Publicada em 09/12/2025 às 15h43
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (9) que, em seu último telefonema com Donald Trump, teria pedido apoio do americano para prender "o maior devedor do país" que hoje reside em Miami, em uma possível referência ao empresário Ricardo Magro.
O advogado é dono da Refit, ex-refinaria de Manguinhos, alvo de uma das maiores operações de combate à sonegação já realizadas contra uma única empresa no setor, mora nos Estados Unidos, acusado de sonegar impostos no Brasil.
"Eu liguei para o presidente Trump dizendo para ele, se ele quiser enfrentar o crime organizado, nós estamos à disposição. E mandei para ele no mesmo dia a proposta do que nós queremos fazer. Disse para ele, inclusive, que um grande chefe, que é o maior devedor deste país, que é portador de combustível fóssil. Então, se quiser ajudar, vamos ajudar prendendo logo esse, porque a Receita Federal pegou cinco navios dele aqui", disse Lula.
As declarações foram feitas durante discurso em evento de regulamentação de novas regras da CNH, em mais um ato do governo mirando classes mais baixas.
Logo após a mega Operação Carbono Oculto, que em 28 de agosto intensificou o combate ao crime organizado no setor de combustível, Magro declarou em entrevista à Folha de S.Paulo que não é sonegador, apenas discute divergência com o Fisco. "Os valores dos nossos débitos não são esses que falam. Eu não tenho auto de infração. Não deixo de emitir nota. Não tomo crédito indevido. Nossa operação é transparente", disse.
Ao mesmo tempo, a votação do projeto do devedor contumaz, para punir quem descumpre reiteradamente com o pagamento de tributações, pode ocorrer ainda nesta terça-feira (9) na Câmara dos Deputados, segundo informou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Haddad afirmou que os devedores contumazes se instalam sobretudo em setores estratégicos, como de fumo, combustível e bebidas, que foram alvo de operações da Receita Federal em conjunto com outros órgãos de segurança pública.
Na noite de segunda (8), o ministro já havia sinalizado a possibilidade de o projeto sobre devedor contumaz ser votado hoje, após reunião com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
"Foi mais um encontro de trabalho, para saber como chegar às definições de final de ano para fechar o Orçamento. O Orçamento, a previsão está para votar semana que vem, mas previamente nós precisamos votar algumas outras coisas para fechar a peça orçamentária do ponto de vista de despesa e receita", disse Haddad.
A Carbono Oculto, deflagrada em agosto deste ano, foi a maior operação de combate ao crime organizado da história, com o envolvimento de 1.400 agentes. A operação teve como alvo empresas no setor de combustíveis e do mercado financeiro que tinham envolvimento com o PCC (Primeiro Comando da Capital).
No discurso, Lula passou outras mensagens ao Congresso, em um momento de instabilidade na relação com o Legislativo. Pediu a aprovação da PEC da Segurança aos parlamentares presentes e citou o trabalho de deputados e senadores para a entrega desta terça.
"O povo não tem emenda parlamentar", disse,. "Mas graças à competência, graças ao trabalho da Casa Civil e graças ao trabalho de todos vocês que contribuíram, vocês que são deputados e senadores, precisam tirar proveito disso para vocês. Se não fosse vocês, no fundo a gente não estaria entregando", afirmou.
O presidente já havia citado de maneira indireta o empresário, durante entrevista à TV Verdes Mares. Na ocasião, ele disse: "Temos o maior traficante de combustível do Brasil que mora em Miami. Eu fiz questão de dizer: 'presidente Trump, vamos combater o narcotráfico? Vamos começar pegando os brasileiros que estão aí".



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