?”
O senador Carlos Portinho (PL-RJ), também presente, buscou contornar o desconforto: “O órgão com relação às Forças Armadas foi dito, inclusive, na minha manifestação. Há generais de alta patente presos e há um corte sucessivo no orçamento das nossas Forças Armadas”, disse, sem responder diretamente às falas de Chrisóstomo. E finalizou: “Isso é suficiente a resposta. O assunto não é esse. Vamos ao assunto e à posição das lideranças que manifestaram pelo conjunto.”
Insistido por outro jornalista sobre se a oposição estaria sugerindo algum tipo de intervenção militar, Portinho declarou: “O que a gente quer é democracia. O que a gente não tem no país hoje é uma democracia real.”



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