Publicada em 10/07/2025 às 10h30
Os argentinos costumam se reunir no feriado de independência de 9 de julho para comer locro (ensopado geralmente com carne, milho e abóbora), empanadas e pastelitos com chocolate, mas desde o ano passado, o presidente Javier Milei vinha tentando criar uma nova tradição para a data.
Em 2024, Milei convocou governadores e aliados para a assinatura do Pacto de Maio (apesar de ter ocorrido em julho), um gesto de força e apoio aos decretos do governo na Casa de Tucumán, o edifício histórico no norte do país, onde foi proclamada a independência.
No ano passado, com a exceção da oposição mais dura ao governo, os líderes provinciais chegaram a Tucumán para selar uma aliança política com a Casa Rosada, garantindo a aprovação da lei de bases e do pacote fiscal, dando governabilidade a Milei no Parlamento.
Até o ex-presidente Mauricio Macri, cuja aliança com Milei é marcada por uma disputa interna pelo comando da direita, compareceu -e em seguida descobriu que não havia um lugar para ele na parte principal da plateia.
O cenário agora é diferente. Neste ano, Milei até tentou repetir o evento, mas acabou desistindo na última hora. A explicação oficial foi que a viagem de avião até a província ainda na terça-feira (8) precisou ser cancelada por causa da neblina, mas a oposição aponta que ele temia um evento esvaziado, depois de apenas 3 de 24 governadores confirmarem presença.
"Está suspensa a viagem que o presidente da nação faria hoje com seu gabinete e outros funcionários do governo a Tucumán. O motivo da decisão está nos relatórios recebidos pela Casa Militar e pela Força Aérea Argentina, que se referem à situação climática que impede a realização dos voos relevantes", escreveu no X o porta-voz da Presidência, Manuel Adorni.
A cidade festeja a data com uma tradicional vigília, que começa ainda na madrugada. Sem Milei, a cerimônia foi liderada pelo governador, Osvaldo Jaldo.
"As condições para retornar não estavam garantidas", disse o presidente ao justificar sua ausência pelas condições climáticas, durante uma entrevista a uma rádio.
Milei garantiu que sua intenção era viajar para Tucumán e descartou que a ausência se deva ao fato de que a maioria dos governadores decidiu não comparecer à cerimônia oficial. "As especulações que eles querem fazer não importam", disse o presidente.
Ele também atacou os governadores, dizendo que eles só querem mais recursos com a intenção de quebrar o país.
"Há uma enorme perversão por parte de alguns governadores, assim como nós baixamos os impostos, eles os aumentam. Enquanto fazemos um grande esforço para reduzir os impostos e devolver o dinheiro, eles se apropriam dele."
Na última semana, os governos das províncias apresentaram no Senado dois projetos de lei para distribuir recursos do Tesouro e o imposto que incide sobre os combustíveis. O projeto poderia ser aprovado nesta quinta-feira (10).



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