Publicada em 26/02/2024 às 10h21
A primeira mulher a ocupar o cargo de Presidente da Hungria, Katalin Novak, que foi nomeada em março de 2022, anunciou a sua demissão há duas semanas, reconhecendo que foi um "erro" perdoar um cúmplice de um pedófilo.
Para substituir Katalin Novak, o partido no poder, a União Cívica Húngara (Fidesz), escolheu como candidato uma pessoa com um perfil mais discreto, o jurista Tamás Sulyok, de 67 anos, que lidera o Tribunal Constitucional desde 2016, segundo a agência de notícias EFE.
A votação dos deputados está marcada para cerca das 16:40 locais (15:40 em Lisboa), sendo o resultado esperado um pouco mais tarde, após a contagem dos votos. O Fidesz (partido do primeiro-ministro ultranacionalista Viktor Orbán) detém uma maioria de dois terços no parlamento húngaro.
Orbán, confrontado com esta crise política, classificada como a mais grave desde 2010, chegou a afirmar que este caso era um "pesadelo".
A oposição denunciou que o candidato escolhido pelo partido do Governo não tem dimensão política e vários milhares de pessoas manifestaram-se em Budapeste, no domingo, para exigir que o chefe de Estado do país seja eleito por sufrágio universal direto.
Orbán espera pôr fim ao escândalo que, em meados de fevereiro, levou dezenas de milhares de pessoas às ruas, uma mobilização que a Hungria não testemunhava há pelo menos dez anos.
"A unidade nacional foi abalada por esta decisão" de indulto, sublinhou Orbán em declarações na rádio, na semana passada, afirmando que só a demissão de Novak e a tomada de posse de um novo Presidente poderiam "restaurar a unidade".
O primeiro-ministro húngaro prometeu também reforçar a legislação sobre a proteção das crianças, exigindo nomeadamente "testes que analisem o estilo de vida, os desvios sexuais e a aptidão psicológica" de quem trabalha com menores.
Katalin Novak, também antiga ministra da Família e uma aliada de Orbán, reconheceu que "cometeu um erro" ao perdoar um diretor-adjunto de um lar de crianças que terá encoberto casos de pedofilia cometidos durante anos.
A ministra da Justiça, Judit Varga, que assinou o indulto e era cabeça de lista às eleições europeias de 09 de junho, também resignou ao cargo, sendo substituída na lista eleitoral por Tamás Deutsch, eurodeputado e um dos fundadores do Fidesz.
O controverso indulto, concedido em abril de 2023, por ocasião da visita do Papa Francisco a Budapeste, foi revelado pelos meios de comunicação.
O cargo presidencial na Hungria tem sobretudo características representativas, mas inclui a assinatura de indultos para prisioneiros, sob proposta do Governo.